Capitulo 7

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Ao decorrer da semana eu não sentia vontade de fazer nada, minha velha rotina tinha voltado e praticamente não saia do quarto ou do Netflix. A vontade de ir para praça havia acabado, assim como a graça e o começo do sentimento de conforto com a presença e as conversas do Rabiola e o GM. Estava morrendo de medo de tudo o que aconteceu com o Leandro voltasse, então para a minha própria segurança passava o dia dentro do quarto assistindo e a noite participava de aulas online com a professora do curso. De alguma forma, que não quero saber como, meu pai conseguiu com que isso acontecesse.

Os pesadelos com o Leandro estavam acontecendo com mais frequência, o que me deixava abatida e consequente minha mãe. Não aguentava mais ver aquele semblante de preocupação e medo, como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

Ignoro o Rabiola e o GM todas as vezes que tenho chance, como quando eles entram na minha casa para deixar algo, dar uma informação ou até mesmo quando minha mãe pede ajuda a eles. No começo ambos acharam estranho minha reação, mas depois ligaram o foda-se e não olham mais para minha cara. Se fosse possível fingiram que não existo, mas aí ficaria difícil já que o trabalho deles é justamente "manter a minha existência".

Hoje deveria ser um dos dias mais felizes da minha vida, mas por causa do filho da puta do Medo, ninguém vai se reunir ou o tio Nick vai dá as caras. Tia Débora tanto fez que conseguiu convencer todos para pelo menos fazer um mini churrasco com apenas nos que estamos em casa. Mas quem disse que tenho animação pra isso? Já fui falando que não queria nada e se fizessem eu não ia. Melinda perdeu a pouca animação que tinha, mas no fim deu a palavra final que não ia ter mais nada e todo mundo concordou.

Fui tirada dos meus devaneios com minha barriga roncando e dei pausa na série. Saí do quarto para ir atrás de alguma coisa para me alimentar, mas parei no meio do corredor quando escutei vozes e um chorinho abafado. Cheguei perto do quarto da minha mãe e por a porta estar entre aberta pude ver que o choro era da própria e as vozes era dela e da tia Kety.

-Eu não sei mais o que fazer, Ketelen! Não aguento mais ver ela daquele jeito. Minha menina não é assim. Não sabe o quanto dói quando eu penso em como ela era e por causa daquele filho da puta ela se fechar dessa forma.- fungou e tentou secar as lágrimas, porém mais uma corrente desceu molhando todo o seu rosto novamente.- Eu jurava que dessa vez ia, Kety. Madu estava se abrindo para as coisas novamente,  mesmo que fosse devagar. Quando nesses últimos dois anos Eduarda saiu para ir a praça de boa vontade? Foi no mercado sem antes arrumar um escândalo? Ir ao um baile e realmente se divertir? Pelo amor de Deus, Maria Eduarda só dirigia a palavra para alguém da família, até para o DG era poucas palavras e nas últimas semanas ela estava jogando baralho com os soldados, Ketelen! Eu não consigo entender o que aconteceu!- ao terminar de falar soluços altos começaram a sair de sua garganta e ela se jogou nos braços da tia, enquanto tentava abafar o choro.

Senti lágrimas descendo por minhas bochechas e um nó se transforma na minha garganta. Saí dali a passos silenciosos, mesmo que dentro de mim meu coração quebrasse em vários pedacinhos. Entrei em meu quarto a passos rápido e me jogando na cama abafando meus soluços no travesseiro.

Porra Maria Eduarda, tu só faz merda caralho! Já não bastava ser a merda de uma garotinha cheia de traumas, tinha que deixar sua mãe naquela situação?

Só de pensar que tinha mãe vivia sorrindo para todos os lados e agora por minha culpa, está toda chocha, fazia meu coração doer ainda mais.

Chorei até conseguir me sentir um melhor; até um terço do peso em minhas costas saírem e meu coração se acalmar um pouco. Andei até o banheiro e lavei o rosto, esperando um pouco para o vermelhidão e o inchado do meu rosto suavizar. Suspirei baixinho olhando para o espelho e disse para mim mesma que faria isso por minha mãe.

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