Capítulo 31

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S/n Grimes

Acordei ouvindo risadas vindo do lado de fora. Levantei e saí da minha barraca lentamente, abrindo um largo sorriso ao ver Carl fora da cama.

— Carl! - chamo pelo garoto, que veio correndo até mim.

— O Hershel disse que eu sou de ferro. - meu irmão disse, me abraçando fortemente. — Mas ele não deixou eu ir nas buscas com vocês.

— Não se pode ter tudo. - digo, bagunçando o cabelo do meu irmão.

Depois de tomar café eu fui ajudar Carol a estender a roupa no varal. Carl tinha ido com Lori alimentar as galinhas. Aposto que Lori deve estar com muita raiva de mim, por eu ter falado ao meu pai sobre sua gravidez e as trepadas com o Shane.

O que eu deveria ter feito? Deixado meu pai sair como idiota? Não mesmo.

Eu e Carol estávamos conversando enquanto estendíamos a roupa no varal, quando vejo Daryl se aproximando. O caçador passou por nós e foi direto para sua barraca, sem nem nos cumprimentar.

Vi Andrea indo até a barraca do homem, saindo de lá minutos depois. Não me senti muito confortável com aquilo, imaginei um monte de coisas idiotas.

— Eu volto já. - digo para a mulher ao meu lado, logo depois de ver Andrea passar por nós.

Carol me lançou um sorriso meigo, o qual eu retribuir rapidamente. Caminhei até a barraca de Daryl e respirei fundo antes de entrar na mesma, sentando ao lado do pequeno colchão e sendo alvo do olhar penetrante do caçador.

— Livro legal. - aponto para o livro em cima da sua barriga, sem saber exatamente como puxar assunto.

— O que está fazendo aqui? - ele perguntou seco.

— Eu... Eu queria conversar. - digo, olhando para meus pés. — Sobre ontem. - completei.

— Não estou muito afim de conversar, S/n. - continuou com aquele tom grosseiro.

Ele virou o rosto e colocou o braço sobre os olhos, esperando que eu fosse embora. Mas eu não fui.

— Por que você é assim? - pergunto impaciente.

— Assim como? - ele perguntou, ainda sem me olhar.

— Tão... grosso e... mal humorado. - respondo.

— Esse é o meu jeito. - deu de ombros. — Agora pode, por favor, me deixar sozinho?

— Ontem a noite não parecia que você queria ficar sozinho. - provoco, fazendo o homem finalmente me olhar.

— Aquilo não deveria ter acontecido. - ele disse, sentando no colchão e me encarando nos olhos.

— É, mas aconteceu. - eu disse. — Aconteceu e... - dei uma pausa, pensando se eu terminava ou não aquela frase.

— E...?

— E eu gostei. - confesso, sem desviar meus olhos dos deles.

— É melhor você ir. - Daryl falou, abaixando a cabeça.

— Eu não vou sair daqui sem antes você me dizer algo. - digo, convicta daquilo.

— O que quer que eu diga? - ele perguntou grosseiro, voltando a me olhar. — Quer que eu diga que também gostei? Porque eu gostei, gostei muito. - confessou, me deixando sem palavras.

Daryl fazia de tudo para não me encarar, enquanto eu não desvia meus olhos do seu rosto nem por um segundo. Sem saber o que dizer agora, eu apenas segurei a sua mão. O caçador levantou os olhos e encontrou os meus. Assim, nossos rostos foram se aproximando lentamente.

— Não podemos fazer isso... - ele murmurou, fechando os olhos. — De novo não...

Eu não lhe dei ouvidos, grudei nossos lábios e dei início a um beijo calmo e carinhoso. Algo estranho e novo vindo de Daryl Dixon.

Uma de suas mãos foi até a minha cintura, enquanto a outra acariciava minha coxa. Minhas mãos estavam enterradas em seu cabelo, o trazendo ainda mais para perto de mim.

Dessa vez, fui eu quem pediu passagem com a língua, e Daryl cedeu rapidamente.

Daryl apertava minha coxa, me fazendo arfar contra a sua boca. Eu sentia como se um monte de borboletas estivessem brincando no meu estômago, e era uma sensação muito boa.

Eu queria congelar esse momento, não queria me separar de seus lábios, mas fomos obrigados a isso.

— Vim perguntar se você quer uma fruta... - ouço a voz de Glenn, que abriu a barraca na maior inocência e se deparou com aquela cena.

Eu e Daryl nos separamos rapidamente, ambos envergonhados e assustados. O coreano arregalou os olhos e saiu sem dizer nada.

— Devia ir falar com seu amigo. - Daryl falou, ainda com sua mão em minha coxa.

— Precisa ser agora? - pergunto com a voz manhosa, tirando um pequeno sorriso dos lábios do homem. — Espera, Daryl Dixon está sorrindo? - o provoco.

— Sai logo daqui! - ele tirou suas mãos de mim e me expulsou da sua barraca.

Saí de lá rindo, rolando os olhos por todo acampamento em busca de Glenn. Caminhei até o trailer de Dale e em poucos minutos vi o coreano se aproximar com uma cesta nas mãos.

— Eu só queria saber se ele queria uma fruta, foi mal. - ele se desculpou rapidamente.

— O que aconteceu? - Dale perguntou curioso, vendo nossas trocas de olhares.

— Nada demais, Dale. - fui rápida em dizer, voltando a encarar meu amigo.

Dale ficou desconfiado, mas não fez perguntas.

O pessoal estava se preparando para sair com Shane e meu pai, eles tinham montando um estande de tiro fora da fazenda. Eu tenho uma boa pontaria, mas aceitei ir mesmo assim.

— Você não vem? - Shane perguntou, olhando para Glenn.

— É que eu tenho que ajudar o Dale a limpar as velas do motor do trailer. Ele disse que ia me ensinar mecânica. É melhor eu ir procurar ele. - o coreano tropeçava nas próprias palavras, aparentemente nervoso.

— Já me achou. - Dale disse atrás dele, o deixando ainda mais nervoso.

— Conversamos quando eu voltar. - digo perto do seu ouvido, acariciando seu ombro.

Glenn assentiu e me observou entrar no carro de Shane. Sentei ao lado da janela e vi o coreano conversar com Dale. Algo muito estranho está acontecendo com ele, e eu quero muito descobrir o que é.

O lugar onde Shane montou o estande não era muito longe da fazenda, mas eu tive tempo suficiente para pensar em Daryl e nos nossos beijos.

Não sei o que estou sentindo, não exatamente.

Eu sei que é errado, mas isso só torna as coisas mais tentadoras. Daryl é bem mais velho que eu, o que é um grande problema. Meu pai com certeza mataria o Daryl se descobrisse que eu e ele nos beijamos... TRÊS VEZES.

Nem sei porque estou pensando tanto nisso. Afinal, estamos falando de Daryl Dixon, a pessoa mais complicada e bipolar que já conheci. Seja lá o que fizemos ou o que somos, se é que somos alguma coisa, não vai durar.

Não conheço Daryl muito bem, apenas o que ele permite ser conhecido, mas eu sei que aquele ali não é do tipo que se mete em relacionamentos.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora