Capítulo 55

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– Bella, por favor, repense! É o próprio Inferno!

– Eu não me importo! Você não vai lá sozinho!

– Essa não é uma viagem da qual possa voltar facilmente!

Parei onde estava no meio do cemitério, me virando para encarar Castiel.

– Então minha santidade não serve pra nada? – me indignei.

– Não foi o que eu quis dizer. Sua santidade permitiria que você entrasse e saísse, mas o que eu quero dizer, caso tenha se esquecido, é que o tempo no Inferno passa de forma diferente em relação ao mundo superior. Não sabemos quanto tempo levará pra conseguirmos chegar neles. Podemos passar meses terrestres lá dentro.

– E?

– E Charlie vai crescer sem você, Bella. É isso que eu quero dizer. Não quero danificar o laço de vocês com isso. Precisa pensar nela também.

– Eu tô pensando nela. É por isso que precisamos ir o mais rápido que pudermos.

– Bella...

– Cass. Eu fiz uma promessa. Me deixe cumpri-la.

Ele assentiu, ainda que desgostoso.

Algo apareceu no campo, chamando a atenção dos demais anjos, que começaram a se preparar para atacar, mas foram interrompidos por Castiel, que sinalizou que estava tudo bem.

– Tá fazendo o que aqui? – encarei o demônio.

Crowley respirou fundo.

– Terminou de reclamar, Isabella?

– Não.

– Que pena, então, porque eu não vim te ouvir. Eu vim lhe dar isso.

Algo se materializou perante meus olhos. A foice.

– A senhora minha rainha tomou a liberdade de mudar um pouco a aparência dela, deixou o cabo mais longo pra você, mas as propriedades dela tão intactas. Tome – estendeu-a para mim.

– Por que ela tá me dando isso? – perguntei desconfiada.

– Porque Rafael e Gabriel não terão coragem pra matar os próprios irmãos. Mate eles você mesma.

Semicerrei os olhos, confusa com o gesto.

– Não me faça repetir. Pegue.

– Pensei que ela iria até o Inferno conosco.

– ''Iria'' é a palavra-chave, querida. Ela está ocupada. É pegar ou largar.

Com receio, mas sem escolhas melhores, peguei a foice de Morte, engolindo a seco. Me sentia desconfortável com aquilo.

E no mesmo instante ouvi sons que me deixaram arrepiada da cabeça aos pés. Não fui a única a ouvir, já que os demais anjos se entreolhavam confusos, falando uns com os outros. Crowley, no entanto, sorria enquanto o estridente som de gritos ecoava no campo, o chão sob os nossos pés tremendo como se fosse um terremoto, o que durou um longo período. Castiel e eu nos olhamos, incertos. Que diabos foi aquilo?

– Bem na hora! – disse Crowley.

– O que? – o encarei. – O que foi isso?

– A rainha do Inferno, convocando seus demônios, os chamando de volta pra casa.

– Isso não pode ser bom – Castiel suspirou.

– Na verdade, estamos lhes fazendo um favor.

– Como isso poderia ser um favor? – questionei impaciente.

– Estamos separando o joio do trigo.

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