Capítulo 15

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Levantei assim que os raios do sol começaram a entrar pela janela do quarto – já que acordar implicaria ter dormindo, coisa que não consegui fazer ontem com os pensamentos a mil – fiz minha higiene matinal e desci escutando vozes na cozinha. Assim que entrei fui saudada por bom dia dos meus pais e da Liz, que fez questão de desce da cadeira para me dar um abraço e depois voltar. Respondi eles e me sentei pegando pouca coisa, não estava com fome, já que estava nervosa com o que iria falar. Passei a noite inteira pensando sobre isso e eles teriam que aceitar, embora eu estivesse um tanto apavorada com minha decisão.

Deixei-os ficarem bem confortáveis, respondendo a todas as perguntas e fazendo o possível para estar na conversa tentando acima de tudo parecer calma mesmo com minhas mãos suando e tremendo.

É o melhor para todos, Madu.

Repeti para mim mais uma vez antes de chamar a atenção dos dois, que logo olharam para mim com sorrisos nos rostos – que logo, logo não estariam mais ali. Engoli em seco e comecei a falar:

— Eu quero morar sozinha — mal fechei a boca e o coroa começou a negar.

— Nem fudendo Eduarda — disse sério e cruzou os braços, mostrando o descontentamento que sentia.

— Têla vai embora? — Liz perguntou toda tristinha, quase me fazendo mudar de ideia.

Fiquei esperando Melinda falar alguma coisa, mas ela apenas ficou me encarando com o semblante neutro.

— Por que não? Se o João pode morar com a outra lá sozinhos, por que não posso fazer o mesmo? — me levantei indo para trás da cadeira e colocando a mão na cintura, tentando sutilmente secar as mãos ao mesmo tempo em que tentava conter a tremedeira.

— Tu sabe que são situações diferentes — pontuou e eu afirmei.

— São mesmo, diferente dele não foi levar ninguém para morar comigo — engoli em seco buscando soar firme, entretanto, ele semicerrou os olhos para mim.

— Eu disse não. Tu não tem nem trabalho, Eduarda. Vem de caô por meu lado não — falou e voltou a comer.

Fechei meus olhos com força, respirando fundo e dizendo a mim mesma que iria conseguir ganhar essa.

— Mas pai, já tô com quase vinte anos. Não posso viver com vocês para sempre e vai ser fácil arrumar um trabalho, aqui na comunidade ninguém ia me negar e tem a empresa da mãe...

— Lá você não entra nem como faxineira — Melinda usou o melhor momento para me interferir e quando fiz careta ela continuou. — Qualé Madu? Você não tem nenhum curso de administração ou arquitetura e muito menos teria coragem para ser faxineira.

Cruzei os braços, sentindo uma raiva crescendo dentro de mim.

— Mas ainda sobra o morro de qualquer forma — senhor Steve negou com a cabeça.

— Vai sonhando — debochou e fiz cara feia, dizendo a mim mesma que surtar agora só ia piorar a situação.

— Ala, vou meter o pé pra casa. Mal cheguei e já tão brigando — escutei a voz do tio WL e abri um sorriso, me virando para trás. — Puta que pariu, Maria. Tava com uma saudade do caralho! — exclamou me dando um abraço apertado.

— Aí tio! Assim você me quebra — falei me afastando dele, que riu e olhou para cara feia do meu pai. — Que bicho o mordeu? — apontou com o queixo e minha mãe riu enquanto fazia um pão para a Liz.

— Um bicho chamado Eduarda — olhei serinho pra ela. Melinda tá muito calma pra uma pessoa que eu jurava que ia surtar.

Wallace olhou para mim e arqueou uma sobrancelha.

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