Capítulo 15

154 24 4
                                    

Já era outro dia quando chegamos na casa do Bobby. Me senti com peso na consciência por chegarmos daquele jeito, assustados, cansados, com uma desconhecida para proteger de anjos e demônios. Eu precisava tirar o meu da reta e não fazia ideia de como conseguiria aquela proeza, mas ao menos Anna estaria protegida no quarto do pânico. Ruby fez saquinhos de bruxas para todos nós, para manter todos afastados, mas eu sabia que usar um daqueles era perda de tempo.

Eu não tinha como me esconder dos anjos.

Enquanto Ruby ficava de olho em Anna, nós três subimos para conversar com o Bobby e discutir o que sabíamos a respeito da garota, além, é claro, de chamar Pamela Barnes. Aparentemente, quando Anna era pequena, ficava histérica toda vez que o pai se aproximava dela e dizia que seu verdadeiro pai queria matá-la, o que era terrível, considerando que ela só tinha dois anos na época. Se ela não se lembrava de como sabia certas coisas, talvez hipnose ajudasse.

Dean e eu nos olhamos por um momento em uma discussão via olhar sobre contar ou não ao Bobby naquele momento. E é claro que ele percebeu o que estávamos fazendo. Cruzou os braços, nos olhando com os olhos semicerrados.

– O que foi que vocês dois aprontaram?

– Bobby – Dean pigarreou. – É melhor você se sentar.

– Tá legal – ele revirou os olhos, se sentando em sua cadeira atrás da mesinha da biblioteca. – Qual é a grande bomba dessa vez?

Mordi o lábio, ansiosa, e Dean gesticulou para a minha barriga.

– Tem um pãozinho no forno! – disse animado.

Bobby deixou seu queixo cair, nos olhando.

– É pegadinha?

– Não, não é – Dean tirou do bolso da jaqueta a foto da ultrassonografia para mostrar à Bobby. – Olha, essa é a Charlie.

– Quanto tempo? – Bobby perguntou enquanto olhava a foto.

– Quatro meses – respondi.

– Quatro meses?! – arqueou as sobrancelhas. – Então isso foi...

– Foi logo depois que eu saí do inferno – Dean sorriu sem jeito.

– Pelo amor de Deus, vocês são o que? Dois coelhos?

– É o que eu vivo dizendo – Sam riu.

– Mas você estava perdendo peso – Bobby me olhou.

– Anemia, mas agora eu tô melhorando, juro, tô me cuidando direitinho.

– Seus dois idiotas – ele sorriu, se levantando para dar um abraço em Dean e depois em mim. Claramente ele estava tentando não chorar. – Você nem deveria estar trabalhando, Bella, precisa ter cuidado.

– Estou tendo, juro.

Esperamos por Pamela, a quem explicamos brevemente a situação de Anna. Bobby estava cuidando de um caso, então deixou a casa aos nossos cuidados depois que ele saiu, dizendo que se quebrássemos alguma coisa, teríamos que pagar.

Descemos todos até o porão, a acompanhando até o quarto do pânico, onde ela começou a sessão de hipnose colocando a garota em um estado de relaxamento, de sono, para que sua mente pudesse se abrir. Dean, Sam, e eu nos amontoamos ali dentro, curiosos, e Ruby ficou do lado de fora, observando tudo.

– Está me ouvindo? – Pamela perguntou à Anna.

– Tô te ouvindo.

– Então, Anna, diga pra mim: como você escuta os anjos? Como fez o encanto? – se referiu ao banimento de Castiel.

Winds of FortuneOnde histórias criam vida. Descubra agora