Capítulo 64

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S/n Grimes

— Não vamos embora. - meu pai disse com firmeza.

Estávamos todos dentro do nosso bloco de celas. O pátio estava cheio de zumbis, mas conseguimos colocar Merle, Daryl e meu pai para dentro.

Eu ainda não falei com o Daryl, estou evitando até mesmo olhar para ele. Sinto o olhar penetrante do caçador sobre mim a todo minuto, mas tento ignorá-lo.

— Não podemos ficar aqui. - disse Hershel, sentado em um dos degraus da escada.

— E se tiver outro atirador? - indagou Maggie. — Paletes de madeira não vai parar os tiros.

— A gente nem pode sair. - Beth falou, parada ao lado de Carol na parte de cima.

— Não enquanto é dia. - disse a grisalha.

— Rick disse que não vamos fugir, então não vamos fugir. - Glenn falou de maneira séria.

— Não, é melhor viver como ratos. - Merle comentou, trancado no refeitório.

— E qual é a sua ideia, Capitão Gancho? - pergunto irônica.

— A gente devia ter saído daqui ontem à noite e viver pra lutar outro dia. - ele falou, depois de poucos segundos em silêncio. — Mas perdemos essa chance, não foi? - eu apenas abaixei minha cabeça. — Agora com certeza ele já pôs batedores em cada estrada dessa região.

— A gente não tem medo daquele canalha. - sinto um leve arrepio ao ouvir a voz grossa de Daryl, olhando automaticamente para seu rosto sério e enigmático.

Os olhos azuis e profundos de Daryl se encontraram com os meus, e, por algum motivo, eu não consegui desviá-los.

— É melhor terem. - disse Merle, fazendo com que eu encerrasse aquela troca de olhares. — Atravessar a cerca com o caminhão? É só um jeito dele tocar a campainha. - continuou falando, olhando diretamente para o irmão. — A gente pode ter muros grossos pra se esconder, mas ele tem armas e homens. Se ele quiser cercar esse lugar todo? Ele vai matar a gente de fome aqui.

— Coloca ele no outro bloco de celas. - Maggie pediu, começando a ficar irritada.

— Não, ele tem razão. - Daryl defendeu o irmão, nada surpreendente.

— A culpa é toda sua! - a ex fazendeira gritou com o Dixon mais velho.

— Que diferença faz de quem é a culpa? - Beth se meteu no meio. — O que vamos fazer?

— Eu falei que devíamos ter ido embora. - Hershel continuou insistindo na sua ideia. — Agora o Axel está morto. Não podemos ficar aqui.

Papai respirou fundo e nos deu as costas, caminhando até o portão para sair.

— Volta aqui! - o senhor o fez parar. — Você está fugindo, Rick. Todos nós vimos e entendemos o porquê, mas agora não é hora. - papai apenas o encarava, ouvindo atentamente as palavras do homem. — Uma vez você disse que isso não é uma democracia, agora vai ter que honrar isso! Eu coloquei a vida da minha família nas suas mãos, então ponha a cabeça no lugar e faça alguma coisa.

Depois de mais um suspiro, meu pai concordou com a cabeça e saiu do bloco.

Caminhei até minha cela e peguei Judith no colo, a pequena estava chorando de fome. Dei mamadeira e fiquei brincando com a minha irmãzinha, até Beth e Carl aparecerem.

— Como está as coisas lá fora? - pergunto para meu irmão, que havia ido conversar com nosso pai.

— Tem zumbis pra todo lado. - ele respondeu com a voz triste. — Vai ser difícil recuperar o campo.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora