Capítulo 6: Parte 2

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Seu olhar parou em mim e sentada eu estava, sentada eu fiquei. Porém odiei o fato de me sentir desconfortável e com um pouco de medo da sua postura. Odiei não conseguir levar aquilo na brincadeira ou dar uma resposta debochada. E acima de tudo, odiei ficar parada e encolhida como um maldito bichinho assustado.

-Vocês são pagos para fazer a guarda dela e da casa, ou para sentar como a porra de uns desocupados e jogar baralho? Estou parado aqui a quase meia hora e ninguém além dele me viu.- apontou para Gordinho.- Se fosse a porra de inimigo? Matavam vocês e nem saberiam de onde o caralho da bala veio! E você filha da puta do caralho, por que não estava dentro de casa?- explodiu, jogando veneno para todo os lados.

Oliver me olhou e chegou mais perto, parecendo um caçador pronto para atacar a caça. Senti meus olhos se encheram de lágrimas e meu nariz arder. Estava com raiva dele me tratar assim, de tentar ditar minha vida, e assustada, com medo de suas ações.

-Agora vai dá uma de muda?- rosnou e me encolhi mais no chão, sentindo minha respiração falhando.

-Alemão... ela não parece estar bem.- a voz do Rabiola saiu tremula e incerta, com medo da reação do loiro.

-EU FALEI CONTIGO, SEU MERDINHA?- fechei os olhos com força e senti o timbre da sua voz em todo o meu corpo.

Oliver só deteve os passos quando parou a minha frente, e minha respiração ficava curta a todo instante. Baixei a cabeça e tentei respirar mais fundo, mas o ato doía em meu peito, me fazendo parar e ficar desesperada por mais oxigênio em meu organismo.

-Tu vai entrar, Eduarda.- afirmou de forma raivosa entre dentes e gemi baixinho quando ele não moderou forças ao segurar meu braço.

-Aê parceiro, tira as mãos dela.- GM falou e quando levantei o rosto, vi ele e o Rabiola ao meu lado sérios e com os braços cruzados.

Oliver soltou uma risada nasal e negou com a cabeça.

-Ela é minha irmã, com ela eu me resolvo.- voltou a me puxar e com o impulso acabei ficando de pé.

Vi os meninos ao meu lado darem um passo a frente, prontos para irem pra cima do Oli, mas antes de conseguirem acertar um soco no loiro, ele foi puxado para trás com força e soltou meu braço no ato.

-Que caralho é esse Oliver? Olha como você está deixando a tua irmã, porra!- tio Wallace indagou com o tom de voz forte e sério, fazendo todo mundo ficar parado e calado.- Calma, está tudo bem.- falou de forma delicada e cuidadosa, me levando para o seus braços e só então percebi que estava tremendo.

Porra! Eu estou TREMENDO por causa do Oliver e daquele filho da PUTA que deixou várias inseguranças em mim.

Tentei puxar o ar, mas o processo só fez com que uma crise de tosse seca me atingisse, fazendo minha garganta queimar com isso.

-Puta que pariu.- escutei o tio falar baixinho, se afastando de mim para me dar espaço.- Tu, na primeira gaveta a esquerda do balcão da cozinha tem uma bombinha, pega rápido!- falou apreensivo para o Tatá, que logo correu para dentro da casa.- Madu, tenta se acalmar, por favor.- ele tinha a voz de pura preocupação e eu não conseguia dizer nada, apenas tossir e tentar puxar o ar que cada vez mais ia se esvaziando.

Senti o Oliver dar uns passos na minha direção e por puro instinto dei um longo passo para trás, negando com a cabeça.

-Fica na tua Oliver, já fez merda demais!- ele parou e ficou me olhando totalmente preocupado.

Uma bombinha foi posta a minha frente e a peguei com força e rapidez, a levando pra minha boca, desesperada por um pouco de ar. Demorou cerca de vinte minutos para eu conseguir vencer a batalha e quando isso aconteceu minha garganta doía muito e quando respirava meu peito protestava de dor. Lágrimas de dor física misturadas com as de humilhação e vergonha desciam pelas minha bochechas.

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