Capítulo 3: Parte 5

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Guilherme

-Aí, tu sabe o porque dela ir na psicóloga?- investiguei enquanto olhava para ela. Rabiola tomou um gole da cerveja antes de me responder.

-Na moral mesmo?- assenti sem tirar os olhos da loirinha que parecia perdida.- Ninguém sabe o porquê realmente, só os de fé, parceiro dos de cima que sabe.  Mas a garota ficou uma semana fora do morro e o boato que saiu foi que ela estava na casa de um parente, depois de uma semana a garota entrou no postinho toda acabada e irreconhecível. Nois até tirou umas hipóteses, tá ligado? E a mais aceitável foi que inimigo pegou ela. Mas quem sabe mais sobre isso é teu tio, truta.- dei um último gole na cerveja e ajeitei o boné na cabeça.

-Meu tio que abrir o bico não, parceiro.- ele arqueou a sobrancelha.

-Ih, qual foi? Tá de olho na loirinha?- achei foi graça e ri pelo nariz.

-Vai dizer que tu nunca ficou?- ele deu um sorriso maroto.

-Quem não? Os vagabundo tudo lá da quebrada é de olho nela, GM. Mas vai por mim, tu podia ter uma chance com ela antes, garota era mó porra louca. Filha da puta fodeu a vida de muito soldado, mas quem já deu uns amassos nela dizem que ela sabe o que faz.- falou pervertido com os olhos nela e mordeu os lábios. Gargalhei altão.

-Vai lá então parça, vai que tu consegue?- na hora o sorriso que ele tinha nos lábios desapareceu e ele descansou as costas na cadeira do quiosque, ajeitando a peça na cintura e tomando um semblante sério.

-Tu é doido? Garota surta e o Demo junto com aqueles outros dois fazem meu corpo de peneira.- achei foi graça.

Meu celular vibrou e tirei ele do bolso vendo que era mensagem do PS.

“Os cana estão fazendo arrastão aí perto, JP tá mandando tu picar o pé com a Americana.”

Respondi um beleza e mostrei a mensagem para o Rabiola, que logo tomou postura se levantando. Antes de rir atrás da moto ele me entregou uma nota e eu fui até o atendente pagar pelo o que a gente consumiu. Depois que guardei a carteira no bolso, respirei fundo e fui atrás da loirinha.

Garota estava tão perdida que nem se ligou quando eu parei do lado dela, foi preciso eu chutar sua perna de leve para ela sair do transe que estava com um sobressalto. Se levantou em um piscar de olhos e se preparou para me bater, mas baixou a mão quando percebeu de quem se tratava. Encarei seu rosto e vi que o nariz estava vermelho e as bochechas molhadas.

-Mais que caralho!- quase gritou, nervosa e eu cruzei os braços.- Como que tu chega assim filho da puta?- colocou a mão no peito e começou a puxar o ar com força.- Eu tenho asma, desgraçado!- se não fosse preocupante eu riria, garota parecia uma criança brigando velho.

-Tu não tá tendo uma crise não, né?- perguntei descruzando os braços e tentei chegar perto dela, mas a mesma deu um passo para trás e eu respeitei seu espaço, apenas observando ela respirar fundo e expirar.

Depois do que pareceu uns cinco minutos, ela conseguiu regularizar a respiração e cruzou os braços de forma defensiva enquanto me olhava mais calma.

-Qual foi?

-JP tá mandando te levar pra casa.- ela bufou e tirou o cabelo do rosto que o vento tinha jogado ali.

-Como se eu fosse obedecer o JP, manda ele arrumar o que fazer.- voltou a sentar ignorando minha presença. Neguei com a cabeça e parei a sua frente.

-Bora mina, os bota estão fazendo arrastão por aqui e eu tenho que obedecer ordens.- ela fez pouco caso, tentando mostrar está indiferente, mas eu via que ela estava nervosa.

-Vocês não são ficha limpa?- perguntou erguendo os olhos sem entender.

-Somos, mas geral aqui está com a peça na cintura. Então agiliza aí que todo mundo sai ganhando.- ela arqueou uma sobrancelha e olhou ao redor da praia que estava quase fazia. Quando voltou os olhos para mim o medo estavam pairando sobre eles.

-Me mostra.- pediu e eu franzi o cenho.

-O quê?

-Quero ter a confirmação que o meu irmão mandou tu fazer isso mesmo.- se levantou e limpou o short, dando dois passos para trás.

Olhei sem acreditar para a cara dela, mas meti a mão no bolso e entrei na conversa mostrando para ela. Tu pensa que ela pelo menos agradeceu? Apenas se virou e começou a andar em direção a moto.

Maluca pra porra, tu é doido!

Balancei a cabeça e dei um sorriso sem acreditar naquilo, onde eu fui me meter tio? Segui ela e não demorou para chegarmos na moto, metendo o pé para o morro logo em seguida.

Quando parei a moto enfrente a casa, ela desceu e entrou enquanto eu fui para o meu posto. Peguei meu celular e mandei mensagem para o DG perguntando onde ele estava, não demorou muito para responder que já estava em casa e bem melhor. Com certeza esse melhor dele seria sentado no sofá assistindo qualquer porcaria e bebendo uma cerveja. Fiquei ali marolando com ele um tempo até o JP me chamar no rádio.

-Tô aqui.

-Eduarda vai sair com a Bruna para o shopping, fica de olho nelas.

-Beleza.- falei enquanto via ela saindo da garagem montada em uma Stunning R1 vermelha com a ruiva atrás, e fala pra tu, não sabia qual das duas estavam mais gostosas.

Fico impressionado ainda mais com aquele tamborete conseguir andar em uma moto desse tamanho. Coloquei o rádio na cintura e fui atrás da minha moto enquanto chamava Rabiola para vim na garupa, acionando os outros quatros . Assim que a loirinha estava fora do morro, garota acelerou com tudo no asfalto fazendo a gente fazer o mesmo. Pensei até que ela ia dá fuga, mas seguiu o caminho direitinho para o shopping. Deixamos as motos no estacionamento e entramos no prédio se espalhando, cada um indo para um lugar específico. Como Rabiola e eu estávamos com fome e as duas foram em uma loja de roupas perto da BK, fomos fazer um lanchinho enquanto ficava de olho nas duas que pareciam estar bem animadinhas.

Ficamos naquela por horas vendo as duas entrando e saindo de lojas com um monte de sacolas e um sorrisão no rosto. Depois que eu fiquei sabendo que ia ter baile na Rocinha, achei estranho ser em plena terça feira, mas quem sou eu pra falar alguma coisa?

JP já foi falando que eu ia pegar o turno todo da noite dessa vez, porque a Americana ia pro baile. Achei ruim não, porque ia ganhar um bônus por isso já que meu turno é das sete até as três da tarde, só estou levando ela para o curso porque estou cobrindo o DG, mas ter que ir para baile estando trabalhando é mó moiado, geral curtido e tu tendo que ficar de babá.

Fomos sair do shopping ia dá três da tarde. Depois delas comprar tudo o que queriam, foram assistir dois filmes no cinema e eu não via a hora de acabar meu turno. Não curto vim aqui, ainda mais quando tu tem que ficar de olho em outra pessoa.

Caminho da volta foi mais calmo por conta das sacolas que as dondocas dividiram com a gente. Quando chegamos no morro já fui trocando de turno com o parceiro e meti o pé para casa, ia tomar um banho, comer alguma coisa e depois ir tirar a paciência do DG.

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