Capítulo 6

1.4K 144 117
                                    

Um mês depois
Maria Eduarda

Tédio. Nunca achei que sentiria em um nível tão elevado. No começo do mês, logo quando a Bruna foi embora, eu pensei que iria voltar a minha rotina “normal" e estava tudo bem. Até porquê passei a maior parte do tempo de quando ela estava aqui falando isso, que queria minha rotina de volta. O problema é que eu estou sentido falta daquela ruiva e das nossas caminhadas matinais para a praça; da gente falando mal dos outros. Não tivemos muitas oportunidades de conversar ou se divertir desde quando ela foi para BH, as poucas vezes que apareceu por aqui foram corridas, e quando acho que ela vai vim para valer, tem que ir embora.

Meu pai até tentou me animar um pouco, me levou para soltar pipa no pico do morro como fazíamos quando eu era criança e me divertir a beça vendo que o grande Demo não estava mais naquele pique todo. Também reuniu meus tios, tias, primos e irmãos para jogarmos uma pelada na quadra, coisa que já fazia mó cota que eu não praticava. Sempre tinha meninos demais e isso me deixava desconfortável e com um pouco de medo. Pena que a pelada só foi uma vez mesmo, já que é difícil reunir todo mundo.

Meus pais continuam na mesma, mas é cada comida de olhar que da nojo, realmente não sei o que eles dois querem da vida. Liz quase não fica aqui em casa, a maioria das vezes dona Melinda leva ela para a empresa, mas mato a saudade da minha Cenourinha quando vou visitar minha mãe ou quando meu pai a trás para cá.

O pior de tudo é ficar nessa casa sozinha, senhor Steve passa boa parte do tempo na boca auxiliando o JP para ele não fazer muita merda, coisa que raramente acontece, porém convenhamos, meu irmão tinha o menor preparo físico possível para comandar, e meu pai parece estar vendo isso só agora, uma vez que está morando praticamente na boca. Eu sabia que estava tudo indo muito bem para aquele primeiro ano pra ser verdade.

Falando em JP, o safado aproveitou que a mãe não está em casa e meteu o pé de vez para a que ele vinha construindo aí para morar com a outra lá, mas que não tinha se mudando ainda porque a mãe embaçou pra porra. Me deixou sozinha aqui, vê se pode uma coisa dessa!

Já a Sarah está no canto dela e eu no meu. Nunca fomos muito próximas, e para falar a verdade fiz a vida dela um inferno nos dois primeiros meses após Joãozinho assumiu ela. Não que eu tivesse algo contra a mesma naquela época, era só o fato de que estava roubando o meu irmão de mim.

Olhei para a janela e mordi o lábio inferior, nervosa, olhando para os soldados. Eu estava com tédio e queria ir jogar com eles, mas estava com medo. Era um bando de macho que eu tinha total certeza que me comeriam se eu desse mole e iriam me olhar da mesma forma que o Leandro olhava.

Leandro. Que deve está queimando no inferno, mas que ainda tem poder sobre a porra da minha vida.

Meu celular vibrou em minha mão e olhei para ele, observando a mensagem da Bruna pelas notificações.

“Aí meu cu Eduarda, vai logo meu. Se eles tentarem alguma coisa taca o tiro na cara deles.”
“Te amo tá? E vê se não fica passando vontade aí, se quer alguma coisa faz. Até porque foi assim que te conheci.”

Acabei sorrindo com a segunda mensagem, com certeza ela se sentiu culpada pela primeira e mandou a segunda como desculpa. Nem visualizei, voltei meu olhar para a porta e me levantei do sofá suspirando. Nunca fui de passar vontade, né?

Com uma coragem que não faço a menor ideia de onde veio, abri a porta e observei eles colocarem postura, já que todos estavam fofocando, aliás só sabem fazer isso.

Mais Uma Chance?[M]✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora