Capítulo 12

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– Então basicamente estamos presos nisso? Estamos todos presos nisso?

Sam nos entreolhava, os braços cruzados em uma pose inquisidora. Dean suspirou, fechando os olhos por um momento, apertando a ponte do nariz. Estava tão estressado quanto eu. Primeiro o estresse que veio com o choque de sabermos que seríamos pais, depois o de saber que precisaríamos abrir mão do nosso primogênito.

E agora por saber que estávamos até o pescoço no fundo daquele poço.

Outro anjo apareceu, no que Castiel se afastou um pouco para falar com ela. Retornou com alguns papéis para os exames que eu teria que fazer. Estava me sentindo como uma criança, sem poder de escolha, com minhas opiniões sendo ignoradas.

– Deveríamos ir em meia hora – ele disse.

Apenas assenti, me levantando. Uma lista extensa de coisas a fazer e a minha sorte estava no fato de não ter comido nada naquela manhã.

– Espera – Dean se levantou, no que todos nos voltamos para ele. – Posso... Posso ir com você?

Ah, Dean.

É claro que ele queria ir. Assenti, e ele pegou a pasta com seus documentos, entrando logo atrás de mim. Pedi a Castiel que nos esperasse e nos arrumamos rapidamente. Eu odiava hospitais, odiava. O cheiro de álcool e produtos de limpeza, as luzes e paredes brancas, as pessoas nervosas e apreensivas. Era o tipo de ambiente do qual eu sempre procurava fugir e não ir a menos que estivesse morrendo.

E para onde eu então era obrigada a ir.

Castiel foi primeiro, se certificando de que não teríamos companhia, e então voltou para nos buscar. Vantagens de se ter um amigo alado, eu acho.

A coisa toda me deixou tremendo. Coleta de material genético... O conceito me deixou arrepiada. Fazia muito, muito tempo que eu não ficava enjoada vendo sangue, mas quando a enfermeira apareceu com uma agulha para tirar o meu, eu imediatamente fechei meus olhos, começando a suar frio.

Castiel, sem saber ao certo se deveria ou não interferir, apenas observava a gente.

A obstetra, que era uma senhora muito gentil, por sinal, logo percebeu que éramos pais de primeira viagem. Eu não sabia quem estava mais nervoso ali, eu ou Dean, que segurava minha mão com firmeza demais, ouvindo atentamente todas as recomendações médicas que eu estava recebendo.

Recebi prescrições de vitaminas para suprir o baixo ferro em meu sangue, além de outras coisas. Segundo ela, os enjoos diminuiriam quando eu entrasse no segundo trimestre de gravidez, e eu odiei que ela falasse em trimestres e semanas, em vez de meses. Por que médicos gostavam de calcular a gravidez daquele jeito?

Então o momento mais esperado por Dean. A bendita ultrassonografia. Calculando o tempo que eu provavelmente tinha de gravidez, pouco mais de dez semanas, e minha quase ausência de barriga, uma ultrassonografia abdominal não era o meu caso.

Respirei fundo e tentei ficar mais tranquila, sabendo que Dean estava ao meu lado, mas quando a obstetra inseriu a sonda em meu canal, eu quis me enterrar. Não havia incentivo que me fizesse relaxar ali. Dessa vez era eu quem estava quase esmagando a mão de Dean.

Eu estava completamente aérea ali, tentando me concentrar no que ela estava explicando enquanto olhava para o ecógrafo, vendo a silhueta daquele pingo de gente. Aparentemente era do tamanho de um limãozinho, tinha quase cinco centímetros.

Podia ver suas perninhas se mexendo um pouco, me chutando, o que me assustou, porque até então eu não conseguia sentir nenhum de seus chutes.

Então ouvimos. Ouvimos seu pequeno coração bater.

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