Maria Eduarda – Madu
Quinze dias depois
Não sei ao certo quanto tempo estou aqui – não presto atenção no por do sol –, afinal nem dormindo estou. Simplesmente meu corpo fica cansado demais e meu cérebro decide desligar, esses são os momentos em que paro de olhar para a maldita porta e a escuridão de engole de vez. Embora não sinta vontade de sair da cama, pelo menos faço um esforço para usar o banheiro, não que isso seja com muita frequência, uma vez ao dia e só. Talvez seja também pelo fato de mal enxerir água ou qualquer líquido.Medo sempre vem aqui e uma das vezes é porque insiste em forçar alimentos pastosos passar por minha garganta. Ele decidiu fazer isso depois de três dias ou algo parecido e quando falo que ele empurrou a comida por minha garganta, realmente fez. Até forçar minha mandíbula para manter a boca aberta, ousou. O que claramente resultou em meus lábios cortados e minha garganta dolorida, e mais tarde o chão enfrente a cama sujo e fedido a vomito. Jurei que ele não iria mais insistir, principalmente depois do semblante furioso que vi em seu rosto enquanto tentava fazer a comida descer. Porém para minha infelicidade ele voltou com mais comida depois de um tempo, desta vez com tudo batido no liquidificador e foi puta paciente tentando me fazer comer. Não sei o que ele colocou ou tirou, mas ficou em meu estômago, até Medo vir com mais comida e eu despejar as duas refeições no chão. Depois disso ele decidiu apenas trazer uma refeição com uma grande distância de tempo junto a um copo de água. As outras visitas que faz eu sei que é para apenas ter certeza que ainda estava viva. Não que eu não tivesse pensado no assunto, pois tinha e de uma intensidade quem nem consegui entender, mas não havia nada no barraco que fosse possível de tirar minha vida. Nada de facas, garfos, gilete, prato, espelho... enfim, nada que pudesse ser cortante o bastante para perfurar minha pele. Me fazendo apenas ficar encarando a madeira a minha frente, porque, ironicamente, até o fudido do Leandro não me atormentava mais, era só eu e o vazio.
A porta se abriu e senti minhas sobrancelhas se juntarem em desgosto quanto a mesma não foi aberta por completo, para poder ver a rua e o barraco rosa da frente. Pelo contrário, dessa vez ela vai aberta o bastante para apenas uma pessoa passar de lado.
Senti o pânico aos poucos crescer dentro de mim quando vi um homem alto, moreno e forte passar pela porta a fechando depois. Cada poro da minha pela sentiu a maldade em sua postura. Ele olhou para meu corpo de forma maliciosa e abriu aquele sorriso fazendo minha garganta se fechar e o pânico se espalhar por meu corpo. Queria gritar e correr para longe dele, porque sabia exatamente que tipo de sorriso e olhar era aquele, mas meu corpo não me obedecia e ainda tinha aquela parte em minha mente que me queria entorpecida, vazia.
— Tu é gostosa pá porra, mas tá fedendo pá caralho loira — começou a andar na minha direção e parou a minha frente.
Já conseguia sentir meu coração batendo em meus ouvidos e senti meu corpo inteiro tremer – não que realmente tivesse acontecido – quando uma mão segurou meu queixo e a outra apertou meu seio. Minha respiração começou a falhar e quanto mais eu tentava gritar para ele ficar longe de mim, o medo me sufocava junto com o vazio.
— Mas tô pouco me fudendo pra isso, quero é minha rola na tua buceta, novinha. Aposto que é apertada pá porra — sussurrou no meu ouvido e mordeu a pele do meu pescoço.
Tentei levantar as mãos, juro que terei forçar meus braços para cima e socar o desgraçado, mas nada acontecia, mesmo implorando para que elas se levantasse e tirassem ele de perto de mim, nada acontecia. Exatamente nada.
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Mais Uma Chance?[M]✔️
Genç KurguSpin off de "De Patricinha a Patroa". Sua vida estava arruinada. Viver e morrer andavam em uma linha tão tênue que bastava apenas um pequeno deslise para que tudo viesse a ruir, para que aqueles pequenos pedaços restantes do castelo enfim desabassem...