Capítulo 50

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Estávamos nós quatro reunidos na biblioteca de Bobby, encarando os três anéis que tínhamos até o momento. Meu rosto ainda estava vermelho de toda a crise de choro que eu tive ao contar a Bobby sobre o sequestro de Charlie.

– Vocês são impossivelmente dramáticos – Crowley revirava os olhos para nós enquanto bebia seu uísque, um que ele mesmo havia trazido, porque, segundo ele, Bobby não tinha bom gosto para a bebida. – Ela foi bem clara: não banquem os espertinhos com a Morte, porque é A Morte.

– Não estamos com a foice dele – Sam o olhou. – Não temos nada pra tentar matá-lo e nada pra usar como barganha.

– ''A Morte é justa. Não se pode barganhar com ela, e não se pode matar a morte. O que Lúcifer está fazendo com ele não é justo e é isso que ele quer: justiça. Equilíbrio. A chave está no respeito'' – Crowley tentou imitar a voz dela, revirando os olhos no final. – Palavras dela, não minhas.

– Ela quer que a gente consiga o último anel na base da conversa ou eu entendi errado? – Bobby perguntou indignado.

– É o que parece – tombei minha cabeça no sofá.

– Por que ela não vai atrás de Morte e pede o anel? – Sam indagou.

– Porque ela tá com a foice dele, o que já é motivo suficiente pra ele não gostar muito dela – respondeu Crowley. – E porque ela está ocupada.

– Fazendo o que? – nós três perguntamos juntos.

– Botando ordem na casa, alinhando os patos dela... – ele deu de ombros. – Por acaso se esqueceram que esse não é o único mundo que ela precisa gerenciar?

– Ah... – suspirei. – É verdade.

– Bem, precisamos nos organizar. Você, em especial, alce – olhou para Sam. – Prepare seu estômago.

– Por que?

– Por que antes de você dizer ''sim'' à Satã, precisará beber quantidades exorbitantes de sangue de demônio.

– O que?! Por que?!

– Reforça a casca – ele deu de ombros.

– Então o cara daquele corpo...

– Está bebendo baldes de sangue – Crowley sorriu. – Meus passarinhos me contaram. Me contaram também que a sua amada Ruby é a serva mais leal de Lúcifer. Ela tem estado ocupada com uma missão.

– Que missão? – perguntei.

– Não consegui descobrir ainda, mas não deve ser nada de bom pra nós. Façamos o seguinte: eu deixo vocês em Chicago, vocês falam com a Morte, pegam o anel, e depois nós nos encontramos aqui de novo para você beber o suquinho de Satã – ele sorriu encarando Sam. – O que acham?

– Por que Morte está em Chicago? – perguntei.

– A tempestade do milênio – Bobby chamou nossa atenção. – Uma tempestade que pode varrer a cidade do mapa, matar toda a população, do jeito que Satã gosta.

– Lúcifer está obrigando Morte a fazer isso?

– É o nosso palpite, considerando o que Alexis nos disse – Crowley terminou de beber seu uísque. – De alguma forma, ele colocou uma coleira no Cavaleiro.

– O que significa que há uma chance de Morte nos ajudar de fato – Sam concluiu. – Justiça. Ele quer liberdade.

– Bingo.

Nossas esperanças foram revividas, mas nós não estávamos mais tranquilos.

Eu não tinha como ficar tranquila, sabendo que Miguel estava por aí, ciente do plano, com Charlie, e que isso poderia ser usado contra nós a qualquer momento.

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