73. More than enough

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-Maya? -Delphine chamou tentando conseguir a atenção da britânica, mas seus olhos estavam tão distantes que nem parecia que ela estava ali.

A loira sentou na pontinha do sofá segurando a mão dela e ainda chamando pelo seu nome algumas vezes, porém, continuou sem respostas. O olhar de Maya estava tão perdido e tão sem vida, que Delphine até acendeu a lanterna do celular pra ver se tinha algum retorno de suas pupilas, mas Maya segurou o braço dela antes que ela pudesse direcionar o celular ao seu rosto.

-Para com isso. O que você tá fazendo? -a voz da britânica saiu irritada e alta o suficiente pra alguém que nem parecia estar acordada.

-Eu fiquei preocupada. Por que você não me respondeu? Por que não atendeu o Benjamin quando ele chamou?

-Me deixa em paz, Delphine. Eu quero ficar sozinha. -Maya respondeu virando no sofá e dando as costas pra francesa.

-Você comeu alguma coisa? Porque parece que nem banho você tá tomando.

Delphine ficou de pé esperando por uma resposta, mas foi completamente ignorada. Ela passou a mão pelos cabelos algumas vezes pensando no que fazer e subiu até o quarto de Maya.

Sua primeira ideia foi ao menos saber como estava a rotina de remédios da britânica, então ela começou a procurar os medicamentos dentro do quarto. Algumas gavetas foram abertas, algumas portas do armário no banheiro também, mas foi na bolsa que ela achou um estojo com sete compartimentos e com os comprimidos da semana inteira separados. Quase todos os espaços estavam completos, o que significava que Maya não estava tomando nada desde o final de semana.

-Merde! -Delphine reclamou coberta de raiva e se sentindo bastante culpada por tê-la deixado tanto tempo sozinha.

A francesa desceu de volta pra sala com o estojo na mão e jogou em cima do centrinho. Maya olhou pra trás pra ver de onde vinha aquele barulho e revirou os olhos quando percebeu o que era.

-Por que você parou de tomar as medicações? -Delphine perguntou cruzando os braços.

-Eu tô bem, eu não vou sair de dentro dessa casa nem se eu quisesse. Por sorte eu sou movida a lítio e eu não tô tomando ele, ou seja, pelo menos por hoje eu não consigo levantar daqui.

-Maya, meu objetivo não é te prender aqui dentro. Apesar de ser um pedido da Rachel em caso de necessidade, mas ainda assim, eu jamais faria isso. Você pode ir embora quando quiser, mas não tomar seus remédios acarretam coisas bem mais sérias do que você desistir de ficar aqui. É melhor você lá fora medicada do que aqui dentro sozinha e fingindo que não precisa desses remédios.

Maya virou no sofá novamente e continuou deitada, mas dessa vez, de frente pra Delphine.

-Você não vai me responder mesmo? Eu tô falando com você. -Delphine insistiu.

Os olhos de Maya agora pareciam um pouco mais despertos, mas ela estava nitidamente fraca e nem conseguiu levantar o próprio corpo pra sentar no sofá.

-Droga. -ela disse pondo as duas mãos na cabeça como se sentisse tontura.

Delphine olhava pra ela naquela situação, depois pensava em si mesma, nas noites mal dormidas, no cansaço, na quantidade de problemas que ela tentava resolver e no desgaste psicológico que já estava mais que descontrolado.

-O que a gente tá fazendo, Maya? Nós duas vamos nos destruir desse jeito. -a loira tinha as mãos na cintura e andava de um lado pra o outro da sala antes de sentar no chão com as costas no sofá onde Maya estava.

-Quando eu não tomo os remédios, todos os meus pensamentos somem, minha cabeça fica vazia, totalmente oca. E apesar das vozes que aparecem me mandando fazer besteira, eu não ligo. É mais fácil do que enfrentar a realidade.

Reação Química (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora