Capítulo 9: Parte 2

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Estava seriamente cogitando na ideia de ir no posto para tomar um analgésico na veia, porque puta que pariu meu braço está doendo pra porra. Nem choramingar perto do meu pai eu posso, pois ele faz questão de falar: Vai pro baile de novo vacilona. E minha mãe estava cuidando das birras da Liz que só que viver enfiada na casa da tia Kety, ou pedindo para o Mateus vir pra aqui.

Fechei os olhos com força quando outro pinicão me atingiu e grunhi de dor.

— Pega a visão que daqui a pouco esse teu braço cai — abri meus olhos de forma lenta e olhei para o Tatá com eles semicerrados.

— Não vem encher meu saco hoje não!

— Qualé desse estresse, nem nove horas da manhã é ainda? — revirei os olhos e vi ele abrir um sorriso preguiçoso, se sentando na espreguiçadeira de sempre. — Mas me fala aí se eu não avisei que não podia beber álcool com a pata quebrada.

— Tu podia ser útil indo lá na farmácia e comprando remédio pra mim — ele negou e se deitou no objeto.

— Sou teu escravo não, cria. Você já me fez de otário ontem, vai fazer hoje não — fiz careta.

— Ninguém precisa te fazer de otário não, neguin, tá no sangue. Aliás, tu nem devia estar conversando comigo, meu pai têm uma visão boa pra porra hein?! — ele abriu a boca para responder, porém o Rabiola o interrompeu.

— Fé fé — começou a falar enquanto jogava as pernas no GM para fora da espreguiçadeira e se sentando. —, escuta essa daqui que eu acabei de saber. Gabiru que estava com uma dona daqui e outra da penha, tá levando uma coça das duas porque as morenas descobriram que o safado estava com elas ao mesmo tempo. Pegaram até tampa de panela de pressão pra meter nele, só não pegaram faca porque o mano foi mais esperto e escondeu. Maluco além de levar surra vai ficar liso, as duas já passaram a visão que vai pegar o dinheiro todinho dele — falou com o sorriso sacana de orelha a orelha e eu gargalhei.

— JP pegar, apanha os três — falei negando com a cabeça.

— Tu ama uma fofoca de cabeça de pica? — Tatá falou divertido e o Rabiola deu de ombros.

— Fofoca não, menó. Troca de informações. Ouvi também que NC mandou Alemão pra cúpula, confirma loirinha? — abri um sorrisinho de puro veneno.

— Tu não acha que está escutando e trocando informação demais não, Rodrigo? JP gosta desses bagulhos não — fala pra tu, garoto ficou branco na mesma hora.

— Que isso loirinha, nois é dá paz, cara. Achava que era teu amigo, mas essa amizade tá dando não. Tu só que me velar pro ralo. — disse todo emburrado e eu o encarei por tempo demais, perdendo a postura quando escutei a palavra amigo saindo da boca dele.

Não achava que era considerada isso tudo, no máximo um Passa-Tempo para ambos, já que ele passa boa parte do dia comigo e ele é uma das únicas pessoas que tenho contado "diariamente".

— Deixa ela Rabiola, Loirinha não mereça nossa amizade não. Pensando até em ignorar ela, como ela já fez com nois.

Fiquei encarando ambos por um longo tempo, que fez os sorrisos saírem dos rostos deles e me olharem com um pouco de preocupação.

— Koe? — Rabiola indagou e eu apenas neguei com a cabeça.

— Nada — ele semicerrou os olhos.

— Não vem com tuas macumbas não, morô? Eu jogo água benta em você e te mando pro inferno, duvida não! — disse todo sério e uma risada saiu da minha garganta.

— Já falei que não é macumba, está mais para sensitivíssimo.

— Mesma bosta — revirei os olhos.

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