51. Freedom

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Delphine levantou da mesa um pouco atordoada e sem saber exatamente o que respondia as perguntas que lhe eram feitas. Ela apenas se esforçava em dizer coisas básicas e afirmar que tudo estava normal.

Assim que entrou no banheiro, a primeira coisa que ela fez foi lavar suas mãos, elas estavam suando de uma maneira que nunca acontecia. Seu suor era frio e sua mente dava indícios de querer apagar, com certeza sua pressão havia abaixado de uma vez, mas ela sabia que resistiria, ali não era lugar nem momento de se permitir desmaiar.

Depois de respirar fundo algumas vezes, ela saiu do banheiro e percebeu que Cosima e Scott estavam entretidos em alguma conversa, enquanto Felix ainda se deliciava com a sobremesa, então ela aproveitou aquele momento de distração e foi até o garçom que atendia a mesa deles pedindo novamente o cardápio. Seus olhos percorreram as sobremesas mais uma vez e as pontas de seus dedos marcavam um sobrenome que assinava algumas daquelas iguarias como LeBreux.

-A senhorita não gostou daquela sobremesa? Quer escolher outra? Eu tô vendo que seu amigo quem está comendo...

Delphine ficou calada, um pouco perdida em pensamentos e ele a olhava ainda esperando por uma resposta.

-Pode escolher, é por conta da casa. -garantiu.

-Ah! Não é isso. Desculpe. Na verdade eu gostei tanto da sobremesa que queria parabenizar o chefe. Será que isso é possível?

-Eu posso ver se ele está desocupado, mas essa noite a cozinha tá uma loucura. Mas mesmo assim eu vou falar com ele.

O garçom entrou na cozinha e Delphine ficou aguardando impaciente por apenas três segundos e cansou. Ela entrou na cozinha mesmo sem permissão e foi a procura do garçom, ela o viu conversando com o chefe que dizia que tentaria ficar livre em alguns minutos quando foi pega por ter entrado sem permissão.

-Senhorita? Você não pode ficar aqui dentro, ainda mais sem touca e com os cabelos soltos. -um funcionário lhe dizia tão apressadamente que chamou atenção de várias outras pessoas que trabalhavam, inclusive do garçom e do chefe que conversavam logo a sua frente.

O rapaz voltou com pressa até Delphine repetindo que ninguém poderia ficar ali e tentava educadamente fazê-la se retirar do local, mas a francesa nem se mexia.

-Delphine? -a voz do chefe era de surpresa, mas ao mesmo tempo tinha um fundo de felicidade.

-Oi pai.

-O-o que você faz aqui? -ele gaguejou.

-Eu só queria ter certeza. Minúsculos cristais de banana caramelizada e escultura em isomalt com essências na medida certa de canela e cardamomo. Eu reconheceria esses sabores em qualquer lugar do mundo, você me ensinou a fazer isso e eu também sei que essa receita é patenteada. Então, ou era você, ou tinha alguém usando sua ideia.

Antoine Cormier ficou parado sem resposta, eram dez anos sem ver a filha e sem ouvir sua voz, a última vez que eles se viram ela era só uma adolescente que chorava desconsolada por ter que ir embora de Toronto, agora ele via uma mulher na sua frente, com uma postura séria e confiante igualzinha a sua. Na verdade, uma mistura perfeita dele e da Anne Cormier.

-LeBreux? Você agora assina assim? Tá se escondendo de alguém de novo? -Delphine quebrou o silêncio.

O chef olhou para os lados assustado, praticamente a cozinha inteira encarava os dois e ele achou que ir pra outro lugar seria melhor. Delphine não pouparia palavras e ele não queria prejudicar seu emprego.

-Não toca em mim! -a loira disse quando percebeu que ele iria segurar seu braço.

-Delphine, eu não tô fazendo nada de errado mais. Você sabe que LeBreux é o meu segundo nome, eu só decidi recomeçar esquecendo um pouco o Cormier, eu não tô me escondendo de ninguém, eu juro. Por favor, vamos conversar em outro lugar. -Antonie sussurrava garantindo que só Delphine o ouvia.

Reação Química (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora