-PoV Delphine-
Depois de 35 pacientes atendidos, pedi 5 minutos pra beber uma água e comer qualquer coisa, fazia tempo que eu não desejava fumar um cigarro, mas o excesso de trabalho deixava aquele fumo tão danoso extremamente atraente. Fui até os fundos do hospital pra respirar um ar enquanto engolia uma maçã e haviam tantos fumantes que preferi voltar e comer no corredor. Com o cansaço que eu estava, não seria nem um pouco fácil resistir a um cigarro.
Por alguns segundos pensei em sentar um pouco, talvez cochilar 15 minutos, mas eu ouvi de fundo o barulho agoniante do hospital lotado e me senti culpada por já ter ultrapassado meus 5 minutos de descanso.
-A tempestade tá piorando. -uma enfermeira falou ao passar do meu lado e parou tirando uma caixa de cigarros do bolso. Parecia que todo mundo naquele lugar fumava, menos eu.
-Acho melhor eu voltar lá então. -falei antes que ela ousasse me oferecer.
Passei pela sala de espera antes de entrar na minha sala e tinha tanta gente que me perguntei onde estava o glamour que as séries médicas de TV nos prometem.
Senti um enjoo forte quando entrei na minha sala e minha cabeça girou pesadamente me alertando que aquele cansaço me mataria muito em breve. Mas eu ainda tinha algumas horas de trabalho pela frente... não tinha tempo pra passar mal.
Fiquei me perguntando se Cosima havia conseguido pegar as crianças na escola ou se elas estariam sozinhas e aquilo me deu um pouco de pânico. Oscar fica sempre assustado com essas coisas depois de ter vivenciado uma guerra, e eu morro de medo que ele tenha algum problema de comunicação de novo, ou pior, mais algum trauma.
Eu tinha acabado de pegar meu celular pra falar com Cosima quando uma enfermeira entrou na minha sala com mais um paciente. Um bebê estava com a mãozinha machucada e a mãe dizia que foi o carrinho que virou no chão por conta do vento enquanto ela colocava a outra filha dentro do carro.
Aquilo mais uma vez me fez lembrar dos meus filhos e eu atendi aquele paciente pedindo ao universo que minhas crianças estivessem seguras em algum lugar.
Normalmente, eu deveria mandar o bebê pra o raio-x e atender outra pessoa nesse tempo, mas a mãe estava tão nervosa que mal conseguia entender onde ficava a sala dos exames, então eu a acompanhei e ajudei no preparo do bebê.
Assim que pegamos a imagem, voltamos pra minha sala e constatei que além dos arranhões, o bebê não tinha nenhuma fratura, apenas uma luxação, mas que precisava de cuidados muito específicos. Como a mãe estava muito nervosa, tentei escrever todas as recomendações num pedaço de papel, mas a porta do consultório foi aberta tirando minha atenção.
-Eu tenho uma pessoa que precisa ser atendida agora! -o policial que logo reconheci de onde era falou grosseiramente assustando até a mãe que já estava nervosa o suficiente.
Já tinha alguns meses que Cosima falava mal daquele homem quando chegava em casa, e ela tinha toda a razão, ele era mesmo arrogante.
-Boa tarde. Seu paciente tá sangrando? -perguntei.
-Não, mas como houve uma troca de tiros, você precisa atender ele antes da gente ir pra delegacia. Todos os outros médicos estão em cirurgia, me informaram que só tem você atendendo no momento.
-Tudo bem, eu atendo seu paciente assim que eu liberar o meu. -disse olhando pra mãe com o bebê na minha frente e depois pedi gentilmente que ele aguardasse do lado de fora.
Por lei, nós médicos temos o dever de atender pacientes que foram presos e que precisam de liberação médica pra isso. Esses "bandidos" possuem atendimento preferencial até pela segurança de quem está no hospital esperando ser atendido. Mas como uma boa conhecedora da lei, eu sei que se o paciente não estiver com risco de morte, ele pode aguardar um atendimento que já estava acontecendo.
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Reação Química (Cophine)
Fanfiction[CONCLUÍDO] "Quando você precisa fazer escolhas difíceis, as coisas complicam. O que você consegue deixar para trás? Você já se perguntou se está pronto para as consequências de suas escolhas? Certo ou errado, você tem que decidir pelo que está disp...