Capítulo 10

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Depois de deixar a casa do Bobby em ordem de novo, nós acabamos dormindo lá mesmo, pois estávamos cansados demais para pegar a estrada.

Na manhã seguinte, acabei acordando bem mais tarde do que deveria. O sol já estava brilhando, me incomodando quando acordei. Já passava das 9h quando finalmente tive ânimo para levantar.

– Bom dia, bela adormecida! – Bobby brincou quando me viu entrando na cozinha. – Meu Deus, Bella, você perdeu muito peso – ele logo ficou mais sério.

Ficar de regata e shorts também não me ajudava a disfarçar, mas eu não ficaria de jeans e camiseta naquele calor. Quando percebi, Sam também me olhava com seriedade, e eu sinceramente esperava que ele sentisse uma bela pontada de culpa.

– É, acontece quando se está de luto e trabalhando o dia inteiro, eu acho – puxei uma cadeira para me sentar à mesa.

– Castiel realmente não brincava em serviço, né? – Dean me olhou enquanto enchia uma caneca com café e a entregava pra mim.

– Demônios à solta e aquela cadela tocando o terror no mundo e rindo das nossas caras... – suspirei. – Foi uma merda.

Depois do café, partimos para a estrada. Era quase normal, quase como se nada tivesse acontecido, e quase, apenas quase, como se eu ainda não estivesse com raiva de Sam pelas coisas que havia dito e feito.

E assim como antes de todas as merdas em nossas vidas acontecerem, estávamos resolvendo casos em sequência, quase sem pausas. Eventualmente eu precisava voltar para casa para verificar a comida na geladeira e na dispensa, e com isso acabávamos ficando um pouco e mesmo descansando.

Eu me sentia cada vez mais cansada. Não entendia a ânsia de Dean de resolver um caso atrás do outro, apesar da parte que dizia respeito à Lilith ser perfeitamente compreensível. Parcialmente era a culpa que sentia em saber que o que ele fez no Inferno estava resultando em tantas mortes.

O que ele parecia não entender era que aquilo não era culpa dele. Ele foi usado por aquela diaba, ela havia se aproveitado do maior ponto fraco dele para conseguir o que queria. Ainda assim, ele não conseguia se perdoar.

Depois de resolvermos um difícil caso envolvendo um rugaru, no Missouri, eu me sentia fisicamente horrível. Não apenas porque rugarus comiam carne humana e aquilo me deixou com o estômago revoltado, mas também porque o caso inteiro tinha sido bem difícil. Nosso monstro da vez nem mesmo sabia o que ele era e eu só podia imaginar a confusão em sua cabeça em perceber que não era humano.

Ter que queimá-lo vivo para que ele não ferisse mais ninguém, para mim, foi a pior coisa. Não era como se aquilo fosse culpa dele, ou uma escolha de estilo de vida, mas ele não tinha controle sobre aquilo. Não era do tipo de monstro que podia manter certa humanidade e agir com consciência.

Tudo o que eu queria depois daquele trabalho era voltar para casa e dormir por uma semana. Não tínhamos pistas de Lilith e Castiel não aparecia há tempos.

O trajeto de volta para Lawrence era um martírio. Eu estava com uma enxaqueca insuportável que mal me deixava abrir os olhos e meu estômago estava embrulhado com cheiro do cheeseburguer que Dean estava comendo no carro.

Assim que cheguei, joguei minha mochila em um canto do quarto e fui direto para o chuveiro. Água fria para apaziguar o calor no fim de julho. Eu estava sem vontade nenhuma de pegar um bronzeado, a luz do sol era quase impossível de suportar. Meus olhos doíam só de sair à luz do dia.

Me enfiei em minha camisola de algodão favorita, fechando as cortinas, ligando o ar-condicionado e me deitando. Dean e Sam provavelmente beberiam cerveja e comeriam alguma besteira, então eu não tinha nada com o que me preocupar.

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