Capítulo 29

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Eu sempre imaginei que Charlie me daria trabalho na hora de nascer, por ser a minha primeira, mas imaginar que ela me faria passar por aquele martírio...

Faltava um dia para o Dia dos Namorados. Oficialmente, aquela seria a primeira vez que Dean e eu comemoraríamos a data.

E Charlie já dava indícios de que queria chegar.

A princípio, eu não estava alarmada com contrações, porque sabia da existência de falsos alarmes, as contrações de treinamento, que não necessariamente conduziriam ao parto, mas meu desconforto não diminuía com o tempo.

Eu não queria alarmar ninguém, então tentei lidar com o meu desconforto sozinha. Charlie não deveria nascer naquele período, ainda faltava algum tempo para a data prevista do parto, então eu não disse nada quando Sam e Ruby apareceram como uma pista sobre o paradeiro de Lilith.

Sam rapidamente começou a fazer as malas com Ruby enquanto Dean e eu nos entreolhávamos, ele na cozinha, preparando o café da manhã, e eu em baixo de um manto, sentada no sofá da sala, me aquecendo de frente para a lareira acesa.

Quando Sam e Ruby voltaram, ele nem mesmo hesitou:

– Me liguem quando tiverem certeza – Dean os disse.

– Não vem com a gente? – Sam franziu o cenho, a mochila em mãos, pronto para passar pela porta.

– Não vou deixar a Bella sozinha, cara.

– Dean, vai – o encorajei. – Não se preocupa com a gente, Anna está comigo.

– Ela não está aqui agora.

– Ela está fazendo a ronda dela. É sério, pode ir, não deixa eu te prender aqui.

– Falta pouco tempo pra Charlie nascer, eu não vou te deixar só.

– Se alguma coisa acontecer, Anna me leva pro hospital. É sério, não se preocupa com a gente. É uma pista fresca da Lilith, vocês precisam trabalhar nisso juntos. Dean, vai, por favor, Sam precisa de você nisso.

E Sam claramente estava desconcertado em me ouvir falar daquela forma. Algum lampejo de culpa escondido em seu rosto ilustrava que, apesar de ele querer o irmão naquela caçada, também entendia o nervosismo dele em ficar.

Dei meu melhor para disfarçar uma onda de dor quando senti uma contração chegando, me virando de frente para a lareira, respirando fundo, contando até dez.

– Bella? – ouvi Sam me chamar.

Engoli a seco, me virando para olhá-lo.

– Hm? O que?

– Tá tudo bem? – ele franziu o cenho.

– Sim, claro – tentei disfarçar. – Só tô com frio.

Se ele havia comprado a mentira eu não sabia, mas Ruby sabia que eu estava mentindo e guardou pra si. Dean ainda estava em cima do muro, terminando de preparar ovos fritos e bacon para o café quando Sam o olhou fixamente, esperando por uma resposta. Irritado, ele desligou o fogão e tirou seu avental da cintura.

– Me dá dois minutos.

Enquanto Dean pegava o que precisaria para a viagem, Sam foi até a cozinha, desligando a cafeteira para encher uma caneca, misturando com leite e adicionando açúcar. Tirou as torradas da torradeira, colocando-as com os ovos e o bacon e trazendo tudo para mim. O encarei com surpresa, no que ele logo se defendeu.

– Que foi? Não posso fazer uma gentileza?

– Claro que pode. Eu só não... Esperava – disse enquanto aceitava o prato.

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