Epílogo

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— Garoto chato do caralho!

Não demorou muito para um chorinho fino e desgostoso chegar até meus ouvidos.

— GUILHERME! — Gritei da cozinha o repreendo.

— Não fode, Maria. Moleque tá um porre!

— Tá igualzinho a tu, então.

Sequei a mão no pano e fui até a sala vendo meu loirinho com os olhinhos de cor preta cheios de lágrimas. Assim que me viu estendeu os braços e começou a me chamar com as mãozinhas.

Ao lado dele havia vários brinquedos espalhados e o Tatá com uma pasta de papéis e o notebook no colo.

Arquei a sobrancelha e peguei o Júnior nos braços.

— Você está tentando trabalhar com ele ao lado? — Cheirei os cabelos do meu menino e depois deixei um beijo em sua bochecha gorda.

— Tu tava ocupada, Loirinha, e eu tô cheio de trabalho também por tua culpa.

Ri baixinho.

Depois que virei sócia da Jéssica e os negócios começaram a ir bem, tive a brilhante ideia de abrir uma filial no shopping do asfalto – para comer o dinheiro das patricinhas que tem de monte – aproveitei meu lindo marido contador para cuidar do nosso dinheiro, principalmente para a gente saber onde aumentar no salão do shopping e onde diminuir no da comunidade.

— Você anda muito estressado, Tatá.
Cheguei perto e depositei um beijo em seus lábios, ganhando um tapa forte na bunda.

— Não te como a quase um mês, loira.

Sussurro no meu ouvido.
Ele mal fechou a boca antes de ouvirmos outro tapa ser dado. Dessa vez um mais fraco.

— Não podi, não! Mamãe!

Junior balbuciou sério, balançando a cabeça e olhando para o pai com um bico fofo.

Guilherme olhou para ele surpreso, não acreditando na audácia do menino de apenas um ano e meio. Depois desviou o olhar para o braço meio avermelhado antes de voltar para o filho e soltar um riso nasalado.

— Não sei se brigo com você ou se rio, Júnior.

— Que bonitinho meu Deus! Defendendo a mamãe. Eu nunca amei tanto alguém — falei com a voz afetada enchendo o pescoço e o corpinho do meu bebê de cheiros, escutando sua risada gostosa.

Até que ele foi arrancado dos meus braços.

— Tô te criando certo, leke!

Jogou ele para o alto, fazendo-o gargalhar. Meu celular começou a tocar e o procurei pela sala. Assim que o peguei e vi o nome do meu pai na tela arregalei os olhos.

— Puta merda, Tatá! A gente esqueceu legal que o Júnior vai ficar na casa dos meus coroas.

— Eu não tô acreditando que ia perder a chance de ter a noite só pa nois dois.

Fez uma careta e ri baixinho, atendendo meu pai e colocando no viva voz.

— Cadê meu neto, porrinha?

Revirei os olhos.

— Eu tô bem pai, obrigada por perguntar.

Não enrola, Eduarda! Meu neto devia estar aqui faz mais de meia hora!

— Ele acabou dormindo, papai lindo, só estava esperando ele acordar!

Bem nessa hora, Júnior decidiu abrir a boquinha linda que ele puxou do pai.

— Vovô, vovô! — gritava enquanto batia palmas olhando para mim e escutei a risada baixa do Tatá.

35 anos no cu e não tem vergonha na cara. Eu quero ele aqui pra ontem!

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