Reação Química (Cophine)

90. Bônus 03

-PoV Cosima-

Eu não gosto de ser aquele tipo de pessoa que fica presa ao passado, mas com certeza eu não tenho facilidade de deixar de lado alguns traumas. Ou melhor, não acho que isso seja fácil pra ninguém, mas eu me culpo muito sempre que duvido de Delphine por conta de tudo que já passamos. Mesmo sabendo que ela não merece minha desconfiança.

Nós duas passamos quase três meses organizando nosso casamento pra que ele fosse perfeito e agora que esse dia chegou, Delphine está absurdamente atrasada. Todos os convidados estão esperando, a produção do evento não para de perguntar por ela e Felix que era o responsável em ajudar Delphine a se arrumar, nem atende o celular.

Eu sei que noivas geralmente se atrasam, mas minha cabeça inventou toda uma história de que mais uma vez ela foi embora e me deixou.

Talvez isso não faça sentindo nenhum pras outras pessoas e foi até por isso que eu não contei a ninguém sobre esse meu medo, mas eu não conseguia pensar em outro motivo pra ela sumir daquele jeito.

Depois de ter descontado todo meu estresse na minha mãe e em todo mundo que ousava entrar na sala onde eu estava, finalmente fiquei sozinha. O lugar funcionava como um tipo de camarim e tinha espelhos por toda parte.

Eu me sentia tão estressada, que até olhar meu próprio reflexo era irritante. Eu estava vestida com um macacão branco social, levemente maquiada e com um coque tão bem feito que parecia que eu havia colocado dreads só para fazê-lo.

O decote da minha roupa era bem cavado e eu pensei que ficaria desconfortável com ele, mas eu lembrava o quanto Delphine me elogiava quando eu usava roupas assim, então me senti até mais confiante, já que eu havia me arrumado especialmente pra ela.

Porém, toda minha confiança foi se perdendo quando comecei a pensar que eu havia sido deixada pra trás antes mesmo de chegar no púlpito.

-Pelo menos não passei por essa humilhação. -pensei.

-Cos? -ouvi alguém bater na porta da sala e fui com pressa atender achando que Delphine havia chegado.

Beth me olhou com um semblante preocupado, mas depois que ela me viu vestida de branco, seus olhos brilharam e ela sorriu do mesmo jeitinho que minha mãe tinha feito algumas horas antes.

-Posso entrar? -ela pediu parando seu olhar no meu.

-Ela ainda não chegou, né? -perguntei sinalizando pra que minha irmã entrasse na sala.

Vi quando ela escondeu seu sorriso e negou com a cabeça respondendo a minha pergunta. Senti um nó imenso na garganta e uma vontade súbita de chorar, mas Beth se apressou fechando a porta e não deixou que isso acontecesse.

-Algum imprevisto aconteceu, Cosima. É claro que Delphine vai vir, você não tem com o que se preocupar. -ela disse segurando minhas mãos e mantendo minha atenção em seus olhos.

-E por que ela não avisa? Não custava nada fazer uma ligação.

-Ela pode ter esquecido o celular em casa e o Felix pode ter tido algum problema com o dele, eu não sei... talvez eles estejam nervosos também com o imprevisto e nem tenham lembrado de ligar.

-Eu odeio essa espera, Beth. Se não fosse por todos os convidados que já estão aí, eu desistiria agora mesmo.

-Não!! De jeito nenhum. Desistir não é uma opção, Cosima. Todo mundo lá fora tá conversando e se distraindo, não tem ninguém reclamando. Então se acalma, ela vai chegar.

-Que droga! Por que nada pra gente é fácil??

-Porque coisas fáceis não tem graça. Quando você entrou pra polícia, suas aulas de tiro foram inesquecíveis, não foram? E nada fáceis... -Beth disse num tom mais leve amenizando minha aflição.