61. Sorry, Cosima

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Delphine encerrou a ligação com Nina e foi até a cozinha onde Maya preparava algumas torradas. Por mais que a francesa tentasse disfarçar, sua expressão era tão angustiante, que ela parecia até sentir alguma dor física. Ela andou um pouco inquieta pela cozinha e nem sabia ao certo como agir sem parecer tão agitada.

Maya estava de costas pra Delphine terminando de por algumas tigelas na mesa e a loira aproveitou pra beber um pouco d'água enquanto tentava se acalmar antes de ocupar um lugar na mesa.

-Algum problema na ligação? -Maya perguntou sentando de frente pra Delphine e percebeu imediatamente que ela estava abalada.

-Não sei nem o que te dizer. Parece que tudo tá virando problema agora. -Delphine respondeu passando geleia em uma torrada com tanta força, que ela até quebrou sem querer.

-É algum problema com a Susan? -Maya tinha certa cautela em sua voz com receio de deixar Delphine ainda mais agitada.

-Ah, não. Minha avó tá respondendo bem aos medicamentos. O problema é o meu pai, ele resolveu voltar pras nossas vidas, justo agora...

-Sério? O seu pai? -a britânica arregalou os olhos largando a comida que segurava nas mãos. -De verdade mesmo? E como ele tá? Vocês tão se falando? Ele tá lá no hospital agora?

Delphine gaguejou nervosa sem saber como começar a responder a todas aquelas perguntas feitas uma por cima da outra e Maya se desculpou servindo elas com um pouco de chá.

-Desculpa minha reação, é que desde que eu te conheci que o seu pai já estava sumido. E isso tem o quê? Uns dez anos?

-Exatamente. Mas eu já tinha encontrado com ele antes, quando fui a Paris nas férias. Sendo que eu não consegui falar com ele e ele também não me procurou mais. Agora eu liguei pra Nina pra avisar do meu atraso e ela disse que ele tá lá e ainda falou que veio pra ficar.

-E o que você acha disso? Você tá feliz porque ele voltou? -agora Maya parecia atenta a sua resposta e a encarava segurando a xícara do chá.

-Eu realmente não sei. -Delphine respondeu. -De início não me parece uma boa ideia ele voltar assim de supetão, mas ter o filho de volta era a coisa que a minha avó mais desejava, então eu quero muito ficar feliz por ela. Mas, eu não conheço mais aquele homem, por mais que ele seja uma pessoa importante pra mim, eu não consigo confiar nele.

-Eu te entendo completamente. -Maya até deu um gole demorado em seu chá e parecia triste enquanto lembrava de todo o fiasco que era sua história com a Rachel.

-E eu tô aqui falando só de mim, né? Mas e você? Desculpa por aquela minha ideia...

-Você não tem porque se desculpar, Delphine. Fomos nós que prejudicamos vocês. E eu sinto muito por as coisas terem chegado a esse nível.

-Eu também. Principalmente porque me parte o coração ver Cosima tão perdida, trabalhando do zero em algo que ela já tinha feito e ainda vendo minha mãe trabalhar dia e noite pra consertar uma situação que eu acho que ela nem imagina a origem.

Maya confirmou visivelmente triste e parecia tão arrependida que não parava de se desculpar.

-Me desculpa também ter sido tão covarde e não ter contado a verdade desde o início.

Delphine olhava nos olhos de Maya e ela sentia que havia sinceridade neles, mas estava cedo demais pra ela desculpar alguém naquela história toda. Então, ela optou por mudar de assunto.

-E como foi quando você descobriu que a pesquisa tinha sido vazada?

-Pra ser bem sincera com você, de início a única ficha que caiu pra mim foi de que eu tinha sido enganada pela Rachel, eu me recusei a acreditar, mas comecei a lembrar do interesse que ela tinha pelo meu trabalho, pelo jeito dela extremamente reservado e óbvio, porque eu sabia que ela não era gay. Mas, sei lá, tudo pareceu acontecer tão naturalmente, a forma como a gente se conheceu... como as coisas rolaram e como ela se tornou essencial na minha vida e na minha recuperação. Confesso que no fundo eu sentia que tinha algo errado, ela sempre foi muito misteriosa, mas eu achava que ela poderia sumir com algum homem depois de ter só se aventurado comigo, mas era tudo muito pior e eu não fazia a menor ideia. Quando eu descobri, terminei com a Rachel na hora, ela passou o dia tentando falar comigo e eu estava certa de contar tudo pra sua mãe, mas eu tive medo.

Reação Química (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora