Capítulo 17

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Estávamos em um hotel, acordados, inquietos. Ruby deitada na cama do Sam, ainda se recuperando, sendo remendada por ele, e eu em pé, de um lado para o outro, roendo minhas unhas, coisa que eu não fazia há muitos anos.

Dean havia saído para comprar alguma coisa para comermos, mas eu não conseguia comer nada. Estava nervosa demais, e ficando cada vez mais nauseada.

– Bella, você precisa pelo menos descansar – Dean me olhou. – Tá acordada há muito tempo, isso vai te fazer mal.

– Eu vou descansar quando o Castiel aparecer.

– Talvez ele demore pra aparecer – disse Sam. – Mas não fica preocupada com ele, ele é um anjo, vai dar tudo certo.

– Isso é pra servir de consolo? Porque, não sei se você lembra, mas tinha outro anjo lá e não deixou nenhum de nós tranquilos – o encarei. – Nós desobedecemos. Estamos ferrados. O fato de ainda estarmos respirando pode ser um milagre, sabia? Se eu perder minha santidade, eu tô mais ferrada ainda porque teremos uma arma a menos pra lutar contra os demônios.

– Olha só, não é culpa sua que isso tenha acontecido, tá legal? – Dean me encarou.

– Na verdade, é sim.

– Como assim? – Sam me olhou.

– Eu confrontei ele... – suspirei. – O lance de ''ou eles ou a gente''. Eu não devia ter feito isso. Eu deveria ter ficado quieta e ter deixado ele fazer o lance dele.

– Se tivesse deixado ele fazer o lance dele, Anna estaria morta – Dean me encarou.

– É, e agora, por causa do que eu falei, talvez todos nós acabemos mortos.

– Bella, escuta, você fez a coisa certa, tá? A gente fez a coisa certa. Não deixamos uma pessoa inocente morrer, e eu não tô nem aí se pros anjos o que ela cometeu é um crime que merece pena de morte. Ela só quis ser humana, isso não faz dela Lúcifer 2.0!

– Acho que eu fui ingênua de achar que poderia resolver algumas coisas na conversa, né? – me sentei na outra cama.

– É, foi mesmo – disse Ruby.

– Cala a boca – Dean a encarou. – A conversa não chegou no chiqueiro.

– Qual é? – Sam revirou os olhos. – Dá pra parar?

Apenas tirei minhas botas e me deitei na cama, de costas para a dupla dinâmica. Deixei que o sono me abatesse, porque me exaurir não seria bom para a Charlie.

E tão logo eu dormi, acordei em outro lugar.

Estava na sala branco onde havia me encontrado com Gabriel, onde havíamos nos conhecido. As coisas pareciam um pouco diferentes, mais aconchegantes, menos intimidadoras. Eu estava sentada em um sofá irritantemente branco, Gabriel sentado em outro à minha frente. Sem sorrisinho debochado, sem piadas.

Como se soubesse o que eu ia perguntar, ele apenas ergueu o indicador próximo à boca, me pedindo silêncio. Confusa, obedeci.

Ouvi uma porta se abrindo, e dela passou uma desconhecida. Uma mulher mais baixa que eu, gorda, vestida como um verdadeiro tomboy, de preto da cabeça aos pés, com uma bermuda na altura dos joelhos e uma camiseta extra grande do Linkin Park. Ela se aproximou de nós e ajustou os óculos quadrados ao rosto.

– Olha, só quero deixar claro que eu não planejei nada disso, mas você, dona Bella, me obrigou a vir aqui.

– Eu? – arqueei as sobrancelhas.

– É, você – ela se jogou no sofá onde Gabriel estava, se sentando com as pernas esticadas, as mãos repousando sobre a barriga, me encarando. Me analisando? – Qual parte do que o Gabriel te falou você não entendeu?

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