Capítulo 22: parte 2

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Despertei com a Maria resmungando algumas coisas enquanto se olhava no espelho do banheiro, mas isso não foi a única coisa que me tirou do sono bem merecido. Do outro lado da parede podia escutar passos lentos e pesados, embora tentasse soar leves, chegando perto da porta. Coloquei a mão debaixo do travesseiro e peguei a peça no mesmo instante em que a porta foi aberta, e sem pensar duas vezes, atirei. Ninguém podia entrar na casa a não ser a família dela, que quando faziam isso de longe se escutava, então não hesitei.

Madu deu um grito fino e saiu do banheiro às pressas, os olhos arregalados e a expressão assustada, andando na minha direção enquanto olhando de um lado para o outro..

Porém, quando vi a pessoa que estava atrás da porta e por pouco não havia levado um tiro na cara, era o JP, xinguei travando a arma e jogando na cama.

— Porra, mané. Como que tu brinca com vagabundo desse jeito?

Ele semicerrou os olhos na minha direção, a expressão séria e os punhos fechados com força ao lado do corpo. Eram em momentos assim que ele ficava a cópia do pai.

— Tu só pode tá de pilantragem pra cima de mim, GM. Já são mais de 8hrs e tu tá brincando de casinha com minha irmã, não fode caralho! Tu acha que eu tô te pagando pra se agarrar com a Madu, é arrombado? Tu vai vestir tuas roupas e vai pro caralho do teu posto. Amanhã eu te quero cedo na minha sala. Cansei de bater nesse tecla, vacilão da porra.

— Mas João, ele vai comigo lá pra Noamy.

— Vai como a porra do segurança que ele é pago! – ele se virou para mim e fechou ainda mais a expressão. — Essa é a primeira e última vez que tu aponta uma arma pra mim.

Sem mais ou menos, João se virou e saiu tão rápido como chegou.

— Sarah não serve nem pra tirar o estresse dele — ela resmungou.

Comecei a me levantar e andei até o guarda roupa pegando a primeira roupa que vi e entrei no banheiro para tomar um banho.

Nem preciso pensar muito para saber o que ele quer comigo. E fala pra tu? Nem ligo, meus planos era sair do envolvimento e terminar minha faculdade, quero ter uma vida no certo e não colocar a Madu em mais perigo do que ela corre. Além de não querer esse futuro pros meus filhos.

Guardei uma grana boa nos últimos meses e tenho uns bicos certos aqui pela comunidade.

Tomei um banho rápido e vesti a roupa. Fui até minha branca dando um selinho nela.

— Te espero lá fora.

Madu assentiu e andei até estar fora da casa.

— Mó velhão tu pra ficar brincando de casinha — Pitomba apareceu do meu lado tirando sarro.

— Vai brincando pra tu vê como o baguí desenrola.

— Vai brincando tu. Eu escutei o tiro que o JP deu. Tu devia era agradecer por ainda tá vivo — soltei uma risada nasalada.

— Papo transparente mermo, devia agradecer. Mas fala tu, já tá preparando pra seguir a frente aqui?

Ele arregalou os olhos e me olhou incrédulo.

— JP mandou tu rodar?

— Ainda não, mas é questão de horas. Tô fazendo um trabalho mal feito do caralho — me escorei na parede e cruzei os braços.

— Se tá fazendo isso é porque quer sair mesmo. Tu sempre faz o certo pelo certo.

Assenti.

— Essa vida não dá mais pra mim, leke. Tô ficando velho demais pra tá correndo por aí.

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