Capítulo 11

167 26 2
                                    

Eu olhava para os três testes diferentes com um misto de terror e falta de esperança. Dean ainda estava chocado, de braços cruzados, escorado na porta, observando os testes em silêncio. Aquele não era o momento, e não poderia ser. Tinha coisa demais acontecendo e eu não podia ficar parada.

– Então – ele pigarreou, me olhando. Parecia com receio de falar. – O que você... O que você quer fazer?

– Sabe o que eu quero fazer – não fiz cerimônia, não havia motivos para isso. – Eu quero ser a mãe dos seus filhos, Dean... – e por um momento, vi uma pontinha de esperança nele. – Mas Lilith está à espreita.

– É, eu sei. Chega a ser irônico, sabe? – ele sorriu triste por um momento. – Eu sempre quis um sinal, um mísero sinal que fosse pra largar a vida de caçador...

– E acha que esse bebê é o sinal que precisa?

– Gostaria de pensar que sim. E essa é a ironia da coisa, acho. Um motivo pra largar tudo no momento em que eu não posso fazer isso.

– Como pararíamos de caçar, considerando o cenário pré-Apocalipse em que a gente tá agora?

– Eu não sei, mas a gente não tem que fazer tudo sozinhos. Castiel está trabalhando nisso também, não está? Além do mais, ele te deu uma folga por ordem dos superiores deles – deu de ombros.

Uma ideia me ocorreu.

– E se... E se os superiores dele estivessem esperando que isso acontecesse?

Dean primeiro franziu o cenho, confuso, e então arregalou os olhos, provavelmente processando a mesma ideia que tinha me passado pela mente.

– Acha que eles vão usar o bebê contra a gente? – me olhou.

– Eu tenho certeza que sim. É uma forma de me manter obediente – suspirei. – Mesmo que em momento algum eu tenha feito algo contra o que eles me ordenavam.

– Seus chefes são bem desconfiados, né?

– Acho que deve ser pelo fato de eles não gostarem da humanidade. Dean, você sabe o que eu tenho que fazer. Eu não espero que concorde com a minha decisão, mas espero que pelo menos você entenda o motivo de eu precisar fazer isso. Não vou deixar essa criança ser usada contra a gente, não posso deixar que ameacem ela.

Ele assentiu, baixando os olhos para o chão. Claramente aquilo o feria mais do que ele gostaria de admitir, mas nós dois sabíamos do perigo.

– Eu sinto muito – me afastei dele, saindo do quarto.

Comecei a descer as escadas para a biblioteca, a fim de ligar o notebook para agendar um horário em alguma clínica na cidade.

Minha visão ficou preta no momento em que toquei na maçaneta.

~

Não sei quanto tempo se passou até que eu abrisse meus olhos novamente, mas quando o fiz, percebi que estava deitada em um divã branco, em uma sala irritantemente branca, que se assemelhava a uma sala de estar com vista para o mar. Toda aquela ''brancura'' poderia facilmente ser um meio de tortura psicológica. As portas de vidro da sala estavam abertas e uma brisa fresca entrava.

Eu não estava sozinha. Castiel estava bem atrás de mim, de pé, parecendo desconfortável, mas não perguntei o motivo.

Porque o desconforto dele muito provavelmente se devia à presença do outro anjo ali, um que eu nunca tinha visto antes e um que me deixou desconfortável com sua presença. Eu sentia de longe que ele não era do tipo amigável. Me sentei no divã, permanecendo quieta. Não sabia o que esperar dele.

Winds of FortuneOnde histórias criam vida. Descubra agora