Capítulo 70

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Daryl Dixon

S/n saiu e me largou sozinho, ela nem deixou eu me explicar. Aquela garota me tira do sério, me faz sentir coisas estranhas. Coisas boas e ruins.

Deixei aquilo de lado e fui ajudar os outros a colocar cercas no meio do campo. Se o babaca do Governador tentar nos atacar outra vez, vai ter que vir a pé, porque os pneus vão estar todos furados.

— Quando tentarem atravessar o portão de novo, talvez os pneus estourados parem eles. - Glenn explicou para Rick.

— É uma boa ideia. - o xerife confessou.

— Ideia da Michonne. - digo com o olhar sobre ele, o deixando sem palavras.

— Não temos que ganhar. - disse a samurai. — Só temos que fazer o ataque deles dá mais trabalho do que vale a pena.

Rick olhou em volta e depois voltou a olhar para mim. Ele não queria, mas tinha que fazer aquilo. Por mais que isso seja uma droga, pode ser a nossa única escolha.

Tava caminhando pelo pátio quando vi Glenn tentando consertar uma das portas de ferro. Eu larguei minha besta em cima de uma mesa e fui ajudá-lo.

— Ele te disse que sente muito? Porque ele sente. - me refiro ao Merle. — Ele vai consertar as coisas. Eu vou obrigar ele. Tem que ter um jeito. - o asiático não disse nada, apenas tentou me ignorar. — Só precisa rolar um pouco de perdão

— Ele me amarrou numa cadeira, me bateu e jogou um zumbi na sala. - Glenn começou a contar, eu conseguia ver a raiva e o rancor em seus olhos puxados. — Talvez eu possa deixar pra lá, mas ele levou a S/n pro homem que aterrorizou a mente dela. Ele humilhou ela. - abaixei a cabeça enquanto ouvia aquilo. — Eu me importo mais com ela do que comigo. E eu achei que também se importasse.

— Eu me importo. - digo com sinceridade. — Você nem imagina as coisas que eu sou capaz de fazer pra manter aquela garota a salvo.

Glenn não disse mais nada, ficou apenas me observando pegar a besta e sair. Eu também não estava mais a fim de conversar com ele, tentar defender meu irmão ou provar que me importo com a filha do xerife.

Entrei no bloco de celas atrás do Merle, mas não o encontrei em nenhum lugar. Fui mais fundo na prisão e o encontrei na sala dos geradores.

— O que tá fazendo aqui embaixo? - pergunto desconfiado.

— Eu só tô procurando um pouco de metanfetamina. - respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo, o que é, levando em conta as outras coisas que vêm acontecendo. — É, eu sei. Essa droga vai ferrar minha vida quando tudo tá indo tão bem, não é?

— Você já falou com o Rick? - ignorei o papo das drogas.

— Já, já falei! - assentiu. — Eu vou. Mas ele não tem estômago pra isso. Ele vai pipocar, você sabe.

— Se for isso, tá bom. - dou de ombros.

— Quer que ele não faça? - meu irmão perguntou, me olhando com o cenho franzido.

— O que ele falar, tá falado. - foi o que eu disse.

— Cara, será que você ainda tem os seus colhões? - Merle debochou de mim, me deixando irritado, ele tem sempre que tornar a conversa suja. — Eles ainda estão no seu saco? Porque se eles estão, são seus. Você chamava as pessoas assim de "ovelhas". O que aconteceu com você?

— O que aconteceu com você, o Glenn e a S/n? - respondo com outra pergunta, passando a repreendê-lo com o olhar.

— Eu já fiz pior. - ele disse como se não se importasse. — Você precisa crescer. As coisas são diferentes agora.

Ele fingia não dar a mínima, mas eu sei que ele se importa. Merle só é orgulhoso demais para confessar que se importa com todos nós, comigo pelo menos.

— Vocês ficam olhando pra mim como se eu fosse o diabo. Porque eu peguei aqueles dois daquele jeito, não é? Agora vocês todos querem fazer a mesma porcaria que eu fiz. Pegar alguém e entregar pro Governador. Como eu fiz! - jogou na minha cara. — É, as pessoas fazem o que elas precisam fazer ou elas morrem.

— Não dá pra fazer as coisas sem contar com as pessoas, mano. - eu disse, fazendo Merle rir.

— Talvez o povo precise de alguém como eu por aqui, né? Pro serviço sujo. - falou, mantendo aquela pose de durão. — Um cara mal. É assim que as coisas são agora, não é? O que acha disso?

— Eu só quero o meu irmão de volta. - digo olhando em seus olhos, tocando em seu ombro.

— Cai fora daqui! - Merle me expulsou com grosseria.

Estava quase saindo da sala dos geradores, quando parei e virei novamente para Merle. Meu irmão ficou me encarando confuso, esperando que eu dissesse algo.

— Você não é um cara ruim, irmão. - digo. — Só fez escolhas erradas.

Dito aquilo, eu finalmente fui embora. Deixei Merle com seus próprios pensamentos e fui atrás do Rick, temos que resolver logo esse lance da Michonne.

— Esquece. Vamos nos arriscar. - Rick apareceu no meio do pátio do nada.

— Não tô dizendo que foi uma decisão errada, mas com certeza essa é a certa. - digo aliviado, não queria mesmo fazer aquilo. — O que foi? - pergunto, vendo a preocupação nos olhos do xerife.

— Eu não consigo achar o Merle e a Michonne. - respondeu. — Eles sumiram.

Respirei fundo e corri na direção da sala dos geradores, sendo seguido por Rick. O lugar estava limpo, nem sinal do Merle.

— Ele tava aqui, falou que tava procurando drogas. Falou um monte de besteira. - digo, procurando por algo que ligasse ao meu irmão.

— Como o quê? - perguntou o xerife.

— Que você ia mudar de ideia. Olha só. - pego um pano sujo de sangue. — Ele trouxe ela pra cá. Já foram.

— Eu vou atrás deles! - Rick levantou e caminhou rapidamente até a porta.

— Você não sabe seguir rastros. - lembro à ele.

— Então, vamos nós dois. - neguei no mesmo instante.

— Não, só eu. Já disse que ia, eu vou. Eles vão voltar pra cá, você tem que ficar pronto. Sua família também. - passei por ele, sendo parado no meio do caminho.

— Eu também vou! - S/n falou em tom alto e claro.

Essa garota só pode estar de brincadeira.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora