Acordei desorientado e tateei o celular com a mão assim que encontrei, puxei e vi que já ia da cinco horas. Dei um risada nasalada e neguei com a cabeça, procurando algo de importante no celular. Sabia que a mandada tinha colocado remédio na coca, filhona fez muito “auê" pra eu tomar, tanto que dei dois goles – só pra ela fechar o bico – e pá, dormir por três horas. Filha da puta acha que eu não conheço ela.
Olhei para meu corpo e quis rir alto quando vi a citação. Sarah estava encima de mim com uma perna enroscada na minha, me prendendo, e um braço ao redor do meu pescoço, além do peso do tronco dela no meu peito.
— Surtada do caralho! — murmurei e fiquei pensando em como tirar ela de mim sem acordá-la.
Porra moleque! Tenho tempo pra perde não, daqui a pouco é seis horas e eu tenho que passar no pai e na coroa ainda.
Com a mão bem leve, tirei primeiro o braço, já que estava frouxo. Seguirei os ombros e afastei, fazendo ela soltar um grunhido e apertar a proeza que ela fez com a perna. Trinquei os dentes me sentando na calma e olhei para nossas pernas, principalmente para o pé dela que parecia um gancho na minha panturrilha. Quando levantei a perna para tirar, a mandada deu um grunhido alto e se jogou encima de mim, me abraçando.
Puta que pariu, mano!Respirei fundo e já sem paciência tirei ela de cima de mim num movimento rápido, entregando meu travesseiro. Ela franziu o cenho, mas se enroscou nele e continuou dormindo.
Suspirei aliviado e levantei na hora indo até o guarda roupa. Peguei uma troca de roupa e fui até o banheiro do corredor. Tomei o banho pique flash e saí da casa no sapatinho, montando na moto e subindo para a principal. Dei bom dia aos vapor e entrei, encontrando a coroa dormindo abraçada com o tio WL.
A peça dele estava encima do sofá e já fui encima pra pegar ele, sou bobo não fiote. Assim que peguei e me afastei do sofá ele abriu os olhos levando a mão até onde a arma estava. Quando viu que a peça não estava lá já arregalou os olhos e olhou ao redor. Assim que me viu soltou um suspiro aliviado.
— Porra, JP! — ri baixinho e entreguei o ferro andando até a cozinha.
Abri o armário que fica os remédios e revirei o Tupperware procurando os do coroa. Peguei todos assim que encontrei e voltei para a sala vendo que o tio tinha deitado a mãe no sofá e fazia careta toda vez que se espreguiçava.
— É tio, tem que entender que tu já tá idoso. Não dá pra dormir mais nessas posições —ele me encarou serinho, até que negou.
— Só não fala nada porque tu vai ter que ir na mariquinha. Me mandaram o rádio que ele tinha quebrado uns bagulho — ri pelo nariz.
— E tu que não é besta veio da consolo a coroa — Wallace deu de ombros fazendo pouco caso.
— Sabe Qualé, o mundo é dos malandros. Pistola ainda colou lá, mas ele não deixou entrar — passei as mãos no cabelo.
— Quero vê eu não entrar. Agora vou picar o pé que tem muito B.O pra resolver — dei um beijo na testa da coroa e um tapinha no ombro do tio antes de me mandar.
Desci pro barraco rapidinho. Assim que abri a porta vi meu pai deitado no sofá com o joelho encima do encosto, xingando quem quer que fosse e fazendo careta. Pelo chão tinha algumas garrafas de vídeo quebradas e uma mesinha. Quando ele ouviu alguém entrando já quis colocar postura.
— Eu falei que não queria ninguém nesse caralho! — rosnou e dei um sorriso debochado. Quando ele percebeu quem era, tacou o foda-se se deitando de novo.
— Quando tu vai entender que não é de ferro? — perguntei entegando os remédios.
Fui até a cozinha e peguei um copo com água enquanto escutava a risada dele.
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Mais Uma Chance?[M]✔️
Teen FictionSpin off de "De Patricinha a Patroa". Sua vida estava arruinada. Viver e morrer andavam em uma linha tão tênue que bastava apenas um pequeno deslise para que tudo viesse a ruir, para que aqueles pequenos pedaços restantes do castelo enfim desabassem...