Capítulo 35

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S/n Grimes

Vi quando meu pai entrou na casa dos Greene, e torci para que ele conseguisse convencer Hershel de que não era seguro manter aqueles zumbis no celeiro.

Já havia perdido Shane e Andrea de vista, aqueles dois estavam muito estranhos desde que voltaram da última busca por Sophia. Enquanto isso, Lori ajudava Carl com algumas tarefas e Carol se ocupava com qualquer coisa para não pensar na filha. T-dog e Glenn conversavam perto do trailer, enquanto Maggie e sua irmã mais nova olhavam para a gente da varanda.

Levantei em um pulo ao ver meu pai sair da casa, indo rapidamente até ele.

— O que ele disse? - perguntei, curiosa e ansiosa por sua resposta.

— Estamos negociando. - ele respondeu, sem muita empolgação.

— Nós temos que decidir o que vamos fazer, e logo. - digo, fazendo meu pai respirar fundo.

— O celeiro está bem seguro. Ninguém sabia disso até hoje de manhã. - ele retrucou.

— Mas agora todos sabem, e estão com medo. - digo. — Shane não sai de perto daquele celeiro, não ficaria surpresa se aquela porta fosse aberta e todos aqueles zumbis saíssem.

— Acha que o Shane faria isso? - papai perguntou, interessado na minha opinião.

— Ninguém imaginava que ele fosse transar com sua mulher, então... - deixo a resposta no ar, não me importando com o olhar repreendedor do meu pai.

— Eu vou resolver isso, tá bom? - ele tentou me tranquilizar. — Vou fazer de tudo para que possamos permanecer nesse lugar. A Lori está grávida, não podemos sair daqui. Quero que meus filhos tenham um lugar seguro para viver.

— Eu sei que você vai dar um jeito, pai. - digo, forçando um sorriso esperançoso.

Não sei se papai vai conseguir mudar a opinião de Hershel em tão pouco tempo, mas eu preciso me convencer que sim.

Mais tarde, papai saiu com Hershel e o namorado da Beth, o que me deixou muito desconfiada. Não sei para onde eles foram, e aquilo me preocupava.

Lori estava longe do acampamento cortando cenouras, estava cuidando de Carl enquanto isso. De longe, pude ver Shane conversando com a mulher. Lori não parecia estar gostando daquela conversa, mas ele não parava de incomodá-la.

— Passa o olho no Carl pra mim? - pergunto a Carol, que assentiu com um sorriso no rosto.

Fui até os dois, forçando uma tosse. Shane e Lori me encararam assustados. O homem passou a mão na cabeça raspada e se afastou, me deixando sozinha com Lori.

— O que ele queria? - perguntei, sentando perto da mulher.

— Nada com que deva se preocupar. - a mulher respondeu, forçando um sorriso.

— Isso que eu vou te perguntar agora pode ser constrangedor e você pode até se sentir ofendida, mas eu tenho que perguntar. - informo antes de fazer a pergunta que eu tanto queria. — Esse bebê é do Shane ou do meu pai?

— Do seu pai, com toda certeza. - ela respondeu rapidamente.

— Estou perguntando porque eu vi vocês na floresta há um tempo atrás, então esse bebê também pode ser do Shane. - digo, cortando algumas cenouras para evitar a troca de olhares com a mulher. — Só quero que saiba que, independente do pai desse bebê, ainda é meu irmão. E sempre vai ser. Fiquei feliz por não ter escolhido abortar.

— Eu cheguei a tomar os comprimidos, mas vomitei tudo. - Lori falou, voltando a cortar as cenouras. — Ainda está com raiva de mim? - ela perguntou depois de um tempo.

— Eu não esqueci o que você fez com meu pai, mas não adianta ficar remoendo o passado. - digo com sinceridade. — Papai parece ter te perdoado e está feliz com você, isso é tudo que importa pra mim. Se meu pai está feliz, eu também estou.

— Não tem um dia que eu não me arrependa por ter feito o que fiz, mas me sentia ainda pior por ter você contra mim. - Lori falou com a voz falhada, me olhando com os olhos marejados.

— Sabe, quando minha mãe morreu eu achei que meu pai não ia conseguir ser feliz de novo. - começo a contar. — Ele fazia de tudo para que eu ficasse bem, nem se importava com ele. Apesar de tudo que ele estava passando, papai nunca me deixou de lado. Ele nunca descontou sua raiva e dor em mim. Meu pai estava sempre ali, fazendo tudo que podia e não podia para me ver bem.

Sequei uma lágrima que havia caído e soltei um longo suspiro. Lori ouvia a história com atenção, acariciando minha mão ao perceber que aquilo havia mexido comigo.

— Aí ele encontrou você, e tudo mudou. - eu disse, tirando um sorriso bobo dos lábios de Lori. — Papai voltou a sorrir, começou a se arrumar outra vez. Ele saiu de casa, e não foi pra trabalhar. - nesse momento, mais lágrimas haviam caído. — Confesso que não gostei muito da ideia de ter uma madrasta, ainda mais quando você se mudou pra nossa casa. Mas eu fui me acostumando com o tempo. Achei que você fosse uma bruxa, que ia me tratar como a madrasta da Cinderela. - acabo rindo, fazendo Lori rir também. — Mas não, você respeitou meu espaço e não ficou forçando intimidade. Eu sei que fui muito chata com você no começo, e depois também, mas eu nunca te odiei. Na verdade, eu sempre te amei por amar meu pai.

— E eu amo você, assim como amo meu filho. Do mesmo jeito que vou amar essa criança que estou esperando. - Lori falou, secando minhas lágrimas.

— Prometo não agir mais como uma babaca com você. - digo, abrindo um sorriso sincero.

— E eu prometo não te dar motivos para agir como uma babaca comigo. - ela disse, retribuindo meu sorriso.

Continuamos conversando e cortando as cenouras. Rimos e relembramos histórias antigas. Tinha esquecido de como era bom conversar com alguém assim... tão... materna.

Perdi minha mãe muito cedo e Lori sempre foi a única pessoa mais próxima de uma mãe que eu tive. Fico feliz por termos voltado a nos falar novamente.

No mundo de hoje, não é bom guardar rancor. O tempo passa rápido, amanhã podemos não estar mais aqui. Temos que aproveitar o hoje e amar o máximo que pudermos.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora