Capítulo 9

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Enquanto Sam e Dean enchiam mais cartuchos com sal, eu ajudava Bobby a procurar por um símbolo em um de seus livros. Eu não havia notado em Charlie e Renée, mas, aparentemente, outros fantasmas com quem eles haviam esbarrado apresentavam uma marca, como se marcados em brasa.

– Viu? É por isso que eu não vou atrás de Deus – Dean chamou nossa atenção.

– Do que você tá falando? – Sam perguntou confuso.

– Se ele não existe, ótimo. Coisa ruim acontece com gente boa, isso acontece toda hora, sem a menor razão, sem motivo horrível ou do mal. Isso aí eu até posso entender, mas se Ele tá lá, qual é o problema Dele? Onde é que Ele se esconde enquanto gente decente tá sendo feita em pedaços? Como é que Ele aguenta? Por quê que ele não ajuda?

Sam e Bobby trocaram olhares desconfortáveis, no que Dean se virou pra gente.

– Eu não toco nesse assunto, não chego nem perto – Bobby respondeu.

– Benzinho, você é uma Santa juramentada ao serviço Dele – Dean se voltou para mim. – Qual sua opinião sobre Ele?

– Eu acho que Ele é um tremendo filho da puta.

Os três arfaram assustados em me ouvir dizer aquilo.

– Nossa! – Dean desviou o olhar. – Por essa eu não esperava! E por que acha isso?

– Como você disse... – me voltei para ele. – Ele não ajuda. Ele não move um dedo. Tem anjos por aí agora? É, tem, mas eles só estão aqui porque foram mandados vir. Eles não estavam aqui antes, o que significa que Deus estava se lixando pra nós. Ele deixa todo o tipo de merda acontecer com todo mundo. Lilith tá por detrás disso e Ele faz alguma coisa? Não faz! Sobra tudo pra gente! Castiel pode até ser gente boa, e Gabriel pode ter tido seus momentos ilustres, mas mesmo eles não podem agir como bem entendem, e pra que? Eu não sei qual é a finalidade disso tudo.

– É, tem razão – Sam suspirou. – Cuidado pra não xingar o seu chefe na frente dos seus outros chefes.

– Eu não sou assim tão suicida.

Dean abriu a boca, prestes a me perguntar algo, mas Bobby chamou nossa atenção ao dizer que enfim havia encontrado o símbolo que eles viram.

– A marca da Testemunha – apontou para o livro, no que nos levantamos para ver de perto.

– Testemunha? – Sam franziu o cenho. – Testemunha de que?

– Do que não é natural. Nenhum deles morreu do que a gente chama de causa natural. Vejam, os fantasmas foram obrigados a se levantar. Eles estavam em agonia, como cães raivosos. Não é culpa deles. Alguém trouxe eles. De propósito.

– É, a desgraçada da Lilith – respondi.

– E ela usou um feitiço tão poderoso que marcou a alma deles. Lilith tem grandes planos. É chamado O Levante das Testemunhas e é uma antiga profecia.

– Peraí, peraí, peraí – Dean pestanejou. – De que livro é a tal profecia?

– Ora, a versão mais conhecida é só pra turistas, sabe como é, mas, resumindo: Revelações. Isso é um sinal, meninos.

– Um sinal de que? – Sam e Dean perguntaram ao mesmo tempo.

– Do Apocalipse – Bobby e eu respondemos em uníssono, no que os três me encararam.

Encarei Dean confusa.

– Não contou pra eles?

– Não contou o que? – Sam cruzou os braços.

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