Capítulo 11: Parte 2

1.1K 131 52
                                    

Acordei desorientado e tateei o celular com a mão assim que encontrei, puxei e vi que já ia da cinco horas. Dei um risada nasalada e neguei com a cabeça, procurando algo de importante no celular. Sabia que a mandada tinha colocado remédio na coca, filhona fez muito “auê" pra eu tomar, tanto que dei dois goles – só pra ela fechar o bico – e pá, dormir por três horas. Filha da puta acha que eu não conheço ela.

Olhei para meu corpo e quis rir alto quando vi a citação. Sarah estava encima de mim com uma perna enroscada na minha, me prendendo, e um braço ao redor do meu pescoço, além do peso do tronco dela no meu peito.

— Surtada do caralho! — murmurei e fiquei pensando em como tirar ela de mim sem acordá-la.

Porra moleque! Tenho tempo pra perde não, daqui a pouco é seis horas e eu tenho que passar no pai e na coroa ainda.

Com a mão bem leve, tirei primeiro o braço, já que estava frouxo. Seguirei os ombros e afastei, fazendo ela soltar um grunhido e apertar a proeza que ela fez com a perna. Trinquei os dentes me sentando na calma e olhei para nossas pernas, principalmente para o pé dela que parecia um gancho na minha panturrilha. Quando levantei a perna para tirar, a mandada deu um grunhido alto e se jogou encima de mim, me abraçando.

Puta que pariu, mano!

Respirei fundo e já sem paciência tirei ela de cima de mim num movimento rápido, entregando meu travesseiro. Ela franziu o cenho, mas se enroscou nele e continuou dormindo.

Suspirei aliviado e levantei na hora indo até o guarda roupa. Peguei uma troca de roupa e fui até o banheiro do corredor. Tomei o banho pique flash e saí da casa no sapatinho, montando na moto e subindo para a principal. Dei bom dia aos vapor e entrei, encontrando a coroa dormindo abraçada com o tio WL.

A peça dele estava encima do sofá e já fui encima pra pegar ele, sou bobo não fiote. Assim que peguei e me afastei do sofá ele abriu os olhos levando a mão até onde a arma estava. Quando viu que a peça não estava lá já arregalou os olhos e olhou ao redor. Assim que me viu soltou um suspiro aliviado.

— Porra, JP! — ri baixinho e entreguei o ferro andando até a cozinha.

Abri o armário que fica os remédios e revirei o Tupperware procurando os do coroa. Peguei todos assim que encontrei e voltei para a sala vendo que o tio tinha deitado a mãe no sofá e fazia careta toda vez que se espreguiçava.

— É tio, tem que entender que tu já tá idoso. Não dá pra dormir mais nessas posições —ele me encarou serinho, até que negou.

— Só não fala nada porque tu vai ter que ir na mariquinha. Me mandaram o rádio que ele tinha quebrado uns bagulho — ri pelo nariz.

— E tu que não é besta veio da consolo a coroa — Wallace deu de ombros fazendo pouco caso.

— Sabe Qualé, o mundo é dos malandros. Pistola ainda colou lá, mas ele não deixou entrar — passei as mãos no cabelo.

— Quero vê eu não entrar. Agora vou picar o pé que tem muito B.O pra resolver — dei um beijo na testa da coroa e um tapinha no ombro do tio antes de me mandar.

Desci pro barraco rapidinho. Assim que abri a porta vi meu pai deitado no sofá com o joelho encima do encosto, xingando quem quer que fosse e fazendo careta. Pelo chão tinha algumas garrafas de vídeo quebradas e uma mesinha. Quando ele ouviu alguém entrando já quis colocar postura.

— Eu falei que não queria ninguém nesse caralho! — rosnou e dei um sorriso debochado. Quando ele percebeu quem era, tacou o foda-se se deitando de novo.

— Quando tu vai entender que não é de ferro? — perguntei entegando os remédios.

Fui até a cozinha e peguei um copo com água enquanto escutava a risada dele.

Mais Uma Chance?[M]✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora