95. Bônus 08

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-PoV Cosima-

-ALGUNS MESES DEPOIS-

Ser mãe com certeza foi a coisa mais desafiadora que já passou pela minha vida, ou melhor, ainda está sendo.

Ter a responsabilidade integral por duas coisinhas tão pequenas é assustador ao mesmo tempo que gratificante.

Eu ainda acho que estar passando por um processo de adoção nesse exato momento das nossas vidas é loucura. Mas, o que podemos fazer se eles chegaram mais cedo? É tipo quando uma mulher tá esperando o nono mês pra o bebê nascer e ele resolve nascer com sete meses. A mãe ainda tá arrumando o enxoval, assistindo milhares de vídeos sobre amamentação, primeiro banho, troca de fraldas... mas a criança chega bem antes disso. E a partir daquele momento ela dá o melhor de si e aprende essas coisas dia após dia.

É mais ou menos isso o que eu e Delphine estamos passando. Talvez mais eu, porque minha esposa além de ser pediatra ela já estava contando os segundos pra virar mãe. Mas de qualquer forma, nunca ninguém tá cem por cento pronto pra tamanha responsabilidade.

Conseguir a guarda provisória do Oscar e da Gemma foi no mínimo uma guerra com a justiça. A nossa sorte foi que tínhamos um grupo enorme de pessoas nos ajudando e nos dando a maior força, então conseguimos e prefiro deixar o passado no passado.

Meus filhos agora têm duas mães, uma madrinha, que é a Alison, várias tias, duas avós babonas, prima, um avô chefe de cozinha que sempre que está no Canadá prepara os melhores doces pra eles e um avô ausente, que é o meu pai e não esperávamos nada além disso.

No começo eu tinha muito medo de ser uma péssima mãe pra eles por questões culturais e religiosas, mas hoje, quando olho pra os dois, eu tenho certeza absoluta que eles foram enviados pra gente.

As vezes eu sinto que Delphine duvide um pouco disso, porque o Oscar ainda não consegue falar com ela, minha esposa insiste que sua presença faz mal a ele e isso vem acabando com ela aos pouquinhos. Mas pelo menos ao meu ver, ele nem precisa falar pra eu saber que aquilo não é verdade, eu consigo ver de longe o quanto os dois gostam dela. Talvez seja até hipocrisia minha, já que o Oscar fala comigo, poucas palavras, mas fala, porém com Delphine, ele nunca direcionou uma sílaba sequer.

Especialmente hoje, eu cheguei bem tarde do trabalho. Laboratório costuma ser tipo shopping sem iluminação externa, então você nunca sabe quando escureceu e termina perdendo a hora.

A parte ruim foi que eu terminei perdendo o jantar com a Del e as crianças, mas tentei compensar ficando um tempinho com eles no quarto brincando.

Gemma tá aprendendo a ler agora, então ela gosta de qualquer coisa que envolva palavras e o Oscar, esse adora qualquer brincadeira da irmã.

Passar o mínimo de tempo com eles já compensa toda e qualquer dor de cabeça com burocracias e me estimula a sempre lutar pelo melhor pra os dois.

-Gemma, cadê sua bolsa do balé? Já tá pronta? Amanhã vamos sair bem cedo.

-Já! A mamãe Del arrumou tudinho antes do jantar.

-Hum, então tá bom. Essa sua mãe não perde tempo.

-Ela disse que falta só a meia "puquê" a minha rasgou.

-Ah, foi? Não tem problema, amor. Amanhã a gente compra outra no caminho, pode ser?

-Uhum, pode. Eu também "quelia" outro lacinho pra o cabelo. -ela pediu colocando as mãozinhas exatamente onde fica o coque.

-Outro? E onde tá o seu?

Reação Química (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora