Capítulo 57

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S/n Grimes

— Vocês duas podem ficar com a cama de baixo, eu durmo aqui em cima. - Carl falou, subindo as escadas da beliche.

A bravinha, como Daryl a apelidou, dormia tranquilamente em meus braços. Meu pai ainda não voltou e eu estou começando a ficar preocupada. Todos já estavam se preparando para dormir, incluindo eu e Carl.

— Carl, você quer conversar? - pergunto de maneira calma, deitando a recém nascida na cama que meu irmão cedeu para a gente.

— Não sei. - ele disse. — Acho que não. Não agora.

— Eu estarei sempre aqui, tá bom? - seguro sua mão. — Sei que está sendo difícil pra você, mas nós vamos passar por isso juntos. Eu prometi a sua mãe que cuidaria de vocês dois, e eu vou cumprir a minha promessa.

— Eu te amo, S/n. - Carl falou com os olhos marejados, se inclinando para me abraçar.

— Eu também te amo, cowboy. - o abracei calorosamente. — Agora deita aí e vê se dorme!

Arrumei a coberta no corpo do menino e deitei na cama de baixo ao lado da nossa irmãzinha, acariciando levemente os poucos fios que ela tinha na cabeça.

— "You are my sunshine, my only sunshine. You make me happy when skies are grey. You'll never know, dear, how much I love you. Please, don't take my sunshine away" - eu cantava suavemente, alto o suficiente para que Carl também pudesse ouvir.

Olho para a porta da cela e vejo o corpo alto e rígido de Daryl parado nela. Levanto com cuidado e vou até ele, o seguindo até a escada que levava até o poleiro onde o mesmo estava dormindo.

— Você canta bem. - ele disse. — E aquela música é muito bonita.

— Obrigada. - agradeci um pouco sem jeito. — Minha mãe cantava aquela música pra mim toda noite antes de dormir. - contei com um pequeno sorriso nos lábios. — Quando Carl nasceu, descobri que essa música também o acalmava.

— Ele tem sorte em ter você. - o caçador falou, olhando para mim com aqueles seus olhos azuis e brilhantes.

Seus olhos se destacavam em meio aquela escuridão. Seu rosto era iluminado apenas pela luz da lua, o que o deixava ainda mais lindo.

De maneira calma e lenta, eu o beijei. Nossos lábios se encaixavam perfeitamente, enquanto nossas línguas dançavam em sincronia.

Nos separamos por causa da falta de ar, mas continuamos com as testas coladas uma na outra. Minhas bochechas ardiam e um sorriso bobo brotava nos lábios de Daryl.

— Boa noite, Dixon. - sussurro para ele, voltando para minha cela em passos lentos.

Pela manhã, enterramos o corpo de T-dog e fechamos duas covas vazias. Carol está desaparecida, não sabemos se morreu ou conseguiu sobreviver. Já Lori, não restou nada do corpo dela, pois foi engolida por um zumbi. T-dog foi mordido ontem quando estava fechando o portão do pátio, e pelo o que sabemos, sacrificou os poucos minutos que tinha para tentar salvar Carol.

Daryl acredita que Carol já está morta, e ele está muito mal, percebi isso hoje pela manhã quando ele deixou uma rosa cherokee na cova da mulher.

Estávamos todos reunidos no refeitório, comendo em volta da mesa. A bravinha estava no meu colo e Carl sentado ao meu lado, encarando a comida sem nem encostar nela. Ele estava preocupado com o nosso pai e triste por causa da mãe, e eu posso dizer que eu também.

Soltei um longo suspiro ao ver meu pai entrar no refeitório, fazendo todos nós ficarmos em silêncio.

— Estão todos bem? - ele perguntou.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora