20. Bullshit part 01

78 13 25
                                    


** Hospital Geral de Toronto - 27/12 às 4h15 da manhã **

Já estava perto de amanhecer quando Alison voltava depois de um cochilo escondida e encontrou Delphine em uma das saídas de emergência do hospital quase cochilando também.

-Delphine? Tá tudo bem? -Alison perguntou sentando ao lado da amiga no chão do corredor.

-Oi, Ali. Acho que está. -ela respondeu com a voz sonolenta.

Alison nunca tinha visto a francesa com tanta cara de cansada e de certa forma parecia até triste, ela praticamente dormia sentada no chão. Então ela insistiu no que havia acontecido e Delphine respondeu.

-Passei quase 12h seguidas no bloco cirúrgico. Foram duas cirurgias, a última de agora foi com Dr. Leekie, ele tirou um tumor imenso da coluna de um homem, se ele errasse qualquer coisa aquele homem nunca mais iria andar.

-Então você tá assim porque passou 12h em pé?

-Não é isso, Alison... Eu tô assim porque meu cérebro não descansou um segundo sequer, eu precisava aprender tudo, entender tudo o que estava acontecendo no paciente e ao redor dele, tudo é muito novo pra mim e daqui alguns anos vai ser eu ali, fazendo aquelas cirurgias.

-É, nisso você tem toda a razão...

-Você não fica com medo? -Delphine perguntava. -De quando for você abrindo o peito de alguém pra transplantar um coração?

-Eu não vejo a hora... -Por quê? Você tá com medo de abrir a coluna ou a cabeça de alguém?

-Eu não sei. -a francesa respondeu levantando a cabeça para olhar a amiga.

-Hmm. E você vai pra casa agora? -Alison perguntou se levantando.

-Ainda não, Dr, Leekie quer falar comigo antes de ir embora.

-Okay, eu vou terminar de checar meus pacientes e depois vou pra casa. Você quer que eu te espere?

-Não, não precisa. Geralmente ele demora muito pra me atender. É melhor você ir, qualquer coisa eu pego um carro. Mas mesmo assim, obrigada.

-Certo, cuidado na volta, você tá parecendo um zumbi de verdade.

-Okay, não precisa de preocupar. -falou. -Ah, Alison?

-Sim? -Alison olhou para trás.

-Não conta a ninguém que você me viu aqui assim, tá bom?

-E por que não?

-Porque senão eu vou ter que te matar e esconder o seu corpo.

-Credo. Você é tão esquisita, Cormier. Te vejo em casa. -ela disse quase fugindo de Delphine que deu um risinho antes da amiga sumir.

Com muito esforço Delphine tentava se manter acordada para conversar com Dr. Leekie antes de ir embora. Ela arrumou suas coisas e foi verificar se ainda precisavam dela no posto do andar antes de ir falar com o professor.

-Dra. Cormier. Tá indo pra casa também? -Dr. Leekie perguntava a Delphine enquanto assinava uns papéis na Enfermagem. Ela nem havia notado que ele estava ao seu lado e terminou levando um susto.

-Ahh. Oi, Dr. Eu achei que o senhor quisesse falar comigo antes.

-Queria, mas estamos cansados, é melhor deixar para outro dia. Posso te dar uma carona?

Delphine até tentou abrir os olhos melhor e se forçou a entender se ele tinha realmente lhe oferecido carona. Ele achou que ela não tinha ouvido e refez a pergunta. A francesa disse que não precisava várias vezes, mas ele insistia tanto que ela terminou se sentindo desconfortável em não aceitar.

Reação Química (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora