Capítulo 35

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Oito da noite. Não nevava mais, mas estava frio pra caramba.

Gabriel, no topo da igreja, soou sua trombeta para chamar qualquer anjo que quisesse testemunhar o evento.

O som daquela trombeta não se parecia com nada que eu já tivesse ouvido. O volume da coisa e seu alcance era maior que a parafernália típica usada em shows de estádio, segundo Gabriel. Não feria os ouvidos, mas era assustadora e deixou Charlie chorando nos braços de Dean.

E aquilo, é claro, chamaria todos os anjos próximos à nós, fossem aliados ou inimigos, e estávamos preparados e armados para lutar com os que viessem nos pegar.

Porque Zacarias viria, com sua turma de mal-educados, e era de se imaginar que Uriel e algum outro anjo babaca estivesse o acompanhando, porque eram todos um bando de paus mandados de Miguel.

E é claro, os demônios também viriam, mesmo que não conseguissem entrar na igreja, para testemunhar e espalhar a fofoca aos quatro ventos.

Gabriel entrou, transformando completamente a igreja por dentro, dando-lhe um esplendor e glória que nem eu ou Kellan poderíamos imaginar. Dourado e branco por todos os lados, estátuas de anjos com trombetas, harpas, espadas e outras coisas mais decorando o lugar, bem como alguns santos. E é claro, na área do púlpito, que agora não estava mais lá, a Virgem Maria e o menino Jesus.

Todos os anjos da guarnição de Castiel estavam presentes, bem como os de outras guarnições que serviam à Gabriel. Eu esperava no quarto de Kellan, amamentando Charlie uma última vez antes de entregá-la a Dean. Ele estava armado e pronto para uma batalha iminente, mas não estava nada feliz de estar com Charlie ali, exposta ao perigo.

– Cara, já notou que o salão está lotado com anjos? – Sam deu um sorrisinho maroto. – Relaxa, cara.

– Não dá, não até tirarmos Charlie daqui.

– Anna vai acompanhar vocês o tempo inteiro – o assegurei. – Assim que o resto chegar, vocês sairão daqui com ela e outros dois anjos.

– Péssima ideia declarar guerra assim, abertamente – ajeitou Charlie em seu colo para que ela arrotasse.

Logo começamos a ouvir os sinos da igreja tocando, nos alarmando, e em seguida, uma estranha cantoria acompanhada de orquestra. Nos entreolhamos surpresos.

– Ele não fez isso – Dean murmurou incrédulo.

– Ele fez – Castiel surgiu, nos surpreendendo, acompanhado de Anna. – Hoje é um marco, um dia de celebração.

– É uma declaração de guerra – Dean franziu o cenho.

– E nem mesmo por isso deve ser menos glorioso. Acredite, no que dependesse de extravagância, Gabriel teria feito isso no Vaticano, apenas para afrontar a igreja e se impor. É uma surpresa que ele tenha se contido e organizado tudo aqui, em Lawrence.

– Trouxemos nosso próprio coral e nossa orquestra – Anna sorriu. – É uma honra para os anjos cantarem nesse evento. Por mais que vocês não se sintam confortáveis, é um momento aguardado por muitos de nós. Tenham um pouco de paciência.

– Tô preocupado em como a Charlie vai ficar nisso tudo.

– Se eles vierem até nós, e há uma grande chance de virem, vocês não ficarão desprotegidos.

– Agora é pra valer – Castiel respirou fundo.

– Venham, rapazes – Anna os chamou. – Está na hora. A missa está começando.

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