Capítulo 3

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Madu narrando:

Uma semana já tinha se passado e a Bruna conseguiu de vez mudar minha rotina - que era bem confortável em minha caminha - me levando para rua todo dia. A maioria das vezes a gente ficava na pracinha mesmo, porque eu ainda tinha que cuidar de duas cria. A Bruna e eu ficávamos sentada nos bancos falando mal das putas e dos trafica, enquanto os menor ficava no parquinho brincando.

No primeiro dia que a gente levou eles lá, os dois capetinhas arrumaram lama nos cafundó de Judas e se sujaram todo. Quando chegamos em casa minha mãe me deu um sermão do caralho por causa da roupa da Liz que ficou praticamente destruída, já que dona Melinda pode ter virado patroa de um morro, mas quando o assunto era roupa a patricinha que habitava dentro dela dava as caras. As roupas da Liz era caríssimas para o pouco de tecido que tinha. A tia também deu uma surtadinha, mas foi bem mais leve do que a da minha mãe. Por isso todas as vezes que a gente trazia eles para o parque era com uma roupinha bem acabadinha, e fala pra tu, não sei como os Zé fofoca ainda não abriam o bico para falar que a filha do Demo, e o pivete do gerente das bocas estavam com a mesma roupa a quase uma semana.

-Mano, olha o que a Liz esta fazendo velho, fica ligada que quem vai dar banho nela hoje vai ser tu!- olhei para a pestinha da minha irmã e neguei com a cabeça quando vi ela jogar terra nos cabelos.

-Ôh Cenourinha ambulante!- falei um pouquinho alto e na hora ela me olhou.- Vou jogar shampoo nos teus olhos quando tiver dando banho em tu se você não parar com isso!- a danada teve a audácia de me dá a língua.- Isso é influência tua, vou dizer a coroa pra ela te dá uma surra.- falei para a Bruna e ela riu fazendo cara de deboche.

-Se pá, a tia gosta mais de mim do que se tu.- cruzei os braços.

-Eu digo ao meu pai.

-Ih, até aquele ali ja gosta de mim, só não assume.- acabei rindo do jeito que ela falou e voltei o olhar para os dois brincando na terra.

Fala pra tu, nos três primeiros dias eu sai da casa na base do ódio com a Bruna me puxando, mas agora eu até agradeço a ela sabe? Porque eu vejo como essas andadas pelo morro me deixa feliz.

Senti alguém me observando, mas nem me preocupei em olhar para ver quem era, pois tinha certeza que se tratava do GM. A semana inteira aí ele quis chegar perto, mas sempre o DG cortava a onda dele. Falando no Douglas não vejo ele desde cedo e toda vez que ele não aparece é porque está doendo, e na real, eu fico preopucada com ele. Já até cogitei na ideia de ir lá no GM para saber dele, mas faltava a coragem.

-Tô fome, Têla!- minha Cenourinha chegou correndo até mim, acompanhada do Teus.

-Vamos para casa então.- disse me levantando e a Bruna concordou.

-Mamãe, Anana!- Matheus falou enquanto apontava para um lugar e eu fiz careta olhando na direção, e vendo a tia Kety.

Amava o apelido que a Liz tinha me dado, ela estava assistindo quando viu uma estrela amarela e apontou para os meus cabelos falando: Têla, Têla. Já o Teus foi na ondinha do tio Alla e começou a me chamar de banana, mas claro na língua dele.

Segurei firme a mão do Matheus, porque sabia que ele ia correr até a mãe e com isso atravessar a rua, e claro, não quero ser responsável por uma morte.

-Saio cedo por quê?- perguntei não entendendo e ela suspirou.

-Pegaram o carro que trazia as merendas e decidiram mandar os alunos para casa.- passou a mão no rosto.

Deve ser por isso que JP estava todo estressandinho hoje.

-Vem cá meu amor, vem.- ele se soltou da minha mão e correu até a mãe, mas tu acha que a tia quis pegar ele quando viu a situação? Pegou nada.- Meu Deus, Matheus, cada vez você consegue se encher mais de areia!- o danado abriu um sorrisão.

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