Capítulo 20: parte 2

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Pensar em calmaria dentro da minha família era quase impossível. Quando falei para o meu ratinho que queria ir para a praia – e quase morrer com o olhar que ele me lançou, pensando que eu queria fazer merda – não estava me referindo a todos decidindo que seria ótimo fazer um piquenique na praia.

Os únicos que não estavam aqui era meu irmão com a Noh e os bebês, e JP com aquela ruiva lá. Porém, eu os entendia, minha família estava com medo de uma possível recaída minha e queria estar presentes para não deixar isso acontecer. Mas na verdade mesmo? Nunca me senti tão leve na minha vida. Claro que ainda sentia meus medos recorrentes, mas parecia tudo, tão, menos pesado, só me sentia mal pela guria que acabei acertando.

Abri os olhos quando escutei os pivetes passando por mim e jogando um pouco de área enquanto corriam para a água. Dudu, parecia um pinguim tentando acompanhar os primos com as perninhas que mal o seguravam em pé. Sorri com a cena e voltei a fechar meus olhos, sentindo o sol esquentar meu rosto e o vento massageá-lo com a brisa fria.

Como eu amo a praia.

Fiquei ali, curtindo um pouco meu momento de paz, escutando minha família falando alto no fundo, enquanto ainda podia.

Não sei nem o que meu pai e tios estão fazendo aqui. Asfalto está muito quente para qualquer um.

Interrompo meus devaneios quando senti um corpo se sentando atrás me mim, passando os braços ao meu redor e me deixando rígida, até perceber quem era.

— Tua mãe tá chamando pra comer alguma coisa.

Falou pertinho do meu ouvido e me encostei mais nele, aproveitando a sensação de proteção que sentia em seus braços.

— Já, já eu vou.

Respondi o apertando mais ao meu redor e ficamos ali, sentados na areia, apenas aproveitando a companhia um do outro.

— Aê, Loirinha, é impressão minha ou teu pai tá me olhando com outros olhos desde cedo?

Ri pelo nariz, ainda sem abrir os olhos, me perguntando quando ele iria tocar no assunto. É claro que eu havia percebido.

— Tu cuidou de um dos bens mais precisos dele. Ganhou o respeito do Demo, Geme, parabéns!

Tatá mordeu meu ombro com força me repreendendo.

— Não me chama assim, fia e teu pai é mó lombrado, eu tava fazendo meu serviço de qualquer forma, né não?
Neguei, me virando de frente para ele e passando as pernas por cima das suas.

— O nível de desconfiança do meu pai é altíssimo, Tatá, culpa de tudo o que ele já viveu. Então mesmo você sendo pago para fazer minha proteção, ele não confia em você 100%. No momento em que falou que cuidaria de mim e não sairia de perto e cumpriu isso – pode ter certeza que meu pai colocou uns mil vigia ao teu redor – mesmo quando tinha a chance de fazer o contrário, conseguiu o respeito, assim como um nível maior de confiança. Steve só aguenta aos brincadeira do tio WL porque ele se mostrou de confiança depois de proteger minha mãe e meus irmãos – JP ainda na barriga – quando ele era apenas um soldado, a amizade dos dois foi construída aos poucos. Mesmo não parecendo é mais fácil ganhar meu pai por mim, meus irmãos e Melinda do que qualquer outra coisa — deixei um beijo delicado em seus lábios enquanto ele processava minhas palavras. — Você finalmente consegui entrar na família, mas ele ainda te come vivo se tu vacilar.

— Tua família é muito complicada, anã de jardim.

— Tu não faz ideia, ratinho — deixei um selinho demorado em seus lábios sob os chamados de dona Melinda.

— Vem logo comer, Madu! O médico só deu passe livre se não se esforçasse e comesse direito!

Segurei a vontade de revirar os olhos, dizendo a mim mesma que era para meu bem.

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