Capítulo 45

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S/n Grimes

— Dale conseguia irritar as pessoas. Com certeza, ele me irritou. - papai dizia, parado na frente da cova do nosso velho amigo. — Porque ele não tinha medo de dizer exatamente o que pensava, como se sentia. Esse tipo de honestidade é rara e corajosa.

Estávamos nos despedindo de Dale, parados em volta da cova que fizemos para ele.

— Sempre que eu ia tomar uma decisão, eu olhava pro Dale. E ele olhava pra mim com aquele olhar que ele tinha. Todos nós vimos aquele olhar em algum momento. - meu pai continuou. — Nem sempre eu podia compreendê-lo, mas ele nos compreendia. Ele via as pessoas como elas eram. Ele sabia coisas sobre nós. A verdade. Quem nós realmente somos. E no fim ele estava falando sobre a perda da nossa humanidade. Ele disse que o nosso grupo está rachado. O melhor jeito é fortalecer o grupo. Colocar de lado nossas diferenças e nos unir. Parar de sentir pena de nós mesmos e assumir controle das nossas perdas, da nossa segurança, do nosso futuro. Não estamos rachados. Vamos provar que ele estava errado. A partir de agora, vamos fazer do jeito dele. É assim que honraremos o Dale.

Daryl, Andrea, Shane e T-dog saíram mais cedo para levantar cercas. Talvez, ficaremos mais seguros assim.

Voltamos para o plano inicial, que era levar Randall para longe. Faremos aquilo que Dale tanto queria. Papai e Daryl se encarregaram disso, enquanto eu e os outros levávamos nossas coisas para a casa dos Greene.

Estava desmontando minha barraca quando a voz de Carl chamou minha atenção. O garoto tinha um olhar triste, parecia nervoso.

— O que houve? - deixo de lado o que eu fazia e passo a focar somente no meu irmão.

— Se eu te contar uma coisa, promete não contar pros nossos pais? - ele perguntou com um pouco de receio.

— Depende. - franzo o cenho. — Mas diz logo o que você aprontou. - peço, sentando em um pedaço de madeira.

— Peguei isso na moto do Daryl. - Carl falou, tirando uma arma da cintura. — Se ele descobrir que eu peguei isso, ele vai me matar.

— Por que está com isso? - eu perguntei confusa e surpresa, pegando a arma no mesmo instante.

— Dale. - ele disse, abaixando a cabeça e olhando para os pés. — Foi minha culpa ele ter morrido.

— Carl, ele foi mordido por um zumbi...

— Eu vi aquele zumbi. Eu ia atirar nele. - Carl me interrompeu. — Ele tava preso na lama, e eu tava jogando pedras e outras coisas nele. Mas eu ia atirar. Bem na cabeça! - ele se apressou em dizer. — E ele... ele se soltou e veio atrás de mim. E eu fugir. - continuou de cabeça baixa, colocando as mãos nos bolsos do casaco que usava. — Se eu tivesse matado ele, Dale ainda...

— Quero que pare com isso. - agora fui eu quem o interrompi, fazendo ele me olhar outra vez. — Não foi culpa sua, entendeu? - digo de maneira séria, segurando seus ombros.

Puxo o garoto para um abraço carinhoso e apertado, deixando um beijo em sua bochecha.

— Devolva isso pro Daryl, por favor. - ele pediu, eu apenas concordei com a cabeça.

Baguncei o cabelo de Carl e forcei um sorriso fraco, deixando-o ir até a mãe.

Fui até a casa em passos lentos, avistando Daryl sozinho na varanda. O caçador observava um mapa, provavelmente em busca de uma rota para levar Randall.

— Oi. - o cumprimento, fazendo o homem tirar seus olhos do mapa.

— Oi. - ele me cumprimentou de volta, me olhando de cima a baixo.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora