Capítulo 01

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S/n Grimes

Estamos presos no engarrafamento há quase três horas. Os rádios não funcionam, nem os celulares. Carl já estava ficando impaciente dentro daquele carro, e eu também.

— Vou ver o que está acontecendo, fiquem aqui. - disse Shane, saindo do carro.

Assim que o policial saiu, desci do carro também, chamando a atenção de Lori imediatamente.

— Shane pediu pra não sairmos.

— Shane não manda em mim. - foi a única coisa que eu disse antes de descer do carro.

Olhei em volta e tive minha atenção atraída por uma caminhonete velha não muito longe de onde estávamos, com uma moto na caçamba. Mas não foi a caminhonete que me chamou atenção, e sim um dos dois homens que fumava encostado nela.

Antes que eu pudesse observar qualquer outra coisa, Shane apareceu com uma expressão irritada e preocupada.

— Eu mandei ficar no carro! - ele disse em tom alto, atraindo vários olhares.

— E eu resolvi descer mesmo assim. - digo, com um sorrisinho sínico no rosto.

— Sabe o que está acontecendo, não sabe? Não tem como eu te proteger se você não colaborar.

— Não lembro de ter pedido a sua ajuda. Na verdade, se eu me recordo bem, você não é o meu pai. - fui clara, mantendo meu tom sarcástico.

— Tem razão, eu não sou seu pai, porque seu pai está morto! - as palavras de Shane fizeram a raiva se espalhar por todo o meu corpo.

Cravei as unhas na palma das minhas mãos, tentando controlar a vontade de acertar a cara daquele idiota com um belo soco.

— Exatamente, meu pai está morto. - repeti, empurrando seu peito e passando por ele.

As pessoas ainda olhavam para mim, mas eu não me importava. Caminhei até a floresta e parei de braços cruzados, olhando a linda vista de Atlanta, que era onde pretendíamos chegar.

— Você está bem? - perguntou uma voz grossa e rouca atrás de mim.

Me virei rapidamente e dei de cara com o homem da caminhonete. Dessa vez, ele não tinha um cigarro em mãos.

— Sim, estou bem. - minto, forçando um sorriso.

Óbvio que eu não estava bem, meu pai está morto e tem um idiota achando que pode mandar em mim.

Pensei em perguntar seu nome, tentar puxar assunto, mas o mesmo foi chamado por um outro homem.

— Darlynda, vem cá! - o homem revirou os olhos e foi até o outro.

Eu apenas comprimi os lábios para não rir e voltei a observar a linda vista de Atlanta.

Dei uma breve olhada para a estrada e vi Carl brincando com uma garotinha, enquanto Lori conversava com uma mulher de cabelos grisalhos, e Shane com um velhinho dono do único trailer que havia ali.

Olhei novamente para trás e não vi mais os dois homens. Decidi voltar para o carro, onde conectei meus fones de ouvido no MP3 que meu pai me deu de presente de aniversário.

Underneath our bad blood
Debaixo do nosso sangue ruim
We still got a sanctum, home
Ainda temos um santuário, casa
Still a home, still a home here
Ainda uma casa, ainda uma casa aqui
It's not too late to build it back
Não é tarde demais para reconstruir ela
'Cause a one-in-a-million chance
Porque uma chance em um milhão
Is still a chance, still a chance
Ainda é uma chance, ainda uma chance
And I would take those odds
E eu prefiro apostar nessa chance

Unbreak the broken
Remendar o que foi quebrado
Unsay these spoken words
Desdizer essas palavras faladas
Find hope in the hopeless
Encontre esperança no desespero
Pull me out of the train wreck
Me tire desse desastre
Unburn the ashes
Desfazer as cinzas
Unchain the reactions
Liberte as reações
I'm not ready to die, not yet
Eu não estou pronto para morrer, ainda não
Pull me out the train wreck
Me tire desse desastre
Pull me out, pull me out, pull me out
Me tire, me tire, me tire
Pull me out, pull me out, pull me out
Me tire, me tire, me tire

Estava concentrada na minha música, quando vi várias pessoas correrem desesperadas. Tirei os fones e ouvi gritos, muitos gritos.

Mesmo de longe dava-se para ver os helicópteros se jogando nos prédios e explodindo toda a cidade. Atlanta estava sendo destruída.

— Temos que sair daqui! - disse Shane, entrando desesperado no carro.

Carl correu para o banco de trás e se aprofundou em meu peito, assustado com aquela situação. Apertei o corpo do garoto contra o meu e tentei não me desesperar também.

— Pra onde vamos? - perguntou Lori.

— Eu não sei. Eu realmente não sei. - Shane respondeu com sinceridade.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora