Capítulo 24

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– Essa é uma péssima ideia.

– Valeu, amorzinho, eu entendi isso depois da centésima vez que falou.

O Impala estava estacionado perto da funerária, que todos observávamos apreensivos. Cass, Anna e eu estávamos espremidos no banco de trás, os dois tentando me convencer a mudar de ideia e não entrar com Sam e Dean.

– Alastair é muito poderoso e não vai hesitar em matá-la sabendo que nós não podemos entrar – Castiel me olhou.

– Afinal de contas, quem é esse cara? – perguntei irritada. – Ele já deu as caras antes e meteu medo em geral e eu não faço ideia de quem ele seja.

– Ele é o Grande Torturador do Inferno – Anna respondeu. – E até onde sabemos, está trabalhando para a Lilith há um tempo. Ele é basicamente o chefe da staff dela.

– Quantos demônios lá dentro? – Dean perguntou.

– Inicialmente só três, Alastair e outros dois capachos – disse Anna. – Mas da última vez que vimos outros chegarem, totalizava onze, não estavam preocupados com invasores antes de notarem a gente. Não acharam que alguém seria doido o suficiente pra entrar.

– A gente é doido – retruquei.

– Não vá – Castiel insistiu.

– A gente só precisa atrair aquele otário pra fora pra vocês o pegarem, né? Então, Sam e Dean os distraem, eu tiro os ceifadores dali, trazemos Alastair pra fora e vocês pegam ele. É simples.

– Não será tão simples com outros dez demônios com os quais se preocupar – Anna me olhou. – Você realmente não deveria se arriscar.

– Vocês têm alguma ideia melhor? Ruby não está aqui pra dar uma mão, então sobrou pra mim.

– A gente dá conta do recado, não precisa fazer isso – disse Sam.

– Já disse que não! – me irritei. – Serão onze contra dois, vocês perderam a noção do perigo?

– E você tá grávida – Dean se virou pra mim. – Não deveria nem estar aqui.

– Não vamos entrar nessa discussão de novo. A gente entra lá e resolve o problema antes que seja tarde e mais um selo se rompa. Sam tá turbinado com sangue de demônio, não tá? – encarei o mais novo, que revirou os olhos. – Se o Sam pegar o Alastair primeiro e trazer ele pra fora, a gente dá conta do resto.

Castiel suspirou, trocando um olhar com Anna.

– Ficaremos à postos nos fundos da funerária – nos disse. – E Sam – chamou a atenção dele. – Não. Hesite. Precisamos dele vivo, mas não percam tempo conversando com ele e deixando que ele ganhe tempo. Ataquem de uma vez, ouviram bem?

Sam assentiu, no que Cass e Anna sumiram de vista.

– Eu realmente não quero que entre lá – Dean engoliu a seco. – Por favor, por tudo o que é mais sagrado, pela Charlie, Bella – ele se virou para mim. – Não entre com a gente. Por favor, eu tô implorando.

– É o meu trabalho – franzi o cenho.

– Não vai conseguir fazer o seu bendito trabalho se acabar ferida! – ele esbravejou.

– Não tô te entendendo. Por que tá com tanto medo disso?

Dean se virou para a frente, suspirando.

– Tem alguma coisa a ver com o que aconteceu no Inferno?

Sam o olhou, também esperando por respostas. Dean realmente não parecia confortável com o conceito de falar sobre o Inferno com a gente.

– Eu sei do que Alastair é capaz – Dean respondeu por fim. – Só isso.

Eu assenti, desviando o olhar para observar a funerária. Os sigilos enoquianos estavam no prédio inteiro de cima a baixo, então não era coisas que eu poderia quebrar facilmente e remover.

Mas a noite já havia caído e não tínhamos muito tempo.

– Tá, chega de discussão. Vamos nos armar e entrar logo, e acabar com isso – abri a porta e saí.

Os dois saíram atrás de mim, Dean abrindo o porta-malas para nós, pegando as armas de sal, e eu pegando meu facão de ferro, que eu escondi sob a manga antes de nos aproximarmos da funerária.

A porta da frente não estava trancada. Obviamente não imaginavam que alguém tentaria entrar. Nós mal havíamos entrado quando ouvimos elas se trancando. Tirei meu facão da manga, o deixando a postos, sentindo o enxofre cada vez mais forte.

Sam e Dean foram na frente, eu atrás, guardando suas costas, atenta à movimentações estranhas. Caminhamos devagar e o máximo de silêncio possível até o salão onde ocorriam os funerais. No centro, inscrições que mantinham os dois ceifadores presos. Logo avancei para eles a fim de romper o sigilo, mas senti uma faca em meu pescoço subitamente.

– Largue o facão, santinha.

Sam e Dean fizeram menção de tentar me alcançar, mas outros oito demônios surgiram para segurá-los.

Sam ergueu a mão para tentar exorcizar Alastair, mas ele me segurou pelos cabelos, pressionando a faca em meu pescoço com mais força. Estava usando luvas.

Estava esperando por mim?

– Pare o que está fazendo ou eu mato ela agora mesmo. E nem tente bancar o espertinho. Se matar os outros demônios, eu mato ela assim mesmo.

Sam fez um gesto de rendição, sendo contido por quatro demônios, sendo afastado de Dean.

– Vocês realmente achavam que poderiam entrar aqui assim e me atrapalhar como se eu não estivesse esperando por isso? Além de estúpido e suicida, é o plano mais burro que eu já vi. Achar que só porque estão com uma santa podem entrar e vencer? Patético, até pra vocês.

– Você já tem a gente – Dean chamou sua atenção. – Deixa ela ir.

– Ah, não, Dean, eu não posso. Eu tenho planos pra ela. Ou melhor dizendo: Lilith tem planos pra ela. Sabe, faltam poucos selos pra romper agora – ele deu de ombros. – E a sua esposinha aqui é importante pra isso. Além do mais, Lilith tem um grande interesse em converter uma Santa Guerreira. Seria nossa maior aquisição em muito, muito tempo... – ele sorriu pra mim, me provocando arrepios de asco. – E você, Dean – ele o olhou. – Você vai voltar pro Inferno, e vai se tornar um de nós – ele sorriu. – Agora, se não se importam, nós temos coisas a fazer.

Os demônios deram coronhadas nas cabeças de cada um, e Alastair afastou a faca do meu pescoço somente para começar a me arrastar pelos cabelos até um canto do salão.

– Comportada, santinha – ele sorriu, erguendo o punho para mim.

Acertou meu rosto em cheio e então eu apaguei.

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