Eu queria me disfarçar de agente e ir com eles investigar em campo quando chegamos em Cheyenne, mas eu não podia.
Porque, no minuto em que chegamos, eu fui bombardeada com orações desesperadas de pessoas pedindo algum tipo de socorro.
Era muito trabalho, e não era raro eu me esbarrar com algum ceifeiro, muito para o meu desgosto, porque eles sempre tentavam me dissuadir de salvar quem eu tinha que salvar pra deixar que eles levassem suas almas.
Os que não estavam moribundos estavam alucinados e eu sinceramente não sabia o que fazer, porque não havia como remediar aquilo. Quem tivesse sido tocado pela Fome sofria seus efeitos, e até aquele momento, nada havia me acontecido, mas eu não podia abusar da sorte.
Nos reencontramos só à noite, no quarto de hotel onde estávamos nos hospedando, percebendo que eles haviam voltado há pouco tempo, também.
E Sam não estava com uma cara muito boa. Podia sentir que ele tentava disfarçar, mas ele estava começando a suar um pouco.
Fome estava começando a afetá-lo e eu sabia exatamente o que ele queria.
– E aí? O que descobriram? – perguntei enquanto deixava minha lança escorada na parede, me livrando de minha armadura.
– Além de umas marcas estranhas nos corações de alguns defuntos? – Sam suspirou, se sentando à mesa. – Nada.
– Que tipo de marcas?
– Parecia enoquiano – ele me encarou. – Um casal que cometeu suicídio juntos tinham essas marcas, uma em cada coração.
– Se lembra como era a marca?
– Lembro. Peraí – ele procurou por um bloco e uma caneta e escreveu a marca. – Essa aqui – estendeu o bloco. – Sabe enoquiano?
– Gabriel me ensinou, fez parte do treinamento. E essa aqui é marca do querubim.
– Querubim? – Dean se aproximou, abrindo uma cerveja.
– Vulgarmente conhecido como ''cupido'' – expliquei.
– Espera, tá dizendo que um cupido fez eles se matarem?
– Não, não, essa não é a função deles – franzi o cenho. – Essa marca nos corações de um casal basicamente significam que eles estão destinados a ficar juntos, entendeu?
– Então, tipo, o querubim foi lá, formou um casal... – Dean começou.
– Fome chegou na cidade e deixou os dois loucos a ponto de se matarem – Sam completou.
– Basicamente – concordei. – De qualquer forma, isso não nos aproxima de Fome.
– É, não, mas... – Sam pigarreou. – Eu segui um demônio que estava saindo do necrotério com uma maleta – ele se levantou, indo até sua cama e pegando a tal maleta preta, colocando-a em cima da mesa. – Não sabemos o que é, mas parecia ser importante.
– Você matou o demônio? – o encarei.
– Não – ele desviou o olhar, envergonhado, e eu entendia que matar um demônio poderia ser uma tentação ainda maior pra ele no estado em que estava ficando.
– Provavelmente já sabem que estamos aqui – suspirei. – Quanto tempo acham que a gente tem até virem nos pegar? – os entreolhei. – Porque eu duvido muito que sejam apenas dez cuidando dele agora.
– Então vamos atrás deles antes de virem atrás da gente – disse Dean. – Não temos tempo a perder.
– Tá, beleza – Sam assentiu. – E o que a gente faz com isso? – se referiu à maleta.
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Winds of Fortune
Fanfiction[sequência de Wayward] Depois de Lilith arrasar a família Winchester, levando a alma de Dean para o Inferno, Bella se vê sozinha em uma jornada de vingança, abandonada pelo cunhado que um dia considerou como um irmão. O que ela não sabia, sequer i...