Capítulo 16

149 23 1
                                    

Aquela foi uma manhã horrível.

Dean havia dirigido a noite toda para chegarmos no lugar onde Sam havia concluído que a graça de Anna havia caído, um lugar que podíamos chamar de Marco Zero da pura criação a partir da caída da graça naquele ponto.

E no momento em que Anna tocou o enorme carvalho onde a graça deveria estar, soube que já havia sido removida.

Não tínhamos plano B, não tínhamos nenhuma arma que pudesse matar anjos. E mesmo que tivéssemos, eu não a usaria para matar Castiel. Não havia realmente nenhum lugar onde pudéssemos nos esconder e não havia tempo para fugir de volta para a casa do Bobby. Nem mesmo era uma decisão inteligente, já que isso poderia colocá-lo em perigo por culpa nossa.

Só me restava apelar. Eu não sabia se já havia deixado de ser Santa, que receberia uma condenação, também, por desobediência. Tecnicamente, eu não havia feito nada de errado, nada além de defender uma vida humana, o que era parte do meu dever.

Estávamos escondidos em um celeiro abandonado no meio do nada, esperando pela morte, praticamente. Dean e Sam estavam de guarda com Anna. Ruby havia sumido no meio da noite, provavelmente para nos trair.

E eu fiquei caminhando um pouco do lado de fora do celeiro, olhando para o nada, pensando em tudo.

Desobediência.

Qual preço eu teria que pagar pela minha desobediência? Acariciei minha barriga, pensando em Charlie. Pensando na nossa casa, na nossa família. Eu precisava apostar na crença de que ela não seria ferida, precisava contar com aquilo.

– Castiel – eu o chamei, olhando para a noite sem estrelas. – Por favor. Não quero brigar. Eu só quero conversar.

Ouvi o bater de suas asas atrás de mim. Me virei para vê-lo, e ele não parecia muito tranquilo. Parecia... Apreensivo.

– Cadê aquele mal educado?

– Uriel está falando com Dean nesse exato momento – ele engoliu a seco. – Em sonho, pelo menos.

– Castiel, Anna não merece morrer.

– Não questionamos as nossas ordens! – ele esbravejou, no que eu recuei. Ele pareceu envergonhado em fazer isso, depois. – Não cabe a nós fazer isso. Sabia disso quando começou a trabalhar comigo.

– Não sabia disso quanto eu te disse sim para salvar a vida do Dean. Nós deveríamos proteger as pessoas, Cass.

– Anna desobedeceu, assim como Lúcifer!

– Lúcifer quer destruir a humanidade, ou por ciúme ou por inveja! Você ao menos olhou pra Anna? Ela só queria uma família, assim como eu.

– Vocês duas são completamente diferentes. Você sempre foi humana, Bella.

– E desde quando isso me isenta de alguma coisa? Não tá vendo, Castiel? Deus não se importa! Ele não se importa com o que fazemos!

– Como pode dizer isso?!

– Se ele realmente quisesse que Anna morresse, bastaria que estalasse os dedos! Ele é o Todo-Poderoso, governante de tudo que há! Mas em vez de Ele mesmo arregaçar as mangas e colocar ordem na casa, em vez de Ele se fazer presente, Ele coloca irmão contra irmão, e pelo que? Uma futilidade! Mandou vocês a matarem só porque ela teve vontade própria, não está vendo?

Me aproximei dele, no que ele desviou o olhar, envergonhado.

– O Deus a quem eu rezo e o Deus que nos dá ordens, Castiel... Acha que é o mesmo? Acha que o Deus que me concedeu graça e poder para salvar milhares dos seus faria isso?

Winds of FortuneOnde histórias criam vida. Descubra agora