Eu estava aninhada nos braços dele de novo.
Era a manhã de natal, e estávamos em baixo dos edredons, com preguiça demais para levantar cedo. Olhamos um para o outro e sorrimos.
– Bom dia – ele beijou minha bochecha.
– Bom dia, amor.
– O que acha, depois que tudo isso acabar, da gente, sei lá... Ir pro Havaí ou algo assim? Curtir um solzinho, quem sabe?
– Eu adoraria – o abracei mais forte. – Mas precisamos te salvar primeiro.
Abri meus olhos sentindo um nó em minha garganta. As lágrimas vieram mais rápido do que eu gostaria.
Aquela lembrança não estava ajudando em nada. Naquele dia fazia um ano que havíamos nos casado. 31 de maio.
Já tinha mais de quatro meses que eu havia me tornado viúva e que Sam fora embora de casa.
Dean só havia me pedido uma coisa e eu não conseguia cumprir seu último desejo. Eu estava morta de vergonha e remorso, com as mãos atadas e andando em círculos. Me sentia completamente inútil.
Ouvi batidas na porta do quarto e logo me sentei na cama, respirando fundo. Castiel abriu a porta, colocando apenas a cabeça para dentro.
– Com licença.
Depois de um mês tentando, eu havia conseguido fazer com que aquele anjo tivesse mais noção de modos humanos.
Castiel não costumava ser sutil, aparecendo do nada, especialmente me assustando de manhã, em momentos que eu havia acabado de acordar, ou aparecendo dentro do Chevelle, quase me fazendo bater o carro algumas vezes.
– Bom dia. Posso entrar?
– Pode – respondi sem muito ânimo.
– Temos trabalho pra você.
– É claro que têm. Se não se importar, preciso fazer minhas coisas de humana primeiro. Poderia esperar um pouco?
– É claro – e então se afastou, fechando a porta.
Eu nem queria sair da cama naquele dia. Ultimamente minha rotina havia se tornado insana. Eu nunca sabia quando estaria ocupada. Quase nunca pegava um caso para resolver, porque sempre era chamada por Castiel em momentos aleatórios para alguma missão que envolvesse matar demônios.
Parte do plano deles de aumentar a minha santidade consistia em me fazer matar o maior número de demônios possível, mas eu estava me sentindo cada vez mais drenada. Meu corpo estava inteiro, funcionando corretamente.
Mas a minha cabeça estava cada vez pior.
Eu acordava todos os dias desejando não estar viva. Não via uma solução, não via uma saída, por mais que Castiel tentasse, à sua maneira, me convencer a continuar lutando, a continuar procurando por respostas sobre o motivo de Lilith querer tanto que Dean fosse para o Inferno.
Eu só... Queria que a dor parasse.
Eu não queria sentir mais nada.
Havia momentos em que eu queria esquecer tudo aquilo. E no entanto, eu sabia que nem que eu me matasse, eu não teria descanso. Ou iria direto pro Inferno, ou seria ressuscitada e forçada a continuar trabalhando.
Eu estava a ponto de surtar.
Não havia nada que Alice ou Jasper pudessem fazer para ajudar. Os poderes de Jasper nem mesmo me afetavam mais, e Alice não podia mais ver o meu futuro.
Às vezes eu só desejava não ter um, mesmo.
Alice bem tentou me fazer melhorar, mas a verdade era que eu só estava vivendo porque era obrigada. Não via mais sentido nas coisas. Matava demônios porque era minha obrigação e nada mais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Winds of Fortune
Fanfiction[sequência de Wayward] Depois de Lilith arrasar a família Winchester, levando a alma de Dean para o Inferno, Bella se vê sozinha em uma jornada de vingança, abandonada pelo cunhado que um dia considerou como um irmão. O que ela não sabia, sequer i...