Capítulo 76

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S/n Grimes

Estava deitada no peito suado de Daryl, ouvindo seu coração bater um pouco mais rápido do que o normal. Seus dedos acariciavam levemente as minhas costas, enquanto os meus desenhavam no seu abdômen.

— Minhas costas estão ardendo. - Daryl comentou.

— É, meu rosto também. - digo como se não fosse nada.

— Desculpa. - ele disse com a voz calma, o que conseguia ser ainda mais atraente.

— Tudo bem. - dou de ombros.

Ficamos em silêncio por bastante tempo, mas não era um silêncio constrangedor ou entediante. Gosto de ficar assim com ele, abraçados e em silêncio, apenas curtindo a presença um do outro.

O som do seu coração se tornou minha música favorita. Apenas naqueles raros momentos, em que ele me deita em seu peito e faz promessas que nunca irá cumprir, é que eu me sinto acolhida. Me sinto única.

— Do que você mais tem medo? - resolvo puxar assunto.

— Acho que de nada. - ele respondeu, ficando um pouco pensativo logo em seguida. — E você?

— Ficar sozinha. - a resposta já estava na ponta da minha língua. — Tenho medo de olhar para trás e não encontrar ninguém. Medo de terminar sozinha. - me calo por alguns segundos, parando para pensar em outras coisas. — Também tenho medo da morte.

— Por quê? - o caçador perguntou como se aquilo não tivesse importância.

— Você não tem? - apoio meu queixo em seu peito para conseguir olhar em seus olhos.

— No final vamos todos morrer. - ele disse. — Quanto antes aceitar isso, menos vai sofrer quando chegar a sua hora.

— Mas não é exatamente da morte que eu tenho medo. Tenho medo dos sonhos. - deixo o homem confuso. — Eu tenho medo de ficar presa em um corpo morto e com os olhos vivos, entende?

— Não. - Daryl continuava me olhando com confusão, esperando uma explicação mais coerente.

— O que quero dizer é que, eu tenho medo de me olhar no espelho e não me reconhecer mais. - tento explicar melhor. — Meu maior medo é acabar me perdendo no meio do caminho e me tornar fria demais. Tenho medo daquilo que eu nunca quero me tornar.

— Por que tá pensando nisso agora? - o homem me questionou, começando a ficar preocupado.

— Tive uma conversa com o Hershel naquele dia do ataque. - digo, deitando novamente em seu peito. — As coisas que ele falou me tocaram e sempre ficam voltando na minha cabeça.

— O que ele falou? - ele perguntou curioso, sem parar de acariciar minhas costas.

— Muitas coisas. Uma delas foi pra que eu não me escondesse no escuro, pra que eu continue sendo quem sou. - eu disse, olhando para um canto qualquer daquela torre. — "Pessoas vêm e vão, você não pode fazer nada quanto a isso. Viver dói, mas você precisa continuar." - citei uma de suas falas.

Daryl não sabia o que dizer, assim como eu não soube naquele dia.

— Eu tenho um medo. - disse o caçador depois de um tempo em silêncio, me fazendo olhá-lo outra vez.

— Qual? - perguntei curiosa.

— Tenho medo de te perder. - ele disse, fazendo minha respiração falhar. — Não é como se eu morresse de medo, é só um medinho. - tentou parecer menos "fragilizado".

— Ah, tá bom! - sorri boba. — Talvez eu tenha medo de perder você também. - finjo não dar muita importância para aquilo.

— Sério? - ele riu, deitando por cima de mim.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora