Capítulo 59

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S/n Grimes

— O que aconteceu na outra sala? - Glenn continuou insistindo no assunto.

Estávamos sentados no chão, com nossas costas encostadas na parede e os braços em volta dos joelhos. O rosto de Glenn estava todo machucado, o que me deixava muito mal.

A vontade que tenho é de enfiar uma bala bem no meio da testa de Merle... e que Daryl me perdoe por isso.

— Eu já disse, ele não fez nada comigo. - digo de maneira calma.

— Não minha pra mim. - ele disse, olhando para meu rosto com repreensão e fúria. — Por favor. - tentou parecer menos grosseiro.

— Eu nunca mentiria pra você, Glenn. - falei com sinceridade, encarando os olhos puxados do rapaz. — Se tivesse acontecido algo, eu já teria dito.

Glenn apenas respirou fundo e voltou a olhar para a sala revirada. Os poucos e velhos móveis estavam jogados pelo lugar, junto com o corpo morto de um zumbi.

Olho confusa para o rapaz após o mesmo levantar e caminhar até o cadáver, tirando dele um dos braços.

— O que está fazendo? - pergunto com cara de nojo, vendo Glenn segurar dois ossos afiados.

— Toma, segure isso. - ele me entregou um dos ossos. — Na primeira oportunidade, atacaremos eles.

— Isso vai dar muito certo. - digo em tom baixo e sarcástico.

Ouvimos passos no corredor se aproximando, nos escondemos perto da porta e atacamos de surpresa. Merle e um outro homem, os dois ficaram confusos e surpresos com aquilo.

Glenn pulou em cima de Merle, enquanto eu atacava o outro homem. Joguei o cara contra a parede e enfiei a parte mais afiada do osso em sua garganta, o fazendo cair depois de sangrar por alguns segundos.

A arma do homem disparava enquanto o mesmo escorregava até o chão. Pego a arma rapidamente e a miro em Merle, que pressionava sua faca na garganta de Glenn.

— Solta ele, agora! - grito, segurando a arma com ainda mais firmeza.

— Tá bom. - ele concordou com um sorriso irônico no rosto, levantando as mãos e ficando de pé outra vez.

No mesmo instante, armas foram engatilhadas atrás da gente. Aquilo só podia ser brincadeira.

Merle pegou a arma das minhas mãos e fez com que eu e Glenn nos ajoelhássemos. Olho para o coreano e seguro sua mão com força, lutando contra as lágrimas que enchiam meus olhos.

Era isso, íamos morrer naquele lugar estranho e ninguém nem saberia.

— Foi uma boa tentativa. - Merle confessou atrás da gente. — Fiquei feliz com esse reencontro.

Deixamos de ver o rosto um do outro assim que colocaram sacos na nossa cabeça. Um deles mandou que ficássemos de pé e o som de algo sendo jogado nos assustou.

Foi tudo muito rápido, eu apenas senti mãos grossas me puxarem para fora com agressividade e o vento gelado bater nos meus braços descobertos. Quando o saco foi retirado da minha cabeça, vi o rosto de Daryl.

— Você está bem? - sua voz mal saiu.

Eu apenas balancei a cabeça, encarando seus olhos azuis e profundos. Vi um pequeno sorriso ser aberto em seus lábios, mas não pude mais falar com ele, pois papai me puxou para um abraço apertado e necessitado.

— Eu fiquei tão preocupado. - ele sussurrou em meu ouvido, ainda me apertando contra seu corpo.

Estávamos no meio da rua, não podíamos ficar ali. Sendo assim, corremos e entramos em uma porta aleatória. Me jogo no chão ao lado de Glenn, me permitindo soltar todo o ar preso em meus pulmões.

— Não tem como sair pelos fundos. - disse Daryl, depois de dar uma breve revistada no lugar que entramos.

— Você tá muito ferido? - papai perguntou ao coreano.

— Eu vou ficar bem. - ele disse, segurando a mão de Maggie.

— Cadê aquela mulher? - pergunto ao sentir falta da desconhecida que vinha atrás da gente.

— Ela tava logo atrás de nós. - meu pai respondeu, indo até a janela.

— Talvez tenha sido vista. - disse Oscar.

— Quer que eu vá procurar ela? - Daryl perguntou olhando para meu pai.

— Não. - meu pai negou rapidamente. — Temos que tirar eles dois daqui. Ela se vira sozinha.

— Daryl, isso foi o Merle. - Glenn falou com dificuldade, fazendo o caçador olhá-lo com confusão. — Foi ele. Ele fez isso!

— Você o viu? - indagou meu pai.

— Ele espancou o Glenn, depois quase nos matou. - respondi entre os dentes, sentindo o ódio se espalhar por todo meu corpo.

— Então, meu irmão é o tal governador? - Daryl perguntou, ainda tentando raciocinar o que havíamos dito.

— Não, é outra pessoa. - digo, ajudando Glenn a vestir um casaco que encontrei jogado por ali. — Ele é o tenente, ou algo do tipo.

— Ele sabe que eu tô com vocês? - o caçador continuou perguntando, aparentemente nervoso e preocupado.

— Sabe. - digo, tirando meus olhos dele e os pousando em meu pai. — Desculpa, nós falamos sobre a prisão. Eles...

— Está tudo bem. - papai disse com compreensão.

— O que fizeram com você? - a voz de Daryl suou de forma ainda mais grosseira.

Olho novamente para o caçador e vejo que seus olhos estavam fixos na camisa de Glenn, a qual eu usava. Engoli seco e troquei olhares com o coreano, deixando Daryl e meu pai ainda mais furiosos.

— Não se preocupem, não aconteceu nada. - deixo claro, vendo a raiva subir pelo corpo de Daryl e do meu pai.

— Foi o Merle? - o caçador apenas perguntou.

— Não, foi o tal governador. - respondo em tom sereno.

— Eu vou matar aquele desgraçado! - papai deixou alguns xingamentos escaparem e bateu com tudo na parede.

— Eles vão vim atrás da gente. - eu falei. — Precisamos sair daqui.

— Nós temos que voltar. Você pode andar? - meu pai perguntou para Glenn. — Temos um carro a alguns quilômetros daqui. - Glenn concordou com dificuldade.

— Se o Merle tá aqui, eu tenho encontrar ele. - Daryl insistiu, ainda olhando para meu pai.

— Agora não. - papai negou outra vez. — Estamos em território hostil.

— É meu irmão, eu não vou...

— Sinto muito dizer isso, mas seu irmão é um babaca! - digo sem pena alguma. — Ele espancou o Glenn, jogou um zumbi nele. Merle nos colocou de joelhos e estava pronto pra enfiar uma bala na nossa cabeça. Se quer achar ele, fará isso outra hora, porque eu não estou mais afim de ficar nesse lugar!

— Quem sabe se eu falar com ele? A gente pode fazer ele...

— Não! Não! - agora foi meu pai quem o interrompeu. — Você não tá pensando direto. Não importa o que digam, eles estão feridos. O Glenn mal pode andar. Como vamos conseguir se tiver zumbis no caminho? E se esse governador alcançar a gente? Eu preciso de você! - enquanto meu pai falava, Daryl o ouvia com atenção. — Está comigo?

— Estou. - ele respondeu de maneira séria e convicta.

Love in chaos - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora