93. Bônus 06

44 4 6
                                    


-PoV Delphine-

-Del, o que foi que aconteceu? Por que você tá assim? -Cosima perguntou sentada ao meu lado e tocando meu rosto.

-Eu fiz uma coisa que você não vai gostar nada, Cos. Me desculpa. Eu tentei fazer o certo, mas o certo parecia tão errado.

-Amor, eu não tô entendendo nada. Me explica melhor. O que foi que aconteceu pra você ficar assim tão assustada?

-Senta aqui comigo, por favor. -pedi trazendo ela pra o meu lado e lutei internamente comigo mesma pra começar o assunto da melhor maneira possível. -Escuta, eu não quero mentir pra você, okay? Nem te esconder nada. Mas talvez... pela sua profissão... seja mais seguro você não saber.

-Meu Deus, Delphine. Agora fui eu que fiquei assustada. Me conta logo o que aconteceu. Nós somos casadas, independente do que for, eu já tô nisso com você.

-Merde! -falei me sentindo horrorizada só com a ideia de ter que repetir tudo.

-Delphine, por favor. Você tá me matando aos pouquinhos. -Cosima insistiu.

-Tá bom, desculpa. Eu vou explicar. Tudo começou quando a Alison me pediu ajuda lá no Hospital Público pra cuidar de duas crianças que ela já tava atendendo, uma delas eu operei por uma complicação no intestino e a outra criança está ótima. Eles são irmãos, a menina que passou pela cirurgia tem quatro anos e o irmão dela tem sete, a Ali já tinha me pedido ajuda pra dar um diagnóstico mais complexo pra o Oscar pra ele não ter alta, porque eles dois são refugiados da guerra que tá tendo no Paquistão, então assim que qualquer criança recebe alta, ela já é levada pela polícia estrangeira pra algum abrigo.

-Puta merda, Delphine. Você aceitou essa loucura?

-Não. De início eu ouvi o seu conselho, quando conversamos lá no restaurante, eu juro que fiz o certo, não aceitei ajudar eles nessas condições. Mas Cos... quando levaram o Oscar, eu... eu nem pensei, eu só corri atrás dele igual uma louca e trouxe ele de volta. Mesmo que pra isso eu já soubesse que precisaria mentir no prontuário.

-Delphine, se alguém te pega, você pode ir presa por tantos motivos. Você pode até perder a sua licença...

-Eu sei, Cos. Mas que tipo de ser humano eu seria se deixasse que separassem esses irmãos? Como a Gemma iria ficar? Ela ainda nem se recuperou da cirurgia, tadinha. Ela não tem mais ninguém além dele.

-Que merda, Delphine. E agora? Até quando você vai sustentar isso? Uma hora eles vão ser levados e provavelmente separados.

-Eu vou pensar em alguma coisa, mas não pretendo deixar isso acontecer. Você tá muito brava comigo?

-Brava? Não. Eu tô com muito medo, Del. Eu não quero que nada de ruim te aconteça. Minha vontade ainda é de brigar com você por se arriscar tanto, mas se algo assim tivesse acontecido comigo e com a Sarah nessa idade, eu iria agradecer ter tido uma Delphine na minha vida. No fundo eu me sinto grata pelo que você tá fazendo por eles, mas ao mesmo tempo, eu tô muito assustada. Sua motivação é linda, perfeitamente compreensível, mas você cometeu um crime.

-Eu vou dar um jeito nisso, eu prometo. Você me desculpa? -falei apressadamente.

-Não precisa se desculpar, meu amor. Eu sabia onde tava me metendo quando casei com a mulher que tem o maior coração desse mundo. Só me promete que vai ser cuidadosa? E me promete que vai fazer o possível pra sair disso e não continuar mentindo pra ninguém?

-Eu prometo. Foi uma atitude impensada, mas eu vou consertar tudo. Amanhã vou ter uma conversa séria com a Alison e vamos ter que encontrar alguma saída.

Reação Química (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora