Capítulo 2

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Acordei sentindo minha garganta arde e meu peito apertar, abri os olhos e observei o local percebendo que estava no postinho e duas figuras masculinas estavam presentes, para minha total felicidade e alívio nenhum dos dois era o Leandro.

Tentei me sentar na cama e isso resultou em um pequeno gemido, já que minhas costas também resolveram mostrar que estavam doloridas. Mal fechei a boca e duas cabeças se viraram na minha direção, me fazendo ver seus rostos preocupados e com raiva.

-Quem foi? Bora, eu quero o nome do desgraçado!- Oli já chegou todo agressivo puxando seus cabelos e tenso.

-Oi, Oliver. Estou bem, obrigada por perguntar.- falei enquanto tentava achar uma posição confortável para minhas costas.

-Não vem com tuas enrolações, Maria Eduarda. Eu quero o nome do pau no cu.- desta vez quem falou foi o JP com os punhos cerrados e a voz extremamente controlada, mas de longe você via a raiva e seriedade nela.

Nunca achei o JP parecido com o pai e sim com a mãe, mas nesses últimos anos em que ele consegui o morro vem cada vez mais parecendo com o coroa.

Olhei para eles e arqueei uma sobrancelha, cruzando os braços.

-Por que vocês acham que foi alguém que fez isso comigo?- Oliver riu sem humor e se sentou no sofá negando com a cabeça.

-Tu se passa demais, Eduarda. Eu quero saber quem porra fez isso com tu, e você vai me dizer!- me lançou aquele olhar que só podia ter aprendido com o senhor Demo e apontou o dedo na minha direção, cheio de raiva.

Lutei contra mim mesma para não me encolher e respirei fundo, tentando controlar minhas emoções.

Otários do caralho.

-Cadê o pai e a mãe?- perguntei respirando fundo e me odiei quando minha voz deu uma pequena tremida.

No mesmo instante JP tirou a postura de irmão mais velho raivoso e me olhou preocupado, já o Oliver, estava longe demais com a cede dele para perceber algo.

-Escuta bem o que eu estou te falando, Maria Eduarda, se você estiver encobrindo macho porque está sentando pra ele, esquece que eu sou a porra do teu irmão!- quase gritou com as palavras puro veneno e simplesmente travei, não acreditando no que tinha saído da boca dele.

-Da uma segurada aí, caralho, olha a situação dela!- João falou apontando o dedo para ele.

-Pensa bem no que eu te disse, morô?- indagou calmo sem desviar o olhar do meu e ajeitou o boné na cabeça antes de ir embora.

-Madu...- tentou chegar perto, mas eu neguei.

-Me deixa sozinha, JP.- ele tentou abrir a boca, mas o interrompi.- Por favor, me deixa sozinha!

Eu queria chorar porra e não ia fazer isso na frente de nenhum dos dois.
João olhou para mim hesitante e ficou me encarando por longos segundos, até que suspirou e foi embora sem olhar para trás batendo a porta. Mal deixei ele sair e senti lágrimas descendo pela minha bochecha, enquanto um nó se transformava em minha garganta.

Eu só queria gritar na cara dele que ele não mandava na minha vida e que não tinha o direito de sair acusando sem saber porra nenhuma! Porém o fudido do Leandro conseguiu tirar tudo de mim, minha autoconfiança, minha autoestima, meu lado extrovertido e o inconsequente - que eu amava, mesmo sabendo que era errado, mas porra! Fazia parte do que eu era -.

Não consigo mais sair de casa sozinha com medo de alguém me sequestra por causa dele, passei cinco meses sem conseguir ir na casa dos meus tios por causa dele.

Não, Madu, não vamos só culpá-lo, você também tem culpa por deixar ele entrar na sua vida e acabar com ela.

Saio dos meus pensamentos com a porta sendo aberta e só então percebo que estou soluçando alto. Tio Pistola olhou para mim dando um sorriso de lado e eu sequei meu rosto, tentando parar de chorar.

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