A manhã no salão saiu melhor do que havia imaginado. A Jéssica foi super simpática comigo – embora eu tenho minhas dúvidas se o tio não tem um dedo nisso –, me explicando como funcionada algumas coisas que ela havia se esquecido no dia anterior e mesmo a maquiagem sendo meu forte, fiz mais sobrancelhas do que outra coisa – ainda bem que meu curso tinha uma breve introdução nesse assunto. A Jéssica falou que era normal isso acontecer, que o salão só lotava mesmo quando tinha baile ou alguma social, eu que não achei ruim, enquanto ela trabalhava que só fazendo chapinha e escova eu estava fazendo uma ou outra sobrancelha. Tudo estava indo bem, até chegar a hora do almoço e perceber que os pneus da minha bebê estavam furados, vi vermelho na hora, nem nego.
— Quem foi o filho da puta que tocou na minha moto? — gritei pra quem quisesse escutar, sentindo o sangue ferver. As pessoas que estavam passando pela calçada simplesmente apertaram o passo, passando por mim como se eu estivesse com catapora.
Olhei ao redor procurando GM ou Pitomba e encontrei os dois do outro lado da rua sentados nas cadeiras do lado de fora de uma lojinha. Encarei o segundo e o chamei com a mão, fazendo ele arregalar os olhos um pouco e sussurrar alguma coisa pra o GM antes de se levantar. Quando ele estava a apenas cinco passos de mim, o fiz parar dando um passo para trás e encarando seu rosto que agora estava sério.
— Quem porra tocou nela? — apontei para a moto que agora estava baixinha com os pneus murchos. Caralho menó, caro pra porra essa porra.
— Não vi ninguém chegando perto não, Americana — juro por Deus que quase rosnei pra ele.
— Tu tá falando na minha cara que estava ali o tempo todo e não vi quem fez esse caralho? — ele negou com a cabeça e minha raiva era tanta que cogitei a possibilidade de penar um tijolo e jogar na cabeça dele. — Você dois vão bancar esse prejuízo eu não quero nem saber e vou ter um papo com o NC também — minha voz saiu carregada de veneno e vi neguin ficar mais branco que papel. Quando ia abrir a boca para dizer que ia pegar a moto dele soltei um gruindo de raiva. — Só pode ser brincadeira. Me diz que aquela moto não é a tua — apontei e ele virou a cabeça fazendo uma careta quando olhou para mim, assentindo. — Vocês são uns atoa do caraí!
Voltei para dentro do salão só querendo ter coragem o suficiente para pegar aquela pedra no meio fio e tacar na cara de puta ruim do Pitomba. Quando estava pronta para ligar pro tio vir me buscar um santo chamado Oliver apareceu no salão com um sorrisão no rosto, que logo se espelho no meu. Puta merda, ele tá bem porra! Me levantei rápido da cadeira e corri até ele jogando meus braços ao seu redor e ganhando um gemido baixo de dor, me fazendo o soltar na mesma hora.
— Te machuquei? — perguntei preocupada.
— Tá me estranhando, Praguinha? Vem cá que eu tava com saudade — e me puxou de novo para um abraço dessa vez menos forte. — Já almoçou? — neguei. — Então bora ali na lanchonete que eu tô brocado.
— Como que tá tua barriga? — perguntei enquanto andávamos até o local, já que é bem pertinho.
— Tem hora que dói pra porra, mas tá curando melhor do que o esperado. Agora eu quero saber que história é essa de ir morar sozinha — falou todo sério e eu revirei os olhos pra ele me sentando em umas das cadeiras enfrente a lanchonete.
— Sabe o que eu quero? Uma porção de batata fria e uma coca geladinha. Tu tá se sentando por que, Oliver? Vai lá comprar minha comida! — tu me escutou? Porque ele não.
— Não te faz de doida, quando tu me explicar eu vou lá comprar — cruzou os braços bem acomodado na cadeira e eu olhei feio pra ele.
— Quando tu saiu de casa por acaso eu fiquei te perguntando o porquê?
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Mais Uma Chance?[M]✔️
Genç KurguSpin off de "De Patricinha a Patroa". Sua vida estava arruinada. Viver e morrer andavam em uma linha tão tênue que bastava apenas um pequeno deslise para que tudo viesse a ruir, para que aqueles pequenos pedaços restantes do castelo enfim desabassem...