Capítulo 10

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Jhenifer 🌸

Encarei a dona Joana sem entender. Senti minhas mãos geladas e um arrepio tomou conta do meu corpo inteiro. Estava gelada, paralisada.

Eu sempre soube que era bem parecida com minha mãe, porque meu pai sempre falava isso. Os olhos, boca, nariz.

Mas como assim? Como essa senhora sabia disso?

Todos ficaram encarando nós duas e engoli o seco quando ela se aproximou mais.

Jhe: A se-senhora conheceu... a minha mãe? - perguntei confusa.

Ela deu um sorriso pequeno e aquilo me fez relaxar um pouco.

Joana: Não só conheço, como fui muito amiga dela, era como uma irmã para mim. E você é igualzinha a ela, até a fala. - sorriu. - Como ela está? Faz anos que não tenho notícias da Flora, desde que fugiu com o Augusto.

Jhe: Minha... minha mãe faleceu a vinte quatro anos atrás. - ela engoliu o seco. - No meu parto. Teve algumas complicações e ela não resistiu.

Joana: Eu sinto muito, minha menina. - esticou os braços e me abraçou. - Sinto muito não ter conhecido sua mãe. Ela era uma mulher maravilhosa, bondosa com todos e muito iluminada. Uma pena que a convivência com seu pai, tenha apagado o brilho dela. - me separei dela e a encarei.

Jhe: Meu pai? - perguntei sem entender. - Por que a senhora está falando isso dele? Ele era um homem maravilhoso, me criou sozinho e fez isso muito bem.

Joana: Não, não é do Augusto que eu estou falando... espera, eles não te contaram? - franziu o cenho.

Jhe: Contaram o que? - perguntei mais confusa ainda.

Joana: Não sei se tenho o direito de contar, eles que deveriam dizer tudo a você.

Jhe: Minha mãe morreu no meu parto e meu pai faleceu a pouco tempo. - sorri fraco já sentindo as lágrimas caírem. - Não tenho mais ninguém e meu pai não me deixou carta, nem nada. Se a senhora não me contar, nunca saberei a verdade.

Joana: Tem razão. - pegou na minha mão e me levou até o sofá. Se sentou e me sentei ao seu lado. - Flora e eu éramos muito amigas mesmo, nós estudamos juntas. Sempre fomos vizinhas e nossa relação era ótima. Quando engravidei do Jonathan, estava no último ano da escola e sua mãe me ajudou muito, foi por conta dela que me formei e por esse motivo e outros, que ela se tornou madrinha do meu filho. - disse sorrindo.

Ela parecia estar em outro mundo, lembrando de tudo que viveu no passado.

Joana: Anos depois, ela conheceu um homem e se casou tempo depois e descobriu uma gravidez. Um menino. - sorriu. - No começo era tudo as mil maravilhas, tudo flores, eles estavam realmente apaixonados. O homem gostou da idéia de ser pai, mas depois que ele nasceu, tudo mudou.. para pior. - engoli o seco. - Nos primeiros meses foi tudo leve, só depois que começou a piorar... - fez uma pausa como se estivesse lembrando de todos os detalhes.

Percebi um olhar diferente do PH para mim e o encarei. Ele não desviou o olhar do meu em nenhum instante. Parace que ele entendeu algo das história, que eu ainda não havia entendido.

Jhe: Dona Joana, quero saber de tudo. - falei convicta.

Joana: Certo. - respirou fundo. - Ele começou a usar drogas. - PH se levantou do sofá que estava sentado e ficou de costas para mim. - Drogas das mais pesadas. Sua mãe implorava para ele parar, mas ele nunca deu ouvidos. Começou a ficar agressivo, mas nunca descontou nela, até quando o menino completou quatro anos... sua mãe sofreu muito na mão desse homem e por muitas vezes pensou em tirar a própria vida. Era tão triste ver minha amiga daquele jeito. Uma mulher tão boa, tão linna, generosa, passar por tudo isso. - suspirou. - Sua mãe foi a melhor pessoa e única que esteve ao meu lado, me arrependo por não ter feito nada para impedir que seu pai parasse de maltratar ela e seu irmão.

Meu pai...

Esse homem que ela descreveu não era meu pai.

Joana: Flora se manteu forte por conta do seu irmão e por conta de você. Assim que ela descobriu que estava grávida de você, foi o pico maior de intolerância que ela atingiu sobre seu pai. Ela não aguentou, não suportou mais e estava decidida a acabar com aquilo tudo. Mas quando seu pai soube, deixou ela acamada no hospital e ela quase perdeu você de tão bruto e abusivo que ele foi. - engoli o seco. Que homem nojento. - Eu tinha tanto nojo dele que estava disposta a fazer de tudo para ajudar sua mãe. E foi aí que conhecemos o Augusto. Eles viraram muito amigos, claro que era escondido do marido. Se ele descobrisse... enfim, o Augusto, com muito custo ajudou sua mãe a fugir, que prometeu um dia voltar... Seu pai quando soube que ela tinha ido embora, ficou muito atordoado, quase matou seu irmão de tanta surra. - escutei o PH fungar, foi aí que olhei ao meu redor.

Foi aí que parei para olhar todos que estavam ao meu redor. Nanda estava com lágrimas nos olhos e a Gi e o Ptk me encaravam. Touro olhava para o chão e o PH continuava de costas para mim, mas percebi que estava chorando.

Joana: Sorte que eu era vizinha. - continuou e voltei meu olhar para ela. - Tirei seu irmão de lá a tempo. Semanas depois seu pai morreu de overdose severa. E como sua mãe havia dado seu irmão para ser madrinha dele e ela não tinha voltado para buscar, criei o mesmo como se fosse meu filho, como ela pediu assim que foi embora.

Nanda: Não acredito... - sussurrou e sorriu.

Touro me encarou e olhou para o PH, que agora se virou para me encarar.

Giovana e Patrick estavam sem reação, assim como eu.

Encarei de volta o PH e fiz uma última pergunta a dona Joana.

Jhe: Qual... qual é o nome do meu irmão?

Joana: A Flora sempre sonhou em ter um casal de filhos, para colocar neles o nome de sua mãe, Maria Jhenifer, e do seu irmão que morreu em um acidente. - sorriu lembrando. - Pedro Henrique e ele está na sua frente.

Fiquei sem reação.

Minha vida deu um giro de 180° em 20 minutos. Não estava entendendo muita coisa, mas.. o PH era meu irmão? Ele se aproximou de mim e me levantei do sofá.

Jhe: Não acredito. - disse baixo abraçando ele.

Ptk: Caralho, que foda! - sorriu.

Gio: Isso.. foi lindo! - enxugou as lágrimas.

Nanda: Até eu tô chorando. - ri saindo do abraço.

Touro: Podemos comer agora? - o encarei.

Ele estava com uma cara de "sem paciência para choro."

Gio: Nossa, que insensível.

Joana: Sim, vamos comer!

Nos sentamos nas cadeiras da mesa e começamos a comer, conversando sobre bastante coisa.

Ainda nem acredito que tenho um irmão. Meu Deus! Claro que sempre quis alguém para compartilhar as coisas que aconteciam comigo. Meu pai nunca se casou e sempre pedia a ele um irmão ou uma irmã, para mão me sentir tão sozinha já que não tinha muitos amigos.

Mas nunca imaginei que tinha um irmão e muito menos encontrá-lo assim. Será uma boa história para contar aos meus futuros filhos e sobrinhos.

Eu estava feliz por isso e algo me dizia, que finalmente tinha encontrado um lar.

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Ela é a PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora