81. Am I this lucky?

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-PoV Cosima-

Descobrir que a detetive Childs era minha irmã, foi a maior queda que eu poderia levar naquele momento. Perder um trabalho de quatro anos foi difícil, mas aquilo parecia surreal, ela parecia se sentir tão próxima de mim, parecia realmente querer fazer parte da minha vida, mas eu não fazia ideia de que ela sequer existia.

Nos últimos dias eu vinha até me irritando bastante com ela por perseguir tanto Delphine, mas eu a entendia, ela não era próxima o suficiente de mim pra conhecê-la como eu conheço. Se Sarah não tivesse nos afastado, ela poderia ter sido uma grande aliada nesse caso, e não o motivo de Delphine estar ainda mais encurralada com a polícia.

A sensação que me invadia era horrível, Delphine não estava mais comigo, a vida da família dela inteira estava de cabeça pra baixo, assim como a minha. E eu ainda tinha outra irmã disposta a tudo só pra prender Delphine. Uma verdadeira bagunça...

Apesar de conhecer muito bem o coração bom da senhora S, eu me senti uma impostora quando a Sarah falou que fugiu comigo de casa e não que fomos deixadas no lar adotivo como eu pensava. Era óbvio que nada mudaria na nossa relação de mãe e filha, mas eu não consegui olhá-la, eu tive tanta vergonha que precisei ir embora.

Claro que eu também não me sinto pronta pra conversar com nenhuma das minhas irmãs neste momento, mas eu só fui embora por vergonha. De repente, era como se eu não me encaixasse em nenhum lugar mais.

Provavelmente eu devo ter passado horas andando sozinha, o sol ainda estava se pondo e eu tinha acabado de notar que na verdade eu estava numa praça bem conhecida, mas muito longe de casa. Como eu cheguei ali tão rápido? Não faço a mínima ideia, mas eu estava ali e me sentia perdida no meio de tantas escadas que nos direcionava até um dos rios da cidade.

Haviam várias pessoas aglomeradas em diversos grupos sentados pelas escadarias, e eu saí desviando deles enquanto descia até a margem. Chegando lá, eu me decepcionei ao ver que ainda existia uma pequena faixa de areia até a água, procurei a escada mais próxima pra descer, por ser um pouco alto, e finalmente consegui ficar a um passo do rio.

Apesar de começar a escurecer, eu ainda conseguia ver o meu reflexo na água, até então eu não sabia o quanto eu estava assustava, mas me olhando daquela maneira, ficou óbvio que eu estava aterrorizada. Eu me sentia inútil e sozinha, nem com a minha família eu podia contar naquele momento e eu não fazia ideia de pra onde eu poderia ir.

-É um pouco perigoso ficar aqui embaixo sozinha. -ouvi alguém dizer bem próximo de mim e foi inevitável não levar um susto.

A primeira coisa que me chamou atenção na pessoa, foram as tatuagens. Mas a voz e o sotaque não deixavam enganar.

-Maya? -perguntei me afastando um pouco dela.

-Oi, desculpa te assustar. Não foi a intenção. -ela respondeu olhando rapidamente para os lados.

-Como você me encontrou aqui? O que você quer?

-Não precisa ficar assustada, Cosima. Eu tava sentada na escadaria aqui perto quando vi você descendo. Como eu sei que é um pouco perigoso e você demorou a voltar... só vim ver se tava tudo bem.

-Seria bem cômico se eu não tivesse tão... tão sem paciência hoje. -respondi. -É por sua culpa que a minha vida tá desmoronando e agora você vem me dizer que queria saber se tava tudo bem comigo? É claro que não tem nada bem, Maya. Tá tudo muito longe de tá bem.

-Sobre isso... acho que eu te devo desculpas. -ela me disse parecendo envergonhada.

-Eu não sou de fazer cobranças, mas você me deve bem mais que um simples pedido de desculpas.

Reação Química (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora