Capítulo 13: Parte 2

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Minutos se passaram e a chuva de tiros só aumentava a cada segundos, tentava com todas as minhas forças ficar calma e normalizar minha respiração, que hora ou outra sempre ofegava demais. De repente houve um minuto de puro silêncio ao redor do barraco, como se algo estivesse errado e senti um arrepio passar por minha coluna, me deixando apreensiva. Prendi a respiração e agucei minha audição tentando pelo menos ouvir o que estava acontecendo. 

Contei trinta segundos até que gritos e logo depois sons de tiros perto demais chegassem até meus ouvidos, me fazendo soltar um grito alto e me deixar em posição fetal. Durou o que pareceu ser quinze minutos, e meu coração pulou várias batidas quando começaram a bater na porta, tentando arrombá-la.

— Vai porra! Vão mandar reforços pra cá, caralho! — as lágrimas que estavam presas começaram a descer pelo meu rosto, mas invés de medo, eram de puro alivio quando escutei a voz do Oliver. 

Sai debaixo da mesa em um pulo e tropecei os meus próprios pés enquanto corria em direção a porta.

— OLI! ME TIRA DAQUI! — gritei enquanto tentava girar a maçaneta, com o coração a mil e um sorriso que tendia a aumentar.

Eu vou conseguir sair daqui!

— Vou te tirar daqui, Praguinha. Agora se afasta da porta — afastei na mesma hora e avisei. 

Depois de três batidas fortes, que pareciam seguir o compasso das batidas do meu coração, a porta se abriu em um bate e um Oliver cheio de sangue segurando um fuzil apareceu diante dos meus olhos. Corri até ele e o abracei com força sentindo um peso sair das minhas costas e entrando em um choro compulsivo. Oliver me abraçou de volta, tão forte que minhas costelas doeram.

— Shi, shi! Eu tô aqui, vai ficar tudo bem, mas nois tem que ir — balancei a cabeça assentindo e me soltei dele a contra gosto, sentido meu peito se apertar por sair dos braços seguros. — Fica atrás de mim e não sai — fiz que sim com a cabeça. — Vocês fazem a segurança das costas.

Ele não esperou resposta e começou a andar com o fuzil na mão pronto para atirar. Oliver conseguia ser tão grande que me cobria inteira e todas as vezes que tiros eram dados perto da gente, minha mente só pensava que um deles poderia pegar no Oli. 

Atrás nós os outros soldados atiraram em qualquer um que tentasse chegar perto, podia ver que um estava com a cintura amarrada com a camisa, que estava encharcada de sangue. Fechei os olhos com força dizendo a mim mesma que tudo ficaria bem. Avançamos mais. Eu corria o máximo que podia tentando acompanhar os passos dos demais, porém já sentia minhas pernas doendo e minha respiração superficial, entretanto não importava o quando elas doessem não ia atrasar ninguém. Passei a mão pelo pescoço e limpei o suor dali enquanto entrávamos em uma viela.

 Mal colocamos os pés e me choquei com as costas do Oliver, quando ele parou na entrada. Fiquei na ponta dos pés e tentei olhar por cima do seu ombro, conseguindo ver Medo e mais dez soldados na saída. Voltei ao lugar e me apoiei na parede, não tendo certeza se minhas pernas conseguiriam ficar em pé sozinhas. O primeiro tiro foi dado por um dos nossos que logo foi devolvido pelo outro lado, pegando em cheio na lateral da barriga do meu irmão. Então tudo começou a se passar em câmera lenta, com a mão livre ele me empurrou para a parede com força, fazendo meu ombro bater de forma dolorosa na parede. Meus olhos que até então estavam grudados no ferimento que cada vez mais saia sangue desviaram-se quando o som do tiro dado pelo fuzil do loiro se misturou aos sons que nos rodeavam. 

Olhei para a brecha entre o braço do Oliver e a parede e presenciei com meus olhos a bala acertar em cheio as costas do Medo que antes corria agora caia de joelhos com o peso do impacto. Vi sua cabeça se virar na nossa direção, seus olhos procurarem os meus e quando os encontraram as palavras "me desculpas" saíram mais uma vez de sua boca e vi o momento exato em que a vida deixou os olhos dele, seu corpo caindo para frente quando mais tiros forma desferidos. Fiquei o fitando sem conseguir acreditar naquilo até que o Oliver se jogou contra a parede, gemendo de dor e me tirando da bolha em que havia criado. Pisquei várias vezes seguidas, tentando tirar a última imagem do Medo de minha mente e me concentrar no meu irmão baleado na minha frente.

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