Capítulo 07

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S/n Grimes

— E o que eu tenho a ver com isso? - ele perguntou, ainda muito confuso.

— Você perguntou o que tinha acontecido comigo ontem, estou respondendo agora. - digo. — Lori e Shane estavam transando na floresta, mas eles não sabem que eu os vi.

— E por que isso importa tanto?

— Sério? Você está mesmo me perguntando isso? - lanço um olhar sério em sua direção. — Shane é o melhor amigo do meu pai, sempre foi. Agora ele está de volta e eu não sei o que fazer. Sei que devo contar o que vi, mas não sei quando ou como.

— Espera aí, aquele imbecil que abandonou meu irmão no telhado de um prédio é seu pai? - Daryl perguntou, tentando não se descontrolar.

— É, e eu sinto muito pelo o que ele fez. Meu pai é um homem bom, Merle deve ter passado muito dos limites pra ele ter feito o que fez. - tento cessar sua raiva.

— Meu irmão é um idiota, mas é meu irmão. Seu pai não tinha o direito de prendê-lo e deixá-lo para morrer. Ele é meu irmão e faz parte desse grupo, vocês querendo ou não. - ele disse entre os dentes.

— Eu sei disso. - digo com a voz serena, sem ser intimidada pelo seu olhar. — Mas você não pode descontar isso em todo mundo.

— O que você quer exatamente? - ele perguntou curioso. — Você aparece do nada e fica puxando assunto. Diga logo o que quer!

— Quero ser sua amiga. - fui sincera, olhando para seus olhos azuis e profundos.

Daryl riu pelo nariz e passou a mão pelo mesmo, descendo seu olhar e me encarando outra vez. Ele estava bem mais próximo do meu rosto, permitindo que eu sentisse sua respiração quente e pesada. Daryl tentava me intimidar com seu olhar, tentando me causar medo, mas eu permaneci como estava.

Fiquei encarando ele também, sentada naquela pedra em total silêncio. Daryl chegava cada vez mais perto, mas eu não recuei, continuei sentada o encarando. Cansado e meio constrangido, o homem se arrumou na pedra onde estava e passou a olhar para a água.

— Não podemos ser amigos. - ele disse, enquanto meus olhos passeavam por todo seu rosto.

— Por que não? - pergunto, sem deixar de encará-lo.

— Por que eu não quero. - ele respondeu de maneira curta e grossa, virando o rosto e me olhando nos olhos.

— Olha, eu não quero pensar e nem fazer planos. Não quero criar expectativas de que coisas boas irão acontecer. Eu só quero que os dias passem logo. - digo, encarando minhas mãos. — Eu sempre quis alguém que me ouvisse, não só as bobagens que eu falo de vem em sempre, - brinco. — mas o que minha alma tenta dizer. Alguém que se esforçasse pra captar tudo que não sai da minha boca.

— E você acha que eu posso ser essa pessoa? - ele perguntou, saindo do tom raivoso para um mais calmo.

— Sim, eu acho. - confesso.

— Mas eu não posso. - levanto minha cabeça e olho para ele. — Nem quero. - ele completa.

— Por que evita ser feliz? Fica se escondendo atrás dessa armadura que você mesmo criou. - pergunto impaciente, vendo Daryl abaixar a cabeça e ficar de pé.

— Ou você é feliz, ou você sobrevive nesse mundo. Os dois não dá. - ele disse antes de sair andando, me deixando sozinha naquele riacho.

Respirei fundo e me aproximei da água, usando as duas mãos para molhar meu rosto.

Voltei para o acampamento e vi Lori conversando com meu pai, ajudando ele a se preparar. Nessa hora eu tive vontade de ir lá e bater naquela vadia, mas me controlei. Fechei minhas mãos e cravei as unhas na palma das mesmas.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora