Capítulo 38

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Não havia descanso pra mim.

Eu havia me deitado com Dean, Charlie em seu berço, ao meu lado, dormindo depois da última mamada. E eu não conseguia dormir por mais que tentasse.

Porque Zacarias não calava a boca. Estava colocando os anjos contra mim, ou ao menos tentando. Tentando inflamá-los para a batalha, tentando fazê-los acreditar que o lado deles estava certo.

Ouvi Charlie começar a chorar e logo me levantei, pegando-a no colo e a embalando.

– Não consegue dormir também, meu amor? – beijei sua testa, embrulhando-a em seu manto enquanto a colocava para mamar. – Aquele anjo chato também tá te perturbando? Mamãe vai dar uma surra nele.

– Que anjo? – ouvi Dean perguntar, grogue, se sentando na cama.

– Zacarias. Ele não calou a boca a noite toda.

– Tá ouvindo ele?

– Acho que todo mundo tá.

– O que ele tá dizendo?

– Ah, o de sempre. Tentando colocar os outros anjos contra a gente. Parece que Miguel tirou a autoridade de Gabriel, mas Miguel pode ir pro inferno.

– Ah, ele vai, pode ter certeza – ele se levantou, vindo até a gente e me abraçando por trás. – Vou fazer de tudo pra isso acontecer. Não vou deixar nenhum frango celestial machucar a minha família.

– Ei.

– Hm?

– Por que falou dos anéis pro Bobby? Ela mandou a gente não falar.

– Eu sei, eu sei, mas... Com tudo que tá acontecendo eu não posso simplesmente esconder essas coisas dele.

– Falou sobre ela?

– Não. Eu disse que Gabriel nos falou dos anéis.

– O que ele disse sobre o plano da jaula?

– Ele é totalmente contra, mas ele não é bobo. Ele sabe que não tem outro jeito.

Isabella – ouvi a voz de Anna. Aconteceu uma coisa. Precisa vir.

Posso pelo menos terminar de amamentar a Charlie?

Cinco minutos. E venha armada.

– Amor? – ouvi Dean me chamar. – Ouviu o que eu disse?

– Não, desculpa, a Anna tava falando comigo.

– O que houve?

– Não sei, mas tenho que ir – e olhei para Charlie, que já havia parado de mamar porque acabou dormindo de novo. A embrulhei bem antes de entregá-la a Dean e procurar por roupas limpas em minha mochila.

– Bella, você tá acordada direto há horas – ele me fitou.

– Eu sei.

– Você passou doze anos naquela sala sem descanso.

– Eu sei, amor – suspirei, parando de mexer na mochila. – Mas eu não tenho tempo.

– Os anjos vão ter que arranjar tempo pra você, porque você ainda é humana e ainda precisa descansar e comer direito, e não é só pela Charlie.

– Eu sei – me aproximei dele, descansando o rosto em seu pescoço por um momento. – Mas agora não dá. Me desculpa colocar todas essas responsabilidades nos seus ombros.

– Não tão só nos meus ombros. Todos nós estamos carregando esses fardos. Eu só me preocupo... Eu tenho medo.

– Também tenho. Tenha fé, tá bem? A gente vai conseguir.

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